Aldeia futurista suspensa: assim é o curioso complexo de Hong Kong

As cidades precisam de responder cada vez mais às exigências desportivas, culturais e comerciais dos seus habitantes. Por isso, torna-se essencial construir complexos cada vez maiores, capazes de dar resposta a estas necessidades. 

A tendência atual já não passa por criar edifícios isolados, mas sim por desenvolver um conjunto de estruturas interligadas através de passagens elevadas, rampas e praças em diferentes níveis.

Em Hong Kong, uma das cidades mais conhecidas do mundo, foi construído o complexo Go Park Sai Sha, que combina espaços recreativos interiores e exteriores, coroados por jardins suspensos.

Complesso sportivo e ricreativo Virgile Simon Bertrand

Complexo urbano recria vida de aldeia

Localizado entre o Ma On Shan Country Park e o Three Fathoms Cove, o Go Park Sai Sha ocupa mais de 120.000 metros quadrados (m2) e integra infraestruturas desportivas, zonas comerciais e espaços recreativos interiores e exteriores.

Todo o complexo está organizado em camadas concêntricas em torno de uma ampla praça central, da qual partem rampas e passagens sinuosas que ligam cada área, facilitando a circulação contínua e proporcionando diferentes perspetivas do conjunto.

Spazi connessi Virgile Simon Bertrand

O estúdio britânico Zaha Hadid Architects, autor do projeto, descreve o design como uma homenagem à tradição local: “O complexo desenvolve dois princípios-chave: o conceito de uma ‘paisagem entrelaçada’, que traz a natureza para o centro do projeto, e uma rampa suave que se desenrola ao longo de vários níveis, definindo uma espécie de ‘aldeia elevada’ que reúne comércio, desporto e entretenimento em pátios enriquecidos pela natureza envolvente”.

A ideia pretendida foi recriar a organização típica das aldeias de montanha de Hong Kong, onde trilhos e escadarias ligam casas e espaços comuns, mas aplicada a um complexo contemporâneo de grande escala.

O resultado é um espaço construído como uma rede viva de edifícios e percursos, em que o movimento é constante e os visitantes podem circular livremente entre diferentes áreas, rompendo com o modelo tradicional destas estruturas, geralmente autónomas. Como sublinha o estúdio, “as pontes do projeto ligam os residentes de Sai Sha a áreas de descoberta, inovação e eventos públicos”.

La piazza Virgile Simon Bertrand

Lazer, desporto e comércio

A oferta de atividades do Go Park Sai Sha é tão diversificada quanto a sua arquitetura. No exterior, o complexo dispõe de parques infantis, paredes de escalada, campos de golfe, pistas de corrida e de ciclismo, além de áreas para desportos coletivos como futebol, basquetebol e ténis. 

Estas estruturas não se encontram isoladas, mas sim integradas no complexo, distribuídas ao longo das rampas e percursos pedonais.

No interior, a mesma versatilidade mantém-se com: 

• Estádio polivalente com capacidade para 1.500 pessoas;
• Escolas de esgrima;
• Natação e ainda uma piscina coberta de 25 metros. 

O complexo foi construído para acolher tanto atletas profissionais como famílias à procura de lazer e aprendizagem, tornando-se um verdadeiro polo desportivo e recreação para todas as idades.

Rampe e passerelle Virgile Simon Bertrand

O elemento central do projeto é a chamada “rampa principal”, um percurso em espiral que atravessa todo o complexo, ligando os diferentes níveis até aos jardins suspensos.

Estes espaços verdes funcionam como um parque elevado contínuo, de onde é possível contemplar a imponência do complexo e a paisagem marítima de Three Fathoms Cove. Esta solução não só amplia a área utilizável, como também integra a natureza como parte estrutural da experiência do visitante.