As taxas de juros em, cada vez mais, mínimos históricos continuam a beneficiar as famílias portuguesas na hora de pagar o crédito à habitação ao banco. A prestação da casa, no caso dos contratos indexados à Euribor que são revistos neste mês, volta a baixar em março em linha com o que tem vindo a acontecer no último ano, mas a redução é agora menor, porque as descidas das taxas de mercado nos últimos meses têm sido menos expressivas.
Os encargos mensais vão reduzir-se entre 0,2% e 1,4% no próximo mês, sendo os empréstimos indexados à Euribor a três meses os que vão sentir a menor descida e os contratos com indexantes de prazos mais alargados os mais beneficiados.
A Euribor que mais poupa
As famílias com empréstimos associados à Euribor a 12 meses vão agora, pela primeira vez, tirar partido da descida do indexante registada ao longo do último ano. No caso, por exemplo, de um um crédito no valor de 100 mil euros, a 30 anos, e com um spread de 1%, regista-se uma poupança mensal de 4,43 euros, com a prestação a baixar para 316,84 euros mensais, de acordo com os cálculos feitos pelo Eco.
Mas o número de famílias que beneficia desta poupança é ainda baixo, uma vez que historicamente a Euribor a 12 meses é pouco representativa no total do crédito à habitação. Isto apesar de muitos bancos, dado o contexto de baixas taxas de juro, já a estarem a privilegiar as revisões anuais na concessão de novos empréstimos.
Já os agregados com prestações indexadas à Euribor a seis meses ganham uma redução de 0,7% em março, pagando menos 2,34 euros, num total de 310,69 euros.
Os empréstimos indexados à Euribor a três meses sentirão a poupança mais curta. Esta será de apenas 71 cêntimos por mês, com os encargos mensais a baixarem para os 306,75 euros (menos 0,2% face à anterior revisão) ao longo dos próximos três meses.
O mercado antecipa que os juros se mantenham negativos até dezembro de 2019, com o indexante a assumir valores positivos a partir de aí, mas ainda assim baixos.
Prestação da casa em queda há cinco anos, depois de atingir máximo em 2011
A prestação da casa atingiu o ponto mais alto de 35 anos em dezembro de 2011. Desde esse momento, esse valor tem vindo sempre a baixar, consecutivamente, nos anos de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. Esta queda no empréstimo da casa tem acompanhado a significativa redução das Euribor, que desde há mais de um ano negoceiam mesmo em valores negativos históricos. A maioria dos créditos à habitação em Portugal está indexada a taxas variáveis, subindo ou baixando, consoante a sua tendência
Euribor baixas e crédito malparado alarmam Banco de Portugal
As baixas taxas de juro são, no curto prazo, favoráveis para a economia nacional, concorda o Banco de Portugal (BdP), mas o prolongamento deste cenário está a preocupar o regulador, porque poderá prejudicar os bancos. Para minimizar os riscos, Carlos Costa recomenda as instituições financeiras a melhorar a qualidade dos ativos.
Crédito à habitação: Bancos recusam-se a refletir Euribor negativas; Parlamento quer obrigá-los
As Euribor deverão acelerar as descidas com a decisão do BCE de baixar a taxa de juro para o mínimo histórico de 0%. Mas os bancos em Portugal continuam a rejeitar repercutir o efeito total nos créditos à habitação. O Parlamento está a discutir dois projetos de lei do BE e do PCP que visam obrigar os bancos refletir integralmente as taxas negativas e a assumir a amortização de parte do capital dos empréstimos.
...e mais de 30% do novo crédito à habitação já é com taxa fixa, sem depender da Euribor
O cenário de baixas taxas de juro veio alterar o mercado do crédito à habitação em Portugal. Os novos contratos de financiamento para a compra de casa estão agora, na maioria dos casos, a serem fechados com base em taxas fixas, ao contrário do que acontecia - quase sempre estavam indexados às Euribor variáveis. Um terço das operações feitas este ano já são com juros sem alterações.
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