
"Imagina adormecer ao som de um rio a correr e acordar com o chilrear dos pássaros e com vista para uma paisagem verde opulenta. A arquitetura poderia tornar-se secundária, se não tivesse sido tão meticulosamente concebida". É assim que os responsáveis por este projeto descrevem o que as pessoas que decidam visitar a The Granary House, um resort turístico em Arouca, irão encontrar.
Concebida por Marta Brandão + MIMA Housing, a casa foi construída no local de um antigo espigueiro. A fim de prestar homenagem à arquitetura tradicional do local, as dimensões e proporções do edifício anterior foram respeitadas. A equipa queria que o edifício se misturasse suavemente com o ambiente natural, evitando estridência e impacto paisagístico excessivo.
"Foi um trabalho de amor e resultou de uma rara oportunidade de concretizar um projeto absolutamente especial e único", lê-se na descrição do projeto, publicado no ArchDaily.

Por esta razão, optaram por um design minimalista discreto, mas elegante. Uma decisão sábia que torna fácil encaixar o edifício num terreno exuberante com vista para um rio. A oportunidade surgiu da conjugação de dois fatores: "a pré-existência de um espigueiro (construção tradicional da região de proporções esbeltas e elevado potencial de reinterpretação) e o contexto geográfico/natural: um sumptuoso terreno verdejante sobranceiro a um rio, que torna-se o cenário perfeito para hospedar e aprimorar um objeto arquitetónico único", explicam.

Inspirando-se em casas excecionais desenhadas por mestres como Peter Zumthor, Studio Mumbai, Herzog&de Meuron ou Vincent van Duysen, a Granary House pretendeu "atingir as características fundamentais que definem a qualidade destes projetos de referência: a poesia e a coerência do desenho em todas as frentes".

A Granary House é um local especialmente concebido para escapar à azáfama stressante da vida quotidiana da cidade. Aqui, os hóspedes podem relaxar e desfrutar de uma abordagem quase íntima à natureza. A escolha dos materiais utilizados foi fundamental para criar uma sensação de coesão sem descontinuidades entre os espaços interiores e exteriores.
"O processo começou com a definição de um conceito, uma linguagem. Seguiu-se a composição da paleta de materiais e cores que articulariam toda a arquitetura, exterior e interior. Assim, desde o desenho da casa na sua envolvente exterior e envolvente aos interiores, aos acabamentos, à escolha do mobiliário, dos têxteis e dos mais pequenos objetos, este respeito pelo léxico visual pré-estabelecido para a criação de um todo coerente tornou-se uma premissa fundamental", lê-se ainda.

Os pontos fortes da casa "são evidentes", segundo os responsáveis. O protagonista é o telhado de xisto, típico da região, feito com o reaproveitamento de ardósia envelhecida extraída de ruínas locais. Depois, "a esbeltez do volume e a ripa de madeira escura - uma reinterpretação simultaneamente minimalista e rústica do espigueiro tradicional - em contraste com a falésia resultante do corte do terreno a norte. O revestimento da fachada numa delicada ripa de madeira escurecida e, acima de tudo, sua subdivisão em persianas de madeira deslizantes ao sul, transformam a fachada em um elemento vivo e mutável".





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