Experiência, conforto ou autenticidade: todos sinónimos de luxo no imobiliário. Hoje o foco está na “essência”.
luxo
Freepik

No mercado imobiliário, o conceito de luxo vai muito além do preço ou da localização privilegiada. Das ideias feitas de ter dourados ou mármores nos interiores, ou do ter de ser e parecer caro. Hoje em dia, o verdadeiro luxo é definido por uma experiência diferenciadora, onde a exclusividade, a personalização e a qualidade de vida se tornam os pilares essenciais. Os imóveis de alta gama não são apenas espaços para viver, mas sim verdadeiros refúgios que combinam design sofisticado, tecnologia e serviços premium, mas também sustentabilidade. São espaços que têm de ser o reflexo do estilo de vida do comprador, que pode ser mais ou menos simples, arriscado ou conservador. O foco está, sobretudo, no ser autêntico e nada artificial. Mas, afinal, como definir o luxo imobiliário? O idealista/news ouviu vários players de mercado sobre o tema. 

A nova “cara” do luxo”

  • Da autenticidade à experiência

“Atualmente, o luxo está mais focado numa experiência de vida diferenciadora, que responde a várias layers, como design, sustentabilidade, exclusividade e serviços premium, como o concierge. Os imóveis deste segmento são, cada vez mais, espaços que combinam funcionalidade com um estilo de vida distinto, seja através de materiais de alta qualidade, integração tecnológica avançada ou a localização estratégica que complementa as necessidades do comprador”, defende Telmo Azevedo, Co-Head of Residential JLL Portugal. 

Para Jorge Costa, COO da Quintela e Penalva I Knight Frank, o luxo é um “conceito bastante difícil de definir pois varia de pessoa para pessoa”. “É um pouco como os gostos, mas diria que o luxo atualmente está cada vez mais associado a uma visão aspiracional que remete mais para a comodidade, autenticidade e simplicidade”, salienta. Uma visão partilhada por Paulo Trapola, Head of Real Estate Investments/Advisor da Exclusive Lisbon Real Estate Hospitality, e, de resto, por todos os profissionais ouvidos: “o mercado de luxo em Portugal vai muito além do preço e localização”.

luxo
Freepik

A evolução deste segmento reflete, portanto, uma procura crescente por imóveis que aliam um conjunto de características diferenciadoras. “Trata-se de criar uma experiência de vida única, onde cada detalhe é pensado para unir conforto, exclusividade e estética”, acrescenta a equipa de especialistas da Invicta Park Capital. Mas não só. A sustentabilidade, por exemplo, tornou-se um fator determinante, com soluções de eficiência energética, uso responsável de materiais e impacto ambiental reduzido a serem cada vez mais valorizados. 

Além disso, para muitos compradores, a história do imóvel também pesa na decisão, sendo valorizadas propriedades com legado patrimonial, como palácios, palacetes e quintas de prestígio, tal como explica Filipe Lourenço, CEO da Private Luxury Real Estate. Para o mediador, a caracterização de luxo assenta em “dois elementos intemporais: a localização e a nobreza/qualidade dos materiais e acabamentos”. “Depois, identificamos, hoje, outros fatores como soluções tecnológicas disponíveis, sustentabilidade na construção, manutenção e uso, e ainda, para muitos dos nossos clientes, a história da propriedade. Neste caso, quando se trata de palácios, palacetes, casas brasonadas, herdades ou quintas”, acrescenta.

A exclusividade, por sua vez, manifesta-se na possibilidade de personalização total dos espaços, desde os acabamentos até à integração de tecnologias inteligentes que oferecem maior conforto e segurança. Os serviços de concierge, ginásios privados, adegas exclusivas, espaços sociais cuidadosamente planeados e até a associação a marcas de renome internacional – as chamadas branded residences – reforçam o estatuto de cada propriedade e garantem uma experiência única a quem a habita.

luxo
Freepik

Ana Jordão, Residential Business Development Director da Savills, confirma esta tendência. A responsável salienta que, atualmente, a exclusividade é um aspeto essencial, nomeadamente “imóveis frequentemente projetados por arquitetos de renome internacional e adaptados às necessidades do comprador”. “Além disso, a integração de serviços de lazer, bem-estar e manutenção contribui para a sensação de prestígio e diferenciação, criando uma experiência única e de alta qualidade de vida. As branded residences, em que o imóvel é associado a uma marca de luxo reconhecida, também têm ganhado destaque, oferecendo uma combinação de status e serviços premium exclusivos para os seus proprietários”, indica.

João Cília, CEO da Porta da Frente Christie’s, concorda que o conceito de luxo no mercado imobiliário vai muito além dos aspetos tradicionais como o preço ou a localização. “O luxo é uma experiência única que está relacionada com a exclusividade, a personalização e a qualidade de vida proporcionada por um imóvel. Quando falamos de luxo, referimo-nos a espaços que oferecem mais do que apenas um local para viver: há sempre uma conjugação com um ambiente que eleva a experiência diária do proprietário”, começa por dizer.

Defende que todos estes fatores “implicam uma atenção meticulosa aos detalhes no design, materiais de alta gama, acabamentos sofisticados e, muitas vezes, características arquitetónicas que tornam o imóvel uma obra de arte em si mesma”. Não tem dúvidas de que a localização é importante, mas o verdadeiro luxo surge quando a propriedade “oferece uma combinação perfeita de conforto, funcionalidade e estética, adaptada aos gostos e necessidades dos clientes”.

luxo
Freepik

É no cliente que Daniela Rebouta, Sales Director da Engel & Völkers Lisboa, Oeiras e Setúbal centra a sua visão. Paralelamente a todos os aspetos mencionados, a mediadora acredita que o conceito de luxo também está ligado ao serviço que é prestado em todo o processo de venda, assim como a estratégia de marketing, que deve ser adaptada a cada imóvel.

Sara Infante, Partner & Founder da Infante & Riu – Portugal Real Estate, acrescenta que além das características distintivas intrínsecas dos imóveis como o design inovador e/ou com assinatura de renome, o cliente “procura cada vez mais a exclusividade, a segurança, a descrição”. Uma opinião partilhada por Filipa Frey-Ramos, Directrice da BARNES International Realty, para quem também é fácil definir luxo, uma vez que este resulta da combinação de diversos fatores. A responsável sublinha, de igual forma, a importância da “privacidade, ao não ter vis-à-vis, à segurança, ao potencial de valorização e a toda a experiência em si”.

  • Uma questão de perceção e aspiração

Os especialistas concordam que luxo é, acima de tudo, uma questão de perceção e aspiração. Para alguns, está na imponência de uma vista panorâmica sobre o oceano ou sobre uma cidade vibrante. Para outros, reside na privacidade absoluta, na segurança máxima ou na atenção meticulosa aos detalhes. O mercado imobiliário de luxo tem vindo a adaptar-se a estas novas exigências, oferecendo cada vez mais soluções que equilibram sofisticação, conforto e inovação.

luxo
Freepik

“O luxo hoje em dia é a casa adaptar-se à pessoa que lá vive, porque todos nós temos gostos diferentes, todos nós temos vivências diferentes, experiências em casas diferentes”, comenta Hugo Covaneiro, designer de interiores e fundador da Silent Home, para quem o luxo é muito pessoal. “Não se decora uma casa da mesma forma em Nova Iorque, como em Marrocos, por exemplo. Qualquer pessoa consegue perceber isso. Então a tendência do luxo é personalizar espaços, é também customizar as experiências”, defende.

Mariana Martins, designer de interiores na RE Capital, é da opinião que não há propriamente uma definição de luxo. “Por exemplo, o espaço é uma coisa importante. Ou seja, termos espaço para habitar de uma forma eficiente, que se coadune com a nossa maneira de viver. O conceito de luxo tem vindo a mudar imenso. Se antigamente pensávamos que o luxo era ter de estar vestidos com marcas da cabeça aos pés, hoje em dia é muito mais do que isso. E o design de interiores também acompanha essa mudança, e as mudanças no mundo”, frisa. 

luxo
Freepik

Portanto, o verdadeiro luxo não está apenas nos metros quadrados ou no prestígio da “morada”. Está na capacidade de um imóvel proporcionar uma vivência exclusiva, feita à medida de quem nele habita. É essa redefinição constante que torna este segmento tão dinâmico e desejado, refletindo não só uma evolução nas preferências dos compradores, mas também uma nova forma de encarar o conceito de habitação e bem-estar.

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.