Pousadas de Portugal: Governo decide não privatizar mais e manter posição de 51% na Enatur

O Governo decidiu manter a posição de 51% que detém na Enatur, estando os restantes 49% nas mãos do Grupo Pestana, desde a sua privatização em 2003. A informação de que o Estado não vai seguir a estratégia da CGD de desinvestimento nas Pousadas de Portugal, neste caso com a venda de 13% do capital da empresa que gere a rede de pousadas ao Grupo Pestana (ficando assim com 85%), foi avançada ao idealista/news pelo secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes.

"Fizemos uma avaliação financeira das participações financeiras do Turismo de Portugal, sendo uma delas na Enatur, e o quadro contratual que encontrámos não aconselhou a que fizéssemos alterações", declarou o governante em entrevista ao idealista/news, quando questionado sobre a vontade de o Governo privatizar a totalidade da Enatur, onde o Estado detém ainda 51%.

"Por motivos legais, regulamentares, de equilíbrio de partes, não se mostrou aconselhável que fizéssemos uma revisão do contrato", explicou ainda o secretário de Estado do Turismo, frisando que "do ponto de vista do contrato de concessão das Pousadas de Portugal, de forma geral, tudo tem sido cumprido" pelo Grupo Pestana.

Mesquita Nunes admite, no entanto, que "viveram-se nas Pousadas de Portugal, tal como na hotelaria em geral, tempos de grandes desafios por causa da queda do turismo interno e espanhol, dois mercados importantes para este produto".

Mas deixa um aviso à administração da empresa: "agora com a melhoria de ambos é de esperar que se possa recuperar algum do desempenho que estava a ser menos positivo em algumas pousadas, até porque as Pousadas de Portugal continuam a ser um ativo também na internacionalização de Portugal".

Pestana fica com 15% da CGD nas Pousadas de Portugal

Em 2003 o Governo português presidido por Durão Barroso, face à acumulação de resultados líquidos negativos durante mais de uma década, e com 1 milhão de euros de prejuízo registado só em 2002 , decidiu privatizar em 49% o capital da Enatur, bem como ceder a exploração das Pousadas de Portugal ao grupo que ganhasse essa privatização.

O grupo vencedor foi o Grupo Pestana Pousadas, constituído pelo Grupo Pestana (59,8%), Grupo CGD (25%), Fundação Oriente (15%) e mais duas empresas com 0,2% (Abreu e Portimar). A 1 de setembro de 2003, o GPP tornou-se responsável pela exploração da rede atual de pousadas por um período de 20 anos, bem como pela sua expansão. 

Agora, o Grupo Pestana acaba de anunciar que vai ficar com a participação da Caixa nas Pousadas de Portugal. A compra destes 13% que estavam numa sociedade de capital de risco do grupo CGD foi confirmada esta quarta-feira pelo presidente da comissão executiva do grupo hoteleiro.

José Theotónio, que falava à margem da apresentação da nova identidade do grupo Pestana, declarou que a CGD vai alienar as acções na empresa que gere as Pousadas, em conclusão de um processo de investimento em capital de risco que estava já agendado, segundo noticia a agência Lusa.

Com a aquisição das ações da CGD, o grupo hoteleiro vai passar a deter 85% do capital da empresa gestora das Pousadas, cabendo os restantes 15% à Fundação Oriente.