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bce mantém taxa de juro e anuncia programa de compra de dívida “sem limites”

o banco central europeu (bce) manteve inalterada, esta quinta-feira, a taxa de juro de referência em 0,75%. uma decisão que, de certa forma, apanhou de surpresa muitos analistas e economistas, que davam como certa a redução da taxa em 25 pontos base, para 0,5%. desta forma, a taxa de juro da zona euro permanece acima da do reino unido – o banco de inglaterra manteve a taxa de referência em 0,5% – e da praticada nos eua (entre 0%-0,25%) e no japão (0%-0,1%)

de acordo com o jornal público, uma nova descida das taxas de juro tenderia, à partida, a reduzir mais os custos de financiamento na economia, estimulando o consumo e o investimento. porém, as taxas euribor, taxas interbancárias que servem de referência para o crédito à habitação, já incorporaram a expectativa de um corte da taxa do bce e estão em mínimos históricos. antes de ser conhecida a decisão do bce de manter a taxa de juros em 0,75%, a euribor a seis meses estava a cair 0,3 pontos base para 0,518%, a euribor a 12 meses estava a ceder 0,6 pontos base para 0,518% e a euribor a 3 meses caia 0,3 pontos base para 0,266%

sublinhe-se que apenas dois meses, no dia 5 de julho, o bce decidiu colocar as taxas de juro na zona euro pela primeira vez abaixo de 1% (em 0,75%). agora previa-se que fizesse um novo corte, o que não aconteceu. a tendência de descida da taxa directora mantém-se desde 2008, ano em que o banco de investimento lehman brothers declarou falência, desencadeando uma crise global. desde então que o bce – primeiro com jean-claude trichet e agora com mario dragui – tem vindo a descer as taxas directoras, que passaram de cerca de 4% para 0,75%

na sequência da deterioração da situação económica na zona euro, o bce desceu três vezes e num curto espaço de tempo a taxa de juro de referência. e sempre em 25 pontos base. a primeira descida deu-se logo em julho de 2011 (de 1,5% para 1,25%), a segunda em dezembro e a última em julho deste ano, conforme já referido

o novo programa de compra de dívida "sem limites"

entretanto, o bce anunciou ter um programa de “transacções monetárias directas" ("outright monetary transactions", em inglês) para a aquisição de obrigações de países da zona euro no mercado secundário de dívida soberana, num montante "sem limites". de acordo com o presidente da entidade, mario draghi, o programa destina-se a obrigações entre um e três anos, ou de maturidades mais longas mas que vençam num prazo até três anos

segundo o responsável, o novo mecanismo só deverá comprar dívida pública de portugal quando o país tentar voltar aos mercados, em setembro de 2013. draghi acrescentou que estas aquisições estarão sujeitas a "condicionamentos rigorosos" e que o bce só irá adquirir dívida de países que estejam sob "um programa de ajustamento macroeconómico total [é o caso de portugal] ou de um programa preventivo, desde que este inclua a possibilidade de aquisições da parte" dos mecanismos europeus de estabilidade

o banqueiro assegurou ainda que o “euro é irreversível” e que o novo programa de compra de dívida se destina a “salvaguardar a transmissão da política monetária a todos os países da zona euro”, estando, por isso, de acordo com o mandato do bce, que é assegurar a estabilidade de preços na moeda única. “[o novo plano será uma] barreira eficaz para prevenir cenários potencialmente destrutivos”, frisou mario draghi

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