
É verdade que as casas para arrendar em Portugal estão a ficar cada vez mais caras. E é precisamente nos grandes centros urbanos, como Lisboa e o Porto, onde se encontram as rendas mais elevadas de todo o país. Comparando-as com 24 cidades europeias, salta à vista que Lisboa é mesmo a 3ª cidade mais cara para arrendar casa no início de 2023, apresentando uma renda mediana de um apartamento T1 de acima dos 2.000 euros. À frente da capital portuguesa ficou só Amesterdão e Reykjavik, aponta estudo.
Os dados são do HousingAnywhere International Rent Index, que revela ainda que em Amsterdão, arrendar um apartamento T1 custou 2.250 euros em termos medianos, o valor mais elevado de todas as 24 cidades analisadas. Em segundo lugar está Reykjavik, a capital da Islândia, onde arrendar casa custou 2.139 euros no primeiro trimestre de 2023, revela o estudo que analisou mais de 52.000 imóveis colocados no mercado de arrendamento (apartamentos T1, estúdios e quartos).
Lisboa aparece mesmo em terceiro lugar: aqui arrendar um apartamento com um quarto custou, em termos medianos, 2.005 euros, um valor superior ao registado no trimestre anterior (1.910 euros). Mas o valor mediano que representa o custo de arrendar casa na capital portuguesa foi ainda maior entre julho e setembro de 2023, de 2.200 euros, mostra o documento.
Estas foram as únicas cidades europeias - das 24 analisadas - que apresentaram rendas das casas superiores a 2.000 euros, já que o quarto e quinto lugares ocupados por Milão e Munique registaram preços de 1.800 euros.
Nesta análise entra ainda outra cidade portuguesa: o Porto, onde as rendas medianas dos apartamentos chegaram a 1.200 euros no primeiro trimestre de 2023, tendo subido 200 euros em relação aos 1.000 euros registados no trimestre anterior. A Invicta foi, assim, a sexta cidade que apresentou as rendas dos apartamentos mais baixas nesta análise, estando ao lado de cidades como Viena (1.190 euros), Bruxelas (1.150 euros), Valência (1.100 euros), Budapeste (990 euros) e Turim (879 euros).
Subida das rendas abranda na Europa – mas Lisboa e Porto estão entre os maiores aumentos
Pela primeira em seis trimestres, o HousingAnywhere International Rent Index observou que o aumento das rendas das casas está a “perder força”. A evolução anual média das rendas nestas cidades da Europa foi de 11,9% entre janeiro e março de 2023, um valor 2,4 pontos percentuais inferior em relação ao aumento de 14,3% registado no trimestre anterior, lê-se na publicação. Em concreto, das rendas subiram 7,9% nos apartamentos, 10,9% nos quartos e 16,7% nos estúdios.
“O atual abrandamento do aumento dos preços das rendas indica apenas um regresso ao estado pré-pandémico, marcado por um significativo desequilíbrio entre a oferta e a procura. Para enfrentar a crise imobiliária europeia, os governos devem atuar sobre a estrutural falta de oferta de casas com uma combinação equilibrada de incentivos e restrições”, comenta Djordy Seelmann, CEO da HousingAnywhere.
Ainda assim, está não é uma realidade homogénea em todas as 24 cidades europeias analisadas pela HousingAnywhere, que destaca mesmo que as cidades portuguesas estão entre as que registaram as maiores subidas das rendas em termos anuais, tal como as cidades dos Países Baixos e da Alemanha:
- Quartos: as rendas subiram 22,5% no Porto entre o primeiro trimestre de 2023 face ao período homólogo, fixando-se nos 435 euros em termos medianos. Já em Lisboa subiram 21,5% para 510 euros por mês. Assim, as cidades portuguesas estiveram entre as cinco que registaram maiores aumentos dos preços dos quartos para arrendar;
- Estúdios: arrendar um estúdio ficou 81,6% mais caro em Lisboa, o maior aumento registado entre as cidades analisadas, passando a custar 1.212 euros por mês. No Porto, as rendas dos estúdios subiram 12,5% para 900 euros (valor mediano);
- Apartamentos: a renda dos apartamentos subiu bem menos nas duas cidades portuguesas em termos homólogos. No Porto, aumentou 11,6% para 1.200 euros mensais. E em Lisboa arrendar um apartamento passou a custar mais 7,7%, fixando-se o preço mediano em 2.005 euros por mês.
As duas maiores cidades portuguesas também se destacaram na evolução das rendas entre o último trimestre de 2022 e os primeiros três meses de 2023, aponta o estudo. “Em Portugal, tanto o Porto como Lisboa registam elevados aumentos trimestrais em todos os tipos de propriedade”, destaca o documento. Em concreto, as rendas dos estúdios em Lisboa aumentaram 51,4% neste trimestre, um salto que tornou a capital portuguesa a cidade com a maior subida trimestral dos preços dos estúdios no Rent Index, seguida de Haia (31,6%) nos Países Baixos. Ao mesmo tempo, o Porto apresentou o maior aumento trimestral dos preços dos apartamentos para arrendar com 20%, seguido de Helsínquia (12,5%), a capital da Finlândia.
E não há boas notícias no curto prazo. “Com o início da época alta no turismo, a oferta de habitação para arrendamento residencial corre o risco de ser ainda mais reduzida neste período, uma vez que alguns proprietários podem mudar os seus imóveis de arrendamentos de média/longa duração para alojamentos de curta duração para fins turísticos”, recorda ainda a publicação.
Além disso, com um novo ano académico à porta já em setembro, haverá novamente jovens estudantes e profissionais a procurar de casa, quartos ou estúdios para arrendar, o que volta a pressionar a oferta neste mercado e, por conseguinte, dá gás à subida das rendas nos meses seguintes.
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