Entre janeiro e maio deste ano, as famílias com crédito habitação em Portugal amortizaram antecipadamente 3,7 mil milhões de euros, mais 1,5 mil milhões de euros (quase 70%) que no mesmo período do ano passado. A garantia foi dada por Clara Raposo, vice-governadora do Banco de Portugal (BdP), e acontece num momento em que a prestação da casa está a subir em flecha, devido ao aumento das taxas Euribor.
A responsável adiantou, em entrevista conjunta ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que o facto de as famílias estarem a entregar aos bancos dinheiro de forma antecipada para amortizaram o crédito da casa é um dos fatores que está a contribuir para a fuga de depósitos dos bancos portugueses.
“Os bancos portugueses têm uma situação de liquidez bastante confortável e os certificados de aforro trouxeram taxas bastante atrativas para quem teve capacidade de poupança. Nos primeiros cinco meses deste ano tivemos a tal redução superior a oito mil milhões de euros em depósitos, também tivemos mais de dez mil milhões de euros em aplicações em certificados de aforro, além das reduções dos empréstimos à habitação: mais 3.700 milhões de euros em amortizações de empréstimos à habitação, que também são mais 1.500 milhões de euros do que no ano anterior. Há uma transferência”, referiu Clara Raposo,.
O regulador continua, ainda assim, a acreditar na solidez do sistema financeiro e dos bancos, havendo “margem” para que a banca aumente a remuneração dada aos depositantes.
“Vejo alguma margem para os bancos terem algum progresso na subida das taxas dos depósitos. Aliás, neste último mês, olhando para o valor da taxa de depósitos, houve uma subida de cerca de 25 pontos base em média [o que compara com 1,03% em abril]. Temos de saber de onde vimos. Vimos do zero total e até tivemos noutros países da Europa em que, quando as taxas de juro eram negativas, transmitiram taxas de juro negativas aos seus depósitos, coisa que em Portugal nunca aconteceu (…)”, concluiu a vice-governadora do BdP.
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