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Porto reconheceu 75 lojas “históricas”: 62 já receberam a placa das mãos de Rui Moreira
A emblemática Favorita do Bolhão integra a lista Favorita do Bolhão

São 75 as lojas “históricas” integradas no programa Porto de Tradição que foram, até ao momento, reconhecidas pela Câmara do Porto. Esta segunda-feira (28 de janeiro de 2019) à tarde, o átrio do edifício dos Paços do Concelho encheu-se para a cerimónia de entrega formal das placas aos 61 estabelecimentos e a uma entidade da cidade do Porto.

Em grupos de cinco, os proprietários das lojas cujo processo de candidatura foi aprovado – depois de ter cumprido um conjunto de exigências, de terem sido submetidas a consulta pública e aprovadas nos órgãos municipais – receberam uma placa das mãos de Rui Moreira, presidente da autarquia, ou de Ricardo Valente, vereador com o pelouro das Atividades Económicas.

Um conjunto de lojas que povoam o imaginário dos portuenses, e não só, como a Favorita do Bolhão, a Perola do Bolhão, a Sementeira, o Bazar de Paris, os cafés Guarani, Majestic ou “Piolho”, as livrarias Lello e Académica, a Casa Aleixo, o restaurante Escondidinho, a padaria Ribeiro e a confeitaria Arcádia, são algumas das mais conhecidas da lista.

Loja da Vidraria Fonseca reconhecida

O idealista/news falou com os proprietários de duas das lojas incluídas no projeto Porto de Tradição e que receberam a placa de reconhecimento. 

Para Vítor Fonseca, neto do fundador da Vidraria Fonseca – uma vidraceira centenária, cuja loja está instalada no nº 208 da rua dos Caldeireiros, num edifício arrendado –, é “um reconhecimento justo da autarquia”. O processo de candidatura, “que incluiu várias visitas à empresa e a reunião do espólio”, segundo Vítor Fonseca, “correu sempre muito bem”. A Vidraria Fonseca tem mais duas lojas na cidade e uma instalação industrial na Maia.

A emblemática Favorita do Bolhão

Entrar numa das mercearias tradicionais do Porto é regressar ao nosso imaginário, quando o comércio se fazia especialmente nas ruas das nossas cidades. É o caso da emblemática Favorita do Bolhão, que para surpresa de muitos e conforme se ficou a saber durante o evento, pertence à família de Valentim Loureiro, ex-presidente da Câmara Municipal de Gondomar.

Ao idealista/news, Valentim Loureiro disse que tinha comprado a loja a seguir ao 25 de Abril de 1974, quando os antigos proprietários a “vieram oferecer” e numa altura em que muitos espaços foram trespassados, especialmente devido à crise do comércio tradicional. O edifício da Favorita do Bolhão é propriedade da Santa Casa da Misericórdia do Porto, destacou Valentim Loureiro.

Promessa cumprida de Rui Moreira

O programa municipal Porto de Tradição, “que protege lojas históricas dos aspetos mais liberais da Lei das Rendas”, foi uma iniciativa de Rui Moreira, quando a cidade começou a assistir ao desaparecimento das primeiras lojas “históricas”, como barbearias, livrarias e algumas mercearias, e se verificou a sua substituição por unidades hoteleiras e de Alojamento Local (AL).

Rui Moreira recordou o momento ocorrido em 2016, quando lançou este debate e afirmou que seria necessário criar medidas de exceção para proteger as lojas com tradição, tendo sido muito criticado. “Foi um escândalo, fui apontado de marxista”, disse.  

E não esqueceu também a conversa que teve com a empresária Catarina Portas, “sobre a necessidade de proteger o comércio tradicional”, e que, destacou, “o inspirou” a lançar o debate. “Nós sabemos que este processo pode não ser suficiente” para salvar todas as lojas, pois o papel dos proprietários é importante, desabafou.

Autarquia vai apoiar obras de modernização

Para Ricardo Valente, a autarquia tem feito a sua parte, dando “visibilidade ao comércio, ligando a marca Porto ao comércio da cidade”. Contudo, são várias as medidas que estão previstas para avançar em breve e que se destinam a apoiar os comerciantes. “Vamos ter um conjunto de medidas que preveem uma verba para fazer obras de modernização, para consultadoria específica e para formação”, adiantou. 

Um conjunto de apoios que irão em breve a aprovação no executivo municipal e que são específicos da autarquia, mas que ampliam o conjunto de apoios e isenções fiscais criados pela Lei n.º 42/2017, de 14 de junho, que criou o regime de reconhecimento e proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local.

"Vamos ter um conjunto de medidas que preveem uma verba para fazer obras de modernização, para consultadoria específica e para formação"

Ricardo Valente, vereador da Câmara Municipal do Porto

De acordo com Ricardo Valente, a verba (cujo montante será conhecido depois de apresentado e aprovado no executivo municipal) será suficiente para os proprietários das lojas reconhecidas pelo Porto Tradição poderem avançar com obras e outros melhoramentos.

O regulamento do Porto de Tradição, aprovado em setembro passado – depois de dois anos em consulta pública –, prevê, entre outras medidas, "incentivos fiscais independentemente da localização geográfica" do estabelecimento, a "isenção de taxas de publicidade e ocupação do domínio público" e a "formação e consultadoria".

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