
O contexto económico mudou – e muito – em 2022. Os portugueses viram o poder de compra a encolher, por via da alta inflação, e o acesso à habitação ainda mais dificultado, devido à subida das rendas, dos preços das casas e dos juros no crédito habitação. Como os rendimentos não sobem ao ritmo da inflação, os portugueses sentiram a sua situação financeira piorar. E, agora, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que mais de um em cada três portugueses está insatisfeito com as suas finanças pessoais.
O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2022 do INE, dirigido às pessoas com 16 ou mais anos, incluiu perguntas sobre a qualidade de vida, medindo nomeadamente a satisfação com a situação financeira do agregado, com as relações pessoais e com o tempo livre de que dispunham, bem como sobre a frequência com que os indivíduos se sentiam felizes e a existência de apoio social.
Os resultados publicados esta sexta-feira, dia 21 de abril, revelam que de todos os domínios analisados, os portugueses estão especialmente insatisfeitos com as suas finanças pessoais. Ora, a média de satisfação com a situação financeira foi de 6,0 em 2022, numa escala de 0 a 10 em que 0 é nada satisfeito e 10 totalmente satisfeito. Isto quer dizer que a “satisfação com a situação financeira é menor do que a satisfação com a vida em geral”, cuja média apurada foi de 7 na mesma escala.
Em concreto, estes são os níveis de satisfação da população, com 16 ou mais anos, com a situação financeira do agregado em 2022:
- 39,3% das pessoas consideravam baixo o seu nível de satisfação com a situação financeira do agregado;
- 47,9% da população estava satisfeito com as suas finanças num nível médio;
- 12,8% tinha uma satisfação elevada com as suas finanças pessoais.
O que os dados também mostram é que a insatisfação com a situação financeira é maior nos grupos etários a partir dos 50 anos (sendo sempre superior a 45%). Já “o grupo etário dos 16 aos 24 anos é o que apresenta a menor proporção de pessoas com um nível de satisfação baixo (25,7%) e a maior proporção de pessoas com um nível de satisfação elevado (23,4%)" com as finanças do agregado, conclui o instituto.
O INE acrescenta ainda que “a proporção de pessoas que completaram o ensino superior e avaliaram a sua satisfação com a situação financeira com um nível elevado foi 16%, mais 3,2 pontos percentuais (p.p.) do que a proporção dos que completaram o ensino secundário e mais 4,8 p.p. dos que completaram o ensino básico”.
Famílias portuguesas estão satisfeitas com a vida em geral?
O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento mediu o grau de satisfação da população portuguesa com a vida. E concluiu que a média da satisfação com a vida em geral foi de 7 na escala até 10 em 2022, inferior à do ano anterior (7,1) e superior à registada em 2018 (6,8).
Neste estudo foram considerados vários aspetos que contribuem para a avaliação da vida em geral, como:
- as relações pessoais: foram, em média, as que mais satisfizeram a população (8,2 em 10);
- o tempo livre: média da satisfação foi de 7,0;
- confiança nas pessoas em geral (sem considerar familiares e amigos): foi 5,7 em 2022, superior ao resultado registado em 2021 (5,6) e em 2018 (5,2).
- a situação financeira do agregado familiar foi o aspeto menos positivo (6 em 10)
Em 2022, 65,8% da população com 16 ou mais anos referiu sentir-se feliz sempre ou a maior parte do tempo, e 78,5% indicou nunca ou pouco tempo sentir-se só e isolado.

Cerca de um quarto desta população (24,9%) disse reunir-se com familiares todos os dias e 42,2% todas as semanas, o que significa que a maioria (67,1%) se encontrava com familiares pelo menos uma vez por semana.
No mesmo ano, 55,9% da população inquirida indicou ter ido, nos 12 meses anteriores à entrevista, ao cinema (26,4%), ter assistidos pelo menos um espetáculo ao vivo, como teatro, um concerto ou evento cultural organizado ao ar livre (30,8%), ter visitado um local de interesse cultural, como um museu, monumento histórico, galeria de arte ou sítio arqueológico (36,2%) e assistido a acontecimentos desportivos ao vivo (23,8%).
A maioria dos inquiridos (58,1%) referiu nunca ter lido um livro nos 12 meses anteriores à entrevista, a maior parte por falta de interesse (65,7%). Mais de 40% disseram que leram pelo menos um livro, dos quais quase 70% leram entre um e quatro livros.
Para poder comentar deves entrar na tua conta