
As tarifas da eletricidade e do gás natural aumentam 3% a partir desta sexta-feira (1 de abril de 2022) para os clientes domésticos no mercado regulado, que representam cerca de 6% e 2,2% do consumo total. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) apresentou, entretanto, uma nova proposta para o preço do gás natural para o período de 1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023. Em causa está um aumento de 8,2% na conta a partir de outubro.
Segundo a atualização intercalar anunciada pela ERSE, as tarifas da eletricidade no mercado regulado vão aumentar cinco euros por megawatt-hora (MWh), o que representa um acréscimo de cerca de 3% na fatura média mensal de eletricidade.
"Esta atualização ocorre num momento em que os mercados de energia são particularmente afetados pelo conflito que decorre entre a Ucrânia e a Rússia, alterando os pressupostos que estavam na base dos preços em vigor no mercado regulado", referiu o regulador, citado pela Lusa.
Aumentos já a partir de abril
Numa fatura média mensal, a partir de abril, um casal sem filhos com uma potência 3,45 kVA (kilovoltampere) e um consumo 1.900 kWh/ano pagará 38,35 euros, enquanto um casal com dois filhos, uma potência de 6,9 kVA e consumo 5000 kWh/ano pagará 95,19 euros. Estes valores representam um aumento de 1,05 euros no primeiro caso e de 2,86 euros no segundo, face à fatura de março.
Já no caso do gás natural, as tarifas sobem também em média 3% para os 230.000 clientes que permanecem no mercado regulado, que correspondem a cerca de 2,2% do consumo total. Segundo a estimativa do regulador, este aumento de preços no mercado regulado representa um acréscimo de 33 cêntimos numa fatura média mensal de um casal sem filhos (1.º escalão de consumo, consumo 1.610 kWh/ano) e de 70 cêntimos na de um casal com dois filhos (2.º escalão de consumo, consumo 3.407 kWh/ano).
Crise energética agravou-se com a guerra a Ucrânia
Os mercados grossistas de eletricidade e de gás natural já atravessavam uma crise energética, com valores historicamente elevados, tendo a escalada de preços disparado com a guerra na Ucrânia, alcançando valores dez vezes superiores aos que se registavam no início de 2021.
O preço médio da eletricidade no mercado grossista ibérico superou, pela primeira vez na história, em março, os 500 euros por megawatt-hora.

ERSE propõe aumento no gás natural a partir de outubro
Entretanto, a ERSE anunciou uma nova proposta para o preço do gás natural para o período de 1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023. Fazendo as contas, os consumidores do mercado regulado deverão esperar um aumento de 8,2% na conta do gás a partir de outubro.
"A ERSE apresenta a proposta de tarifas e preços de gás natural para o período de 1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023, num contexto de forte incerteza, marcada pela escassez de oferta face à procura de matérias primas e energia devido à situação pandémica de Covid-19 e à guerra na Ucrânia. Esta conjuntura, agravou a subida dos preços da energia nos mercados grossistas, aumentando os receios de um cenário de menor crescimento económico e de maior inflação, que afeta de forma significativa os consumos e preços de gás, que em março subiram 631%, em termos homólogos, no mercado de referência europeu, o Title Transfer Facility (TTF)", lê-se no comunicado da ERSE.
De acordo com o regulador, "face ao preço médio do ano-gás anterior (2021-2022), os consumidores registarão a partir de outubro (ano-gás 2022-2023) um acréscimo de 8,2% no preço de venda final, contudo, face ao valor em vigor a partir de 1 de abril de 2022, devido à revisão trimestral ocorrida, os consumidores irão observar um aumento médio de 6,5% em outubro de 2022".
Afetados por este aumento estão cerca de 230 mil consumidores, estima a ERSE, salientando que este universo representa "cerca de 2% do consumo nacional”. Com esta proposta, os preços de venda a clientes finais do mercado regulado observam, em cinco anos, uma variação média anual de 0,4% no preço final. A excepção a este aumento são os quase 50 mil beneficiários da tarifa social, que terão um desconto de 31,2% sobre as tarifas transitórias.
*Com Lusa
Para poder comentar deves entrar na tua conta