Guerra na Ucrânia, conflito em Israel e crise climática são riscos a considerar pelo BCE sobre o futuro da política monetária.
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Juros do BCE
Christine Lagarde, presidente do BCE Freepik

Esta quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as taxas de juro diretoras inalteradas, rondando os 4%. E como será no futuro? O regulador europeu diz que as suas futuras decisões vão assegurar que “as taxas diretoras sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário”, para que a inflação regresse aos 2%. “É totalmente prematuro pensar em cortar juros”, avisou Christine Lagarde. Até porque, hoje, há vários riscos que podem ter impacto na economia europeia e mudar as perspetivas futuras da inflação na Zona Euro, nomeadamente a guerra na Ucrânia, o conflito armado entre o Hamas e Israel e ainda a crise climática.

A política monetária está restritiva e assim vai continuar por tempo indeterminado. Apesar do BCE ter decidido fazer uma pausa na subida dos juros na reunião desta quinta-feira, dia 26 de outubro, um corte está fora dos planos, pelo menos para já.  “É totalmente prematuro pensar em cortar juros. O que falámos e decidimos nesta reunião foi em manter", frisou Christine Lagarde, presidente do BCE, na conferência de imprensa que se seguiu à decisão, que terá sido unânime dentro do Conselho.

“É totalmente prematuro pensar em cortar juros”, disse Christine Lagarde

“As futuras decisões do Conselho do BCE assegurarão que as taxas diretoras sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário”, para garantir o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%, explicaram no comunicado. E, uma vez mais, sublinharam que as decisões são tomadas reunião em reunião tendo em conta as perspetivas de inflação, da inflação subjacente, de outros dados económicos, bem como da força da transmissão da política monetária.

Portanto, em cima da mesa do BCE para as próximas reuniões está a manutenção dos juros diretores nos atuais níveis ou até apostar em novos aumentos. Recorde-se que Christine Lagarde frisou no fim da última reunião de setembro que "é demasiado cedo para dizer se as taxas de juro do BCE atingiram o seu pico”. E, agora, o regulador europeu alertou que "ainda se espera que a inflação permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo, e as pressões internas sobre os preços permanecem fortes". Além disso, há riscos externos que o BCE tem em conta e que podem mexer com as suas futuras decisões.

Futuro das decisões do BCE
Foto de Mikhail Nilov no Pexels

Guerras e crise climática são riscos para a inflação na Zona Euro

Apesar da inflação e da inflação subjacente estarem a desacelerar e das condições de financiamento mais restritivas estarem a enfraquecer a procura, a economia da Zona Euro tem estado enfraquecida. E o BCE admite que “a economia deverá permanecer fraca durante o resto deste ano”, explicam.

Isto deve-se à desaceleração da atividade industrial, ao enfraquecimento do setor dos serviços, assim como à moderação da procura externa. Já a resiliência do emprego tem vindo a contrabalançar estes fatores - a taxa de desemprego atingiu o mínimo histórico de 6,4% em agosto. Mas a presidente do BCE acredita que “à medida que a inflação cai ainda mais, os rendimentos reais das famílias recuperam e a procura de exportações da área do euro aumenta, a economia deverá fortalecer-se nos próximos anos”.

Acontece que há riscos para o crescimento económico que devem ser tidos em conta. Ao nível geopolítico, o BCE destaca a guerra na Ucrânia e o conflito armado entre o Hamas e Israel, que poderão fazer “subir os preços da energia no curto prazo, enquanto tornam as perspetivas a médio prazo mais incertas”. Este cenário traria, portanto, uma subida da inflação. A somar a estes riscos, está ainda a crise climática. “As condições meteorológicas extremas e o desenrolar da crise climática de forma mais ampla poderão fazer subir os preços dos alimentos mais do que o esperado. Um aumento duradouro das expectativas de inflação acima da nossa meta, ou aumentos superiores aos previstos nos salários ou nas margens de lucro, também poderá aumentar a inflação, inclusive a médio prazo”, explicam.

Este é um cenário menos positivo traçado pelo BCE, considerando que estes riscos teriam impacto na inflação, o que poderia influenciar o agravamento da política monetária. Mas também há outro cenário: por outro lado, as tensões geopolíticas podem fazer com que “as empresas e as famílias se tornem menos confiantes e mais incertas quanto ao futuro”, reduzindo a procura. Portanto, “uma procura mais fraca – por exemplo devido a uma transmissão mais forte da política monetária ou a um agravamento do ambiente económico no resto do mundo num contexto de maiores riscos geopolíticos – aliviaria as pressões sobre os preços, especialmente no médio prazo”.

O BCE também considera que o crescimento económico da área do euro “poderá ser superior ao esperado se o mercado de trabalho ainda resiliente e o aumento dos rendimentos reais significarem que as pessoas e as empresas se tornam mais confiantes e gastam mais, ou se a economia mundial crescer mais fortemente do que o esperado”, apontam.

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