Subida anunciada de 50 pontos base, coloca juros entre os 0,75% e 1%. Créditos habitação nos EUA vão ficar mais caros.
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juros a subir nos EUA
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O mercado imobiliário dos EUA já começa a esvaziar a bolha imobiliária que se formou durante a pandemia. A Reserva Federal (Fed) anunciou uma subida das taxas de juro em 50 pontos base na semana passada para tentar controlar a inflação. E este aumento já está a ter efeitos no mercado imobiliário do país: grandes empresas de investimento imobiliário cotadas em bolsa estão a ver as ações cair na ordem dos dois dígitos e são esperadas menos vendas de casas e quedas nos preços das habitações.

O ‘boom’ no segmento residencial nos EUA foi consolidado nos últimos dois anos, durante a pandemia. As baixas taxas de juro aliadas às altas poupanças das famílias aceleraram a venda de casas em 2021. E, em resultado, os preços das casas subiram a toda a velocidade, tendo sido registados os maiores aumentos em mais de 30 anos. Mas os especialistas concordam que uma nova fase se está a iniciar no mercado imobiliário do país, depois de o banco central norte-americano ter anunciado a subida da taxa de juros em 50 pontos base, colocando-a entre os 0,75% e 1%.

Este é mesmo o maior aumento da taxa de juro diretora do EUA desde o ano 2000. E não está descartada a hipótese de o banco central dirigido por Jerome Powell voltar a subir os juros na ordem dos 50 pontos base nas duas próximas reuniões de política monetária. O objetivo é só um: tentar arrefecer a economia dos EUA para conter a inflação crescente que se sente no país - em março atingiu 8,5%, o nível mais elevado desde dezembro.

Além desta medida, a Fed indicou também que vai começar a reduzir o seu balanço a partir de 1 de junho, uma outra medida de endurecimento da política monetária norte-americana para travar a escalada da inflação.

Juros dos crédito habitação nos EUA
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Comprar casa nos EUA vai ficar mais difícil

Depois de, em 2021, terem sido vendidas cerca de 6,9 ​​milhões de habitações nos EUA e de os preços das casas terem atingido os maiores aumentos desde 1988, segundo o índice S&P CoreLogic, tudo indica que o mercado residencial vai-se tornar menos apetecível em 2022. Isto porque o aumento da taxa de juro torna os créditos habitação mais caros e, portanto, será mais difícil comprar uma casa nos EUA. Note-se que as taxas fixas de um crédito habitação a pagar em 30 anos nos EUA estão em torno dos 5,25%, um valor que já não era registado desde 2011.

O aumento das taxas de juro nos empréstimos da casa foi o ingrediente que faltava para se formar a tempestade perfeita no mercado residencial norte-americano, que já estava marcado pela rápida subida dos preços das casas decorrente da alta procura para uma baixa oferta habitacional. Em fevereiro deste ano, os preços das casas nos EUA aumentaram 15% para uma média de 357.300 dólares (cerca de 338.000 euros à taxa de câmbio atual). E, em resultado, a compra e venda de casas caiu 7,2% em apenas um mês.

Comprar casa nos EUA
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Imobiliárias cotadas em bolsa veem ações a cair a pique

Um reflexo desta mudança de paradigma já está a ser sentida pelas empresas imobiliárias cotadas em bolsa nos EUA. Enquanto Wall Street recebeu o anúncio do Fed, as ações da consultora imobiliária CBRE atingiram uma queda de mais de 21,7%, depois de terem subido quase 70% em 2021 face ao ano anterior. Mas não é caso único. A Simon Property caiu 23% no último ano e a Coldwell Banker Real Estate, listada em Wall Street por via da sua subsidiária Realogy, caiu 33%. Outras imobiliárias mais focadas em infraestruturas também deram um trambolhão na bolsa, como a American Tower, que caiu 15% no decorrer desde ano.

Os portais imobiliários digitais cotizados também sofrem com a atual cenário de incerteza, como é o caso do Zillow, que caiu 35%. Mas, por outro lado, outras empresas especialistas em escritórios ou em multifamily permaneceram estáveis. É o caso da Boston Properties que mantém uma subida de 0,93% desde o início do ano.

Imobiliários dos EUA cotadas em bolsa
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