
Os bancos da zona euro reportaram no primeiro trimestre de 2023 um aperto substancial das suas condições de crédito, que superaram, inclusive, as expectativas das próprias entidades, em consequência da maior perceção de risco num contexto marcado pela subida as taxas de juro e turbulências no setor, segundo o último inquérito de empréstimos bancários do Banco Central Europeu (BCE).
“O endurecimento dos empréstimos a empresas e para a compra de casa foi mais forte do que o esperado no trimestre anterior e aponta para uma debilidade persistente da dinâmica de crédito”, destaca o BCE,
“O aperto dos empréstimos às empresas e à compra de casa foi mais forte do que o esperado pelos bancos no trimestre anterior e aponta para um enfraquecimento persistente da dinâmica do crédito”, destaca o BCE, que tem vindo a alertar nas últimas semanas para a relevância da informação sobre empréstimos bancários para as suas decisões de política monetária.
Nesse sentido, em meados de abril, o economista-chefe do BCE, o irlandês Philip Lane, já alertava para a relevância da informação prestada pelo inquérito aos empréstimos bancários porque revelaria os primeiros efeitos da turbulência financeira de março sobre o crédito à atividade na zona do euro.
As entidades da zona euro indicaram um aperto ainda maior nas suas condições de crédito às empresas, com uma percentagem líquida de 27% dos bancos a reportar maiores restrições, o ritmo mais rápido desde a crise da dívida soberana da zona euro em 2011.
Da mesma forma, do lado da procura, os bancos confirmaram uma forte diminuição líquida da procura de empréstimos ou levantamentos de linhas de crédito por parte das empresas no primeiro trimestre de 2023.
De facto, esta queda da procura líquida foi mais forte do que o esperado pelos bancos no trimestre anterior e “é a mais forte desde a crise financeira global”, alerta o BCE, referindo que as entidades informaram que o principal impulsionador desta queda foi o nível das taxas de juro num ambiente de aperto da política monetária.
Em termos de crédito às famílias para aquisição de habitação, os bancos da zona euro também reportaram um novo aperto líquido substancial dos seus critérios de crédito hipotecário, enquanto o aperto líquido foi menos pronunciado no crédito ao consumo e outros empréstimos às famílias.
Por outro lado, a diminuição líquida da procura de crédito habitação manteve-se próxima da quebra histórica verificada no trimestre anterior, enquanto se registou uma menor diminuição líquida da procura de crédito ao consumo e restante crédito a particulares.
Bancos esperam abrandamento da procura por crédito da casa
Olhando para o segundo trimestre, os bancos inquiridos informaram o BCE que esperam continuar a apertar, embora de forma mais moderada, os seus critérios de concessão de crédito a empresas e à aquisição de habitação.
No caso do crédito ao consumo, os bancos da zona euro antecipam um novo aperto líquido das condições de concessão de crédito a um ritmo semelhante ao do primeiro trimestre de 2023.
Do lado da procura e com vista para o segundo trimestre do ano, os bancos antecipam uma quebra líquida adicional dos pedidos de crédito por parte das empresas, embora em menor grau do que a observada entre janeiro e março.
Os bancos também esperam um novo declínio líquido acentuado na procura por empréstimos para habitação e um declínio líquido um pouco menor na procura por crédito ao consumidor do que no primeiro trimestre.
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