A pandemia da Covid-19 já está e irá provocar efeitos sem precedentes na economia mundial, com impacto negativo não só na situação financeira das empresas, como das famílias. Em Portugal, e mesmo com os apoios do Estado, deveremos assistir, em média, a uma redução de 5% no rendimento disponível das famílias e de cerca de 8% no rendimento do trabalho. Os agregados familiares mais jovens serão, de resto, os mais afetados, segundo dados do Banco de Portugal (BdP), divulgados esta semana.
Diz o BdP, em comunicado, que a “a redução da atividade decorrente das medidas de contenção da pandemia tem um impacto negativo sobre o seu rendimento disponível e, como consequência, nas suas decisões de consumo”. O regulador apresentou os resultados de dois exercícios efetuados com o objetivo de simular as consequências de curto prazo da pandemia na situação financeira das empresas e das famílias e conclui que, após a consideração das medidas de apoio ao rendimento implementadas pelo Governo, “em média, o rendimento mensal das famílias residentes em Portugal tem uma redução de 5,3%, decorrente de uma redução de 8,2% no rendimento do trabalho”.
Segundo os cálculos apresentados pelo regulador, no Boletim Económico de maio, no cenário pré-pandemia o rendimento do trabalho líquido médio das famílias era de cerca de 871 euros – o valor cai para 800 euros no pós-pandemia. Se olharmos para o rendimento disponível, o impacto é menor, numa redução estimada de 5,3%, em que o rendimento mensal líquido disponível passa de 1.566 euros para 1.482 euros mensais.
O impacto negativo no rendimento disponível será, de resto, mais acentuado nas famílias com rendimento mais elevado e nas de escalões etários mais jovens. De acordo com a análise da instituição liderada por Carlos Costa, o valor médio do rendimento deduzido de despesas com bens não duradouros, serviços correntes, prestações de empréstimos e rendas da habitação permanente, “reduz-se em cerca de 8% face ao seu valor antes da pandemia, após se considerarem as medidas de apoio ao rendimento assim como a moratória sobre o crédito para compra de habitação permanente e o regime excecional para as situações de mora no pagamento da renda.”
Adianta, aliás, que em todas as classes de rendimento e escalões etários, “a moratória sobre as prestações tem um impacto mais significativo do que a moratória sobre as rendas”, e que, no geral, apesar de tudo, “têm um impacto particularmente favorável nas famílias de menor rendimento e nas famílias mais jovens”.
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