
Quase um ano depois de rebentar o escândalo da gigante imobiliária Evergrande, que deixou marcas nos setores da construção e do imobiliário, com lastro na economia local e internacional, a China anunciou esta quarta-feira, dia 24 de agosto de 2022, a abertura de investigações sobre vários altos executivos de empresas imobiliárias estatais, por "graves violações da disciplina e da lei", um eufemismo usado no país para atos de corrupção.
Trata-se de mais um golpe para um setor - chave da economia chinesa, que enfrenta já uma desaceleração nas vendas, uma crise de liquidez e compradores insatisfeitos com longos prazos de entrega dos imóveis.
Os órgãos locais da agência anticorrupção do Partido Comunista Chinês anunciaram, em comunicados separados, a colocação sob investigação de quatro líderes de empresas imobiliárias.
Suspeitas de corrupção e desobediência política por parte dos gestores das imobiliárias
Os alvos das investigações das autoridades chinesas são:
- Zhuang Yuekai, Presidente do Conselho da C&D Real Estate;
- Shi Zhen, Presidente do Conselho de Serviços Urbanos da C&D;
- Liu Hui, vice-diretor geral do Shenzhen Talents Housing Group;
- Tang Yong, ex-presidente do Conselho de Administração da China Resources Land.
Todos os quatro são suspeitos de "graves violações da disciplina e da lei", dizem os comunicados, sem acrescentarem mais detalhes.
Esta expressão é frequentemente utilizada pelas autoridades para designar atos de corrupção ou fraude, mas também pode designar, em alguns casos, desobediência para com as diretrizes políticas do PCC.
Estas investigações podem "dar mais um golpe na confiança dos investidores e levantar preocupações sobre a gestão interna de certas empresas públicas", disse o analista Ting Meng, do ANZ Bank, citado pela agência Bloomberg.
Estes anúncios chegam a poucos meses da realização do XX Congresso do PCC, o mais importante evento da agenda política chinesa, que se realiza a cada cinco anos. Este ano, o Congresso deve atribuir ao secretário-geral do PCC, Xi Jinping, um terceiro mandato de cinco anos, quebrando com a tradição política das últimas décadas.
Desde que assumiu a liderança do PCC, em 2012, Xi lançou uma vasta campanha anticorrupção, que resultou na punição de altos cargos do Partido, líderes de empresas e organizações públicas, ou oficiais superiores do exército.
Na China, quase todas as personalidades processadas por corrupção acabam por ser condenadas.
Para poder comentar deves entrar na tua conta