Miguel Tilli, fundador da HomeLovers, analisa as tendências de mercado em entrevista ao idealista/news.
Comporta
Créditos: CC BY SA 2.0. by Vitor Oliveira e HomeLovers

O mercado imobiliário premium em Portugal tem vivido fortes transformações ao longo dos anos. Seja pelo perfil e nacionalidades de quem deseja viver e investir no país, seja pelas localizações e respetiva atratividade. As grandes cidades continuam a dar cartas no segmento de gama alta, contudo, nos últimos anos, outras áreas têm revelado todo o seu potencial. É o caso da Comporta, destacada como um destino de luxo de eleição para investidores imobiliários, ganhando ímpeto como os “Novos Hamptons” de Portugal, segundo explica o fundador da HomeLovers, Miguel Tilli.

Com praias selvagens, baixa densidade habitacional e projetos arquitetónicos exclusivos, esta zona do distrito de Setúbal - a menos de uma hora e meia de Lisboa em carro - atrai personalidades de renome mundial, sendo um dos mercados mais desejados para estrangeiros e nacionais que procuram imóveis de alta qualidade em cenários idílicos, algo que tem motivado “uma escalada quase meteórica nos preços”, segundo o especialista.

“Nos últimos anos, a zona da Comporta tem experienciado um conjunto de resorts de luxo com uma arquitetura diferenciada, muito própria da região e que atraiu importantes personalidades mundiais, tendo sido recentemente apelidada de os “Novos Hamptons””, aponta o responsável da mediadora, que está consolidar a sua presença na zona com o projeto “Casas do Sal”. 

De acordo com Miguel Tilli, e apesar das mudanças legislativas que afetam os benefícios fiscais e os golden visas, o mercado de luxo mantém-se atrativo, atualmente, com procura crescente por parte de brasileiros, americanos e europeus.

casas de luxo
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Quais são as principais tendências que têm observado no mercado imobiliário de luxo em Portugal nos últimos anos, e como é que a HomeLovers tem procurado adaptar-se a elas?

De há alguns anos a esta parte observamos uma procura muito forte no centro de Lisboa, Cascais e Porto, e concretamente na parte histórica dessas cidades. Estas zonas sempre foram as eleitas dos compradores das casas de luxo. No entanto, aos dias de hoje a procura estendeu-se para zonas mais periféricas e em muito dos casos, até rurais. A HomeLovers através da sua presença na Comporta tem vindo a atender de forma mais abrangente esta nova tendência que se tem alargado a muitas regiões do Alentejo, Algarve e Douro.

O que diferencia a HomeLovers neste segmento?

Aquilo que diferencia a HomeLovers das demais concorrentes deste segmento tem essencialmente a ver com o tipo de propriedades que detemos no nosso portfólio e também no facto de a HomeLovers ter uma equipa multidisciplinar que apoia os seus clientes não só na compra, como também em projetos mais abrangentes, como seja de arquitetura e obras de remodelação.

O mercado de luxo no país tem atraído cada vez mais compradores estrangeiros. De que nacionalidades? E vêm à procura de que tipo de imóveis/negócios?

É verdade, sim, que cada vez mais os estrangeiros são quem mais pagam pelas casas em Portugal, tornando inclusive a maior parte delas quase de impossível acesso aos compradores nacionais.

De entre as nacionalidades que mais destacamos são os brasileiros e os americanos, sendo crescente a procura por parte de zonas em conflito de guerra nomeadamente da Europa de Leste e Israel. O mercado asiático, apesar do fim dos golden visa por aquisição imobiliária, continua a ter bastante procura.

Douro
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E o cliente nacional, o que prefere na hora de investir neste segmento?

O cliente nacional procura essencialmente espaços modernos - não tanto no centro histórico - onde o conforto e as áreas generosas são fatores decisivos. Têm fugido dos centros históricos pela dificuldade de acessos, em estacionar e pela crescente presença de turistas. 

O que distingue Portugal de outros destinos?

A segurança é um tema (ainda) muito presente nas escolhas dos estrangeiros. Esperemos que assim se mantenha. Mas o clima, a gastronomia e a simpatia com que recebemos quem nos visita são fatores determinantes.

Estão envolvidos num novo projeto na Comporta. O que é que esta zona tem de tão especial? Como é que evoluiu ao longo dos últimos anos? Em termos de projetos, preços…

A zona da Comporta e no caso do nosso projeto em Alcácer do Sal, distingue-se essencialmente pelo acesso a kms de praias quase selvagens, pela fraca densidade de construção e pela sua exclusividade, apenas acessível a poucas bolsas. Nos últimos anos, a zona da Comporta tem experienciado um conjunto de resorts de luxo com uma arquitetura diferenciada, muito própria da região e que atraiu importantes personalidades mundiais, tendo sido recentemente apelidada de os “Novos Hamptons”. 

Casas do Sal
HomeLovers

Tem havido uma escalada quase meteórica dos preços, sendo que esse argumento serviu de base à conceção do nosso projeto, as “Casas do Sal” bastante mais acessível nessa matéria, e que torna possível a sua aquisição pela classe média portuguesa e de muitos outros estrangeiros que desejem viver ou investir num produto com excelente relação qualidade/preço.

Que outras zonas do país destacariam com potencial na área do luxo? O que as torna particularmente atrativas?

Sem dúvida o Algarve e a região do Douro e muitas outras zonas litorais que se estão a desenvolver na zona Sul de Portugal, com especial destaque para a zona de Melides.

A personalização é um aspeto-chave no mercado de luxo. Como garantem uma experiência personalizada e diferenciada para quem vos procura?

Aquilo que nos diferencia e que tento transmitir à nossa equipa comercial é de que apresentem aos clientes apenas aquilo que procuram, que sejam o mais coerente possíveis relativamente aquilo que lhes é pedido. Este tipo de cliente é um cliente muito informado e exigente, muitos deles com ativos imobiliários em várias partes do mundo, pelo que é essencial ir ao encontro das suas pretensões e assim ganhar a confiança.

Algarve
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Qual é o papel das novas tecnologias, como a realidade virtual e a inteligência artificial na forma como a HomeLovers apresenta os imóveis e interage com os clientes?

Sendo a HomeLovers a empresa de mediação imobiliária com mais seguidores nas redes socais em Portugal levamos este tema do digital muito a sério. Conseguimos hoje em tempo real responder a qualquer lead em segundos com base na AI, que veio sem dúvida revolucionar o tema do costume care.

O imobiliário em Portugal tem passado por várias alterações legislativas. Como avaliam o impacto dessas mudanças no segmento de luxo?

As incertezas são um dos principais fatores de dissuasão de qualquer comprador/investidor, sobretudo, quando se trata de temas como impostos e atribuição de nacionalidade através de investimento. Durante vários anos muitos investidores de luxo conciliavam o investimento com determinados benefícios fiscais ou mesmo aquisição de um passaporte para circular livremente no espaço Schengen, o que neste momento já não é possível.

No entanto, apesar de se fazer sentir esse abrandamento, especialmente de compradores asiáticos, o mercado de luxo mantêm-se ativo, beneficiando essencialmente de compras realizadas por brasileiros e norte-americanos.

Quais são os próximos passos e objetivos estratégicos da HomeLovers para o futuro?

A grande novidade para o início do ano de 2025 prende-se com uma parceria em cobranding entre a HomeLovers e a prestigiada marca de mediação imobiliária WEICHERT REALTORS, uma das maiores empresas americanas do setor do real estate, com mais de 450 escritórios implementados em quase todo o seu território. Foi uma resposta da HomeLovers à crescente procura residencial pelos americanos no nosso país.

Muito importante também em termos estratégicos foi o acordo com a maior agência/portal imobiliário asiático Jwai IQI que confere à HomeLovers uma presença única e inigualável nesse mercado. Paralelamente, a nível nacional, temos as recentes inaugurações dos nossos novos escritórios em Lisboa, em Belém, e no Porto junto à Avenida da Boavista.

casas de luxo
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Finalmente, consolidar a vertente de promoção imobiliária, do qual destacamos o projeto “Casas do Sal”, já em comercialização, e dois outros novos projetos: um na zona histórica do Montijo e outro no coração da Lapa com oito apartamentos únicos e com preços muito interessantes e competitivos.

Que conselhos dariam a alguém que deseja investir no mercado imobiliário de luxo em Portugal, especialmente neste momento de incerteza económica global?

Em primeiro lugar, e dada a escalada de preços dos últimos anos, talvez aconselhar a comprar um pouco fora dos grandes centros urbanos onde exista ainda alguma margem para que os investimentos realizados consigam alguma mais-valia significativa.

Lisboa
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No entanto, é sempre aconselhável manter o foco no centro das principais cidades, como Lisboa e Porto, onde os investimentos são sempre seguros.

Por fim, a compra de um terreno para quem quiser fazer a casa à sua medida é sempre uma hipótese para aqueles que não tenham urgência em mudar-se para o nosso país.

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