Em Portugal, já se fazem negócios neste sentido, mas ainda não é uma “opção amplamente adotada” pelo tecido empresarial.
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Foto de Alesia Kazantceva no Unsplash

A venda de imóveis corporativos na Europa, Médio Oriente e África (EMEA) arrecadou 25,6 mil milhões de euros, em 2022, em mais de 700  transações, de acordo com o último relatório do Raising Capital from Corporate Real Estate da JLL. Em Portugal, já se fazem negócios neste sentido, mas ainda não é uma “opção amplamente adotada”.

"Apesar da queda de 14% no volume de investimentos anual em todo o mundo, os mercados imobiliários conseguiram resistir às dificuldades económicas globais. Como resultado, as vendas de imóveis corporativos ultrapassaram os 25 mil milhões de euros pelo quinto ano consecutivo, representando um aumento de 9% em relação à média dos últimos 10 anos, refere a JLL, em comunicado". O Reino Unido, a Alemanha e a França continuam a ser os mercados mais ativos, representando 54% do valor total das transações na região.

Escritórios e imóveis industriais na liderança

Os escritórios e imóveis industriais representaram 60% do valor total de transações na região EMEA - só os imóveis industriais e logísticos geraram 9 mil milhões de euros em transações. Destacam-se no mercado transações como a da sede internacional da Booking.com, em Amsterdão, que foi vendida por 566 milhões de euros em dezembro e que se tornou uma das maiores transações de 2022. No mesmo mês, a rede de supermercados britânica Morrisons realizou uma venda e relocação de portfólio por 220 milhões de libras (253 milhões de euros).

As operações no setor do retalho e do lazer aumentaram 26%, atingindo 3,9 mil milhões de euros, com as mercearias e as grandes superfícies comerciais a registarem elevados níveis de atividade, uma vez que os supermercados procuraram desbloquear capital para financiar a reestruturação da dívida e a melhoria das lojas. No setor da saúde, o valor das transações manteve-se estável em 3 mil milhões de euros.

“Em 2022 as empresas enfrentaram diversos obstáculos que afetaram seu crescimento, aumentaram os seus custos e tiveram quebras em algumas cadeias de abastecimento. Para as empresas que ocupam os seus próprios imóveis, o desbloqueio de capital continuou a ser uma opção atrativa e viável para gerar liquidez, num ambiente de custos mais elevados, complementando as opções de financiamento corporativo tradicionais. Acreditamos que as empresas detidas ou controladas por capitais privados continuem a impulsionar esta atividade de rentabilização", refere Nick Compton, Head of EMEA Corporate Capital Markets da JLL.

Portugal ainda "tímido" na venda de imóveis corporativos

Gonçalo Santos, Head Of Capital Markets JLL, explica que, em Portugal, "também já se verifica esta tendência de alienação de imóveis próprios por parte das empresas, muitas vezes envolvendo a opção de permanecerem como arrendatários, nas operações que conhecemos como sale & leaseback. A grande motivação das empresas é libertar capital para investimento na atividade ou para amortizar dívida face aos elevados custos d financiamento".

Contudo, salienta o responsável, “não é ainda uma opção amplamente adotada pelo tecido empresarial português, que muitas vezes vê o seu imóvel como parte indissociável de negócio, especialmente na área industrial". "Acreditamos, contudo, que a venda de imobiliário próprio será uma opção estratégica considerada por cada vez mais empresas em Portugal, pois além de ser uma fonte de recapitalização permite ainda reduzir os encargos associados à propriedade e manutenção de um imóvel”, diz. 

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