
O mercado imobiliário português encerra 2024 com um crescimento de cerca de 20% no investimento comercial e uma recuperação “robusta” no segmento habitacional, segundo dados recentes da JLL. A consultora destaca uma reativação significativa na segunda metade do ano, após um início marcado por incertezas macroeconómicas e políticas.
No setor de escritórios bem como no setor industrial e logística, o balanço de 2024 é “especialmente positivo”, com níveis de ocupação que, antes do final do ano, já estavam 20% a 70% acima do total da atividade de 2023. No âmbito da hotelaria e do retalho, prossegue-se a trajetória positiva dos indicadores de operação, “o que estimulou o desempenho destes dois segmentos imobiliários em termos de procura”, frisa a JLL.
“Os resultados anuais estimados escondem um ano a dois ritmos: uma primeira metade de 2024 mais arrefecida do que o inicialmente previsto e uma segunda metade com uma boa reativação da atividade. No 1º semestre, o abrandamento sentiu-se especialmente no investimento comercial e na habitação, com uma redução nas transações”, começa por explicar o CEO da consultora, Carlos Cardoso.

Acrescenta que, com o início das descidas dos juros, a estabilização da estrutura governativa e a implementação de novas medidas para o setor da habitação, o mercado imobiliário foi reativando, o que permite antecipar um fecho de ano superior a 2023 em todos os segmentos”.
Carlos Cardoso explica que 2024 volta a confirmar a resiliência do imobiliário: "Mesmo no período de arrefecimento da atividade transacional durante o 1º semestre, os indicadores de valorização dos diversos segmentos sustentaram comportamentos positivos, o que se deve, em grande parte, também à generalizada falta de oferta”.
De acordo com o CEO da JLL, este continua a ser um dos grandes desafios da indústria. "Temos falta de casas para as classes médias e camadas mais jovens, mas carecemos também de escritórios alinhados com as exigências de sustentabilidade das empresas, de espaços de logística e armazenagem, sem falar do potencial ainda por explorar de mercados como os data centers, as residências especializadas – seja de estudantes sejam seniores -, ou o build to rent”, salienta.
Com um cenário macroeconómico mais favorável previsto para 2025, a JLL projeta um mercado dinâmico, suportado por níveis competitivos de preços e rendas, mas reforça a importância de medidas estruturais para garantir a sustentabilidade do setor.
Análise por segmentos imobiliários
- No investimento comercial, as estimativas apontam para um regresso aos níveis médios dos últimos três anos, em torno dos 2.000 milhões transacionados, recuperando cerca de 20% face aos 1.700 milhões transacionados em 2023 e com um regresso à ribalta dos ativos de retalho.
- Na habitação, depois de caírem quase 20% em 2023 e ainda no 1º trimestre, as vendas das casas estão a subir de forma expressiva. Os últimos dados revelam que, nos últimos três meses até novembro, o mercado residencial estava a transacionar 26% acima dos valores registados no final de 2023 no que respeita ao número de aquisições, resultado de uma forte aceleração da procura desde o período do verão.
- A ocupação empresarial de escritórios e de logística regista um ano especialmente positivo. Estes setores foram uma exceção no 1º semestre, com aumento da absorção, e antes do final de 2024 já superam a atividade de todo o ano anterior. Em Lisboa, até novembro foram ocupados 193.200 m2 de escritórios, mais 72% do que o total de 2023, enquanto no Porto a ocupação nesse período de janeiro a novembro soma 65.900 m2 , 32% acima do volume anual de 2023.

- No imobiliário de industrial e logística, a ocupação ascende a 513.500 m2 entre janeiro e setembro, mais 20% do que o acumulado de todo o ano de 2023. Nos setores de hotelaria e retalho, os índices de crescimento são menores, mas dão continuidade à trajetória positiva do último ano, suportados por indicadores operacionais robustos.
- No âmbito da hotelaria, continuaram a aumentar o número de hóspedes (+5% até outubro) e a taxa de ocupação em Lisboa e Porto mantém-se acima dos 70%. No retalho assiste-se a um aumento do consumo privado, refletindo o bom desempenho do volume de vendas, do footfall e na melhoria da confiança dos consumidores, com estímulo da procura de espaços nos diversos formatos.
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