
A venda de casas em Portugal está a crescer – e muito -, perante um clima financeiro e fiscal mais favorável, sobretudo, para os jovens. Mas a oferta residencial continua a não conseguir dar resposta a este dinamismo, numa altura em que o próprio setor da construção está no limite da sua capacidade. A principal consequência está à vista de todos: os preços das casas vendidas estão a subir cada vez mais rápido, tendo registado o maior aumento de sempre no segundo trimestre de 2025 (+19%). Esta é uma realidade bem visível, também, na maioria dos municípios mais populosos do país.
Só entre abril e junho deste ano foram vendidas 41.608 habitações em Portugal, um número que representa um crescimento anual de 15,6%, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta quarta-feira (dia 22 de outubro). As taxas de juro acessíveis, estabilidade do emprego e os novos apoios para os jovens (isenção de IMT e garantia pública) podem ajuda a explicar este crescimento.
E como reagiram os preços das casas? “O preço mediano dos 41.608 alojamentos familiares transacionados em Portugal atingiu 2.065 euros/m2” no segundo trimestre de 2025, o que representa uma subida de 19% face ao período homólogo e uma aceleração face ao início de 2025 (quando o preço cresceu 18,7%). Esta foi mesmo a maior subida de sempre, levando o preço a ultrapassar o patamar de 2.000 euros/m2 pela primeira vez na série histórica do INE.
São as famílias que compram mais casas no país e por preços cada vez mais elevados (2.089 euros/m2, depois de subir 19,4% num ano). E superam mesmo o valor mediano registado pelos compradores dos setores institucionais (1.872 euros/m2, tendo subido 17%).
Os estrangeiros continuam a comprar casas mais caras do que os residentes no país (2.750 euros/m2 e 2.042 euros/m2, respetivamente, uma diferença de 35%). Mas foram os portugueses que impulsionaram mais a subida anual dos preços: cresceram 20%, enquanto o aumento do preço mediano dos compradores internacionais foi de 12,1%, informa ainda o INE.
Maioria dos municípios populosos sente preços das casas a acelerar
Todos os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes viram os preços das casas aumentar no segundo trimestre de 2025 face ao período homólogo. O maior aumento foi registado em Vila Nova de Famalicão (29,4%) e o menor no Funchal (7,2%).
Mas não ficamos por aqui. Entre o segundo trimestre e o início do ano, “os preços da habitação aceleraram em 19 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes (…), tendo os municípios de Vila Nova de Gaia (+13,4 p.p.), Coimbra (+12,7 p.p.) e da Amadora (+10,9 p.p.) apresentado os maiores acréscimos”, revela o gabinete nacional de estatística. Ou seja, nestes concelhos os preços das casas estão a subir a um ritmo mais elevado do que no início do ano, uma lista onde também entra Lisboa e Porto.
Por outro lado, houve uma desaceleração do crescimento do preço das casas vendidas em Cascais (-6,6 p.p.), Funchal (-3,7 p.p.), Maia (-3 p.p.), Barcelos (-1,5 p.p.) e em Odivelas (-1p.p.).
“Os municípios de Lisboa (4.865 euros/m2), Cascais (4.346 euros/m2), Oeiras (4.161 euros/m2), Porto (3.309 euros/m2), Odivelas (3.219 euros/m2) e Almada (3.101 euros/m2) destacaram-se por apresentarem os preços medianos de habitação mais elevados, superiores a 3.000 euros/m2”, informa o INE. Já Barcelos, Guimarães e Santa Maria da Feira são os municípios populosos com preços mais baixos, ainda que o metro quadrado custe mais de 1.500 euros.
Venda de casas cresce nas sub-regiões e preços também
No que diz respeito à venda de casas, o INE revela que “25 das 26 sub-regiões do país registaram crescimentos homólogos do número de transações de alojamentos familiares, tendo o Douro (31,8%) e o Ave (31,2%), registado crescimentos acima de 30%”. A única exceção foi a Região Autónoma da Madeira, onde a venda de casas caiu 8,8% no último ano.
Apesar dos avanços e do recuo singular, a Grande Lisboa e a Área Metropolitana do Porto acabaram por concentraram 35,7% das transações de alojamentos familiares no segundo trimestre deste ano.
O crescimento da venda de casas na maioria dos territórios acabou por impactar em alta os preços da habitação, que aumentaram em todas as 26 sub-regiões. Em destaque está o Baixo Alentejo que registou o maior crescimento (38,7%). No fundo da lista de aumentos está o Alto Minho (12,5%).
No período em análise, as sub-regiões da Grande Lisboa (3.403 euros/m2), Algarve (3.123 euros/m2), Península de Setúbal (2.511 euros/m2), Região Autónoma da Madeira (2.381 euros/m2) e Área Metropolitana do Porto (2.278 euros/m2) registaram os preços das casas vendidas mais elevados de todos, sendo também os únicos territórios que tiveram preços superiores aos do país. Por outro lado, a sub-região Beiras e Serra da Estrela apresentou o menor preço mediano de venda de alojamentos familiares (715 euros/m2).
Na Grande Lisboa, os preços da habitação subiram 21,5%, enquanto na metrópole da Invicta cresceram 16,4%. “Nas sub-regiões Grande Lisboa e Área Metropolitana do Porto, o preço mediano das transações efetuadas por compradores com domicílio fiscal no estrangeiro superou, respetivamente em 61,9% e 29,0%, o preço das transações por compradores com domicílio fiscal em território nacional”, resume o INE.
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