Comunidade juntou-se para reabilitar um edifício dos anos 50 em Madrid e melhorar a sua eficiência energética. Mas não foi fácil.
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Madrid
Foto de Abhishek Verma no Pexels

Dolores Huerta é uma das maiores especialistas espanholas em reabilitação energética e arquitetura sustentável. Decidiu juntar a comunidade de vizinhos e lançar-lhes um desafio: reabilitar o edifício dos anos 50 onde viviam em Madrid, para torná-lo mais eficiente. Primeiro, as reações foram de desconfiança, mas depois todos entenderam as vantagens de apostar na reabilitação. As obras já arrancaram, mas ainda não há fim à vista.

Depois do temporal Filomena, em 2021, a comunidade chegou à conclusão que seria necessário fazer obras no bloco habitacional. Dolores Huerta, como presidente da comunidade, conta ao El País que propôs que aproveitassem a oportunidade para reabilitar o edifício, adaptando-o ao “tempo presente”, isto é, investir em melhorias ao nível da eficiência energética. A proposta não bem recebida por todos, que consideravam algumas das intervenções como gastos desnecessários.

A arquiteta sabia que convencer os vizinhos não seria fácil, até porque nem sempre é possível falar sobre a importância da descarbonização e debater o problema das alterações climáticas. O desafio, diz Dolores, “é ter diálogo produtivo, e não destrutivo, entre vizinhos e como conseguir ter um objetivo comum em mente. Falar em descarbonização é pedir muito, mas existem palavras mágicas que todo a gente conhece: como eficiência energética, ondas de calor e frio, aumento do preço da energia... Não é mais uma questão técnica, é um desafio sociológico”, refere.

Construção tem de apostar nos materiais de origem natural

Dolores considera que é hora das comunidades de vizinhos se reunirem e discutir que melhorias energéticas podem ser feitas nos prédios onde vivem e lembra que “se alguém mora numa casa com mais de 20 ou 25 anos, certamente pode fazer muitas coisas”. Além disso, recorda que, hoje em dia, “olhamos para as emissões de carbono geradas pela utilização dos edifícios, pela energia que consomem, mas ninguém está a calcular o que é emitido ao construí-los, reabilitá-los ou demoli-los”, daí ser muito importante prestar atenção aos materiais utilizados.

De acordo com a especialista, há milhões de casas que não reúnem as condições mínimas de habitabilidade e que não valem a reabilitação. No entanto, a construção de novos edifícios também não pode ser feita como é nos dias de hoje. Para Dolores Huerta é fundamental “começar a medir a pegada de carbono para optar por soluções com menos emissões. Uma alternativa seria uma construção mais leve, removível e recuperável. O uso de madeira e outros materiais de origem natural é um grande passo para alcançar baixas emissões de carbono em novas construções. Precisamos de aço, cimento e vidro? Sim, claro. Mas temos que usá-los como se fossem ouro, seja porque são recursos finitos ou porque seu impacto é muito alto”, salienta.

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