Construtoras enfrentam dificuldades, devido ao crescente número de proprietários que recusam pagar a prestação dos imóveis.
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Crise na construção e no imobiliário na China
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Lusa
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A China pediu aos bancos que concedam mais crédito às construtoras do país que enfrentam dificuldades, devido ao crescente número de proprietários que recusam pagar a prestação dos imóveis, agravando a crise de liquidez no setor. Os proprietários de habitações na China, cuja obra ficou inacabada devido à situação precária das construtoras, estão a recusar pagar as prestações dos imóveis, disseram fontes do setor.

“A lista [de projetos afetados] duplicou nos últimos três dias”, apontaram, num relatório, analistas do banco de investimento norte-americano Jefferies, estimando um défice para as construtoras em 388 mil milhões de yuans (57,5 mil milhões de euros).

As pré-vendas são a maneira mais comum na China de vender imóveis.

A recusa em pagar as prestações é particularmente preocupante, porque ameaça também o sistema financeiro.

O regulador instou os bancos, no domingo (17 de julho de 2022), a “atender às necessidades de financiamento razoáveis dos negócios imobiliários”.

É essencial “fazer um bom serviço de atendimento ao cliente [...] para honrar contratos, cumprir compromissos e proteger os legítimos direitos e interesses dos compradores”, sublinhou o regulador bancário e de seguros, citado pela imprensa estatal.

Setor imobiliário e construção têm grande peso no PIB

O setor imobiliário e a construção pesam mais de um quarto no PIB (Produto Interno Bruto) da China e foram um importante motor do crescimento económico do país nas duas últimas décadas.

Para reduzir os níveis de alavancagem no setor, no ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor.

Nos últimos meses, as construtoras Sunac e Shimao tornaram-se as mais recentes construtoras chinesas a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cujo passivo supera o PIB de Portugal.

A crise da Evergrande, a maior construtora da China, está a penalizar indiretamente os seus concorrentes, com os compradores a mostrarem-se cada vez mais relutantes em investir em imobiliário.

As incertezas ligadas à Covid-19, que pesam na renda das famílias, também estão a afetar o setor.

A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.

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