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Imóveis dos bancos são “uma bomba-relógio que vai ter de explodir”, alerta especialista
GTRES

Os imóveis nos balanços dos bancos são “uma bomba-relógio que alguma vez vai ter de explodir”. Quem o diz é Gonçalo Reino Pires, especialista em Direito do Urbanismo e novo sócio da Serra Lopes, Cortes Martins (SLCM).

Segundo o responsável, é preciso encontrar uma solução para travar esta “bomba-relógio”. Se tal não suceder, existe o risco de os contribuintes voltarem a ser chamados a pagar, alertou, em entrevista ao Jornal de Negócios.

“Os ‘players’ nacionais não estão, neste momento, a viver a melhor das suas situações. Os bancos têm ainda bastante crédito hipotecário, envolvido em processos de insolvência ou em operações de reestruturação de divida. Esses imóveis são muitas vezes procurados por esses fundos estrangeiros com um preço de desconto substancial. Às vezes podem existir descontos de 40 a 50%. Os bancos conseguem alienar património, mas a assunção da imparidade em cerca de metade do valor do ativo é algo que tem uma repercussão enorme nas suas contas”, revelou Gonçalo Reino Pires, salientando que há bancos “que dispõem de imóveis absolutamente devolutos e não os vendem nem os arrendam, porque isso implica a assunção de que o valor deles não é verdadeiramente aquele com que os bens estão lançados no balanço”.

Para o advogado, “o que aconteceu foi que os bancos acoplaram muito ativo imobiliário, quer em fase de desenvolvimento quer ainda por desenvolver”, e que agora têm uma “necessidade muito maior de serviços na área do urbanismo e do ordenamento do território, porque o seu próprio património reflete essa necessidade”.  

Quando questionado sobre que tipo de imobiliário problemático está em causa, adiantou que há, por exemplo, “terrenos hipotecados para garantir um financiamento que foi prestado para a sua própria aquisição, mas que por dificuldades em se arrancar com o projeto o terreno passou a solo rural, passando a valer não vários milhões, mas apenas centenas de milhares de euros”.  

Em último caso terão de ser depois os contribuintes a pagar os prejuízos dos bancos. “Seja de forma indireta, porque o banco vai abaixo e é preciso resgatá-lo, seja através de taxas de manutenção de conta ou por outros serviços. Tudo isto são formas alternativas de financiamento dos bancos. Mas no limite vai ser sempre o Estado a pagar isso. Se Portugal não olhar para esses ativos como algo que pode ser reponderado, será difícil ultrapassar a situação”, alertou o especialista.

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