País oferece “condições únicas para o investimento”, diz ao idealista/news João Miguel Louro, diretor da eXp Realty Portugal.
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Investir em imobiliário em Portugal
João Miguel Louro, diretor da eXp Realty Portugal Créditos: eXp Realty Portugal

“Para o investidor focado na melhoria da qualidade de vida, Portugal continua a ser um destino atrativo”, oferecendo “condições únicas para o investimento imobiliário". Quem o diz é João Miguel Louro, diretor da eXp Realty Portugal, uma mediadora imobiliária 100% digital de origem norte-americana que aterrou em solo nacional em 2020, em plena pandemia. “Não temos escritórios físicos em Portugal, mas isso não quer dizer que não nos encontremos fisicamente”, explica em entrevista ao idealista/news. 

Segundo João Miguel Louro, que foi recentemente nomeado líder de expansão para o negócio da eXp Realty em Portugal – a empresa está presente em mais de 20 países e tem mais de 87.000 agentes –, “Portugal sempre foi um destino incrivelmente popular para compradores expatriados”, estando agora a assistir-se “a uma forte procura de novos territórios, como os EUA”. 

Só este ano, adianta, a mediadora vendeu mais de 3.000 propriedades, um número que representa, até à data, um aumento de 89% em relação ao período homólogo. E será que os preços das casas vão continuar a subir? Devem “manter-se robustos em 2015”, antecipa, apontando o dedo à falta de oferta existente: “Até implementarmos políticas destinadas a acelerar a construção de novas casas, a situação tenderá a manter-se e os preços das casas continuarão a ser inflacionados devido ao elevado interesse dos compradores”. 

Casas em Lisboa
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Foi nomeado recentemente líder de expansão da eXp Realty para Portugal. Fale-nos um pouco sobre o seu percurso e sobre os desafios relacionados com esta nova função?

Comecei a trabalhar no setor imobiliário em 2006. Deixei o setor em 2009 por um breve período para iniciar um negócio familiar antes de regressar em 2014. Na altura, trabalhava como gestor de vendas para a Remax, que é um modelo semelhante ao da eXp Realty em alguns aspetos. No entanto, mudei-me para a agência independente de luxo Estroli, onde trabalhei durante três anos antes de me mudar para a eXp Realty.

O principal desafio associado ao estabelecimento de uma nova marca num mercado é, evidentemente, gerar notoriedade e competir com empresas que já estão bem estabelecidas. No entanto, a eXp Realty é diferente da maioria pelo facto de termos recebido todos os benefícios da marca global eXp Realty desde o início, o que nos proporciona formação, recursos e a capacidade de colaborar com outros agentes com a mesma mentalidade em todo o mundo. Embora a fase inicial do estabelecimento da empresa tenha sido um desafio, foi muito mais fácil lançar as bases e ganhar tração no mercado graças a este apoio.

A eXp é uma imobiliária norte-americana 100% digital que chegou a Portugal em 2020, em plena pandemia. Que balanço de atividade é possível fazer?

A capacidade de trabalhar de forma independente e sem a necessidade de escritórios físicos, por exemplo, permitiu-nos “navegar na paisagem” de forma muito mais eficaz do que muitas outras agências. 

Como resultado, tivemos uma taxa de crescimento muito forte e isso demonstrou que os modelos centrados no agente, como é o caso da eXp, são o futuro do setor. Não vemos qualquer razão para que o nosso modelo não se torne o predominante no mercado português e já estamos a ganhar tração, tal como acontece noutros países.

Portugal foi, em 2020, o segundo país europeu escolhido para a internacionalização da marca. Porquê a escolha de Portugal?

A eXp Realty estava a tentar expandir-se agressivamente para os mercados europeus e já tinha começado a estabelecer uma presença no Reino Unido, onde estava a crescer rapidamente. Por isso, fazia sentido olhar para países que talvez tivessem laços estreitos e possíveis oportunidades de referência, pelo que países como Portugal, Espanha e França eram obviamente atrativos para a eXp Realty.

"Somos 100% digitais e por isso não temos escritórios físicos em Portugal, mas isso não quer dizer que não nos encontremos fisicamente. (...) Os modelos centrados no agente, como é o caso da eXp, são o futuro do setor da mediação imobiliária"

O que mudou, desde então, no setor e no negócio da mediação imobiliária em Portugal?    

Portugal sempre foi um destino incrivelmente popular para compradores expatriados, mas embora este interesse tenha vindo tradicionalmente do Reino Unido e da Europa, estamos agora a assistir a uma forte procura de novos territórios, como os EUA.

Estes compradores estão mais habituados ao estilo do modelo da eXp Realty e esperam o serviço pessoal de um indivíduo dedicado para os guiar durante o processo de compra de um imóvel. Ao mesmo tempo, podemos colaborar com os agentes da eXp nos seus mercados locais, que podem até estar a facilitar a venda da sua propriedade atual, o que nos permite trabalhar mais de perto com o seu calendário e requisitos pessoais e, ao mesmo tempo, proporciona ao cliente um maior nível de confiança e segurança.

Mediação imobiliária em Portugal
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Que diferenças encontram com o mercado norte-americano? Que pontos considera que se poderiam incorporar na atividade em Portugal?

Os dois mercados são muito semelhantes em vários aspetos. A regulamentação dos agentes é muito importante e o modelo de trabalhador independente é a norma nos EUA. As comissões ganhas por uma venda também podem ser muito semelhantes. 

Talvez a maior diferença nos EUA seja o Serviço de Listagem Múltipla, ou MLS, que permite que os agentes concorrentes colaborem mais estreitamente. Este é realmente o principal fator de diferenciação entre os dois mercados e a razão pela qual o modelo eXp se destaca dos restantes em Portugal.

Quantas transações de compra, venda e arrendamento de casas já fez a eXp em Portugal desde 2020? Este ano, até à data, foram feitas mais transações que no ano passado? O que esperar do futuro?

Até agora, este ano, a eXp Portugal já vendeu mais de 3.000 propriedades, um aumento de 89% em relação ao ano passado. Também temos visto um aumento consistente no número de agentes desde o lançamento em Portugal. E agora, que estabelecemos uma base extremamente forte, prevemos um crescimento contínuo e sustentável.

"Este ano, a eXp Portugal já vendeu mais de 3.000 propriedades, um aumento de 89% em relação ao ano passado. (...) Estamos em vias de terminar o ano com cerca de 260 agentes eXp Portugal, contra 33 no primeiro ano no mercado português"

O que distingue a eXp Realty de outras mediadoras digitas que atuam no país?    

A proposta de valor que oferecemos aos agentes é um dos principais fatores de diferenciação entre a eXp Realty e outras agências digitais. Eles têm autonomia sobre o seu próprio negócio e marca, mas nós fornecemos-lhes os recursos, a formação e o aconselhamento de que necessitam para terem sucesso. 

Temos uma presença verdadeiramente global em 24 países e a capacidade de colaborar com cada um dos agentes dá-nos uma visão inigualável do mercado global, que pode ajudar a melhorar a nossa proposta e produto nacionais.

Os clientes (compradores) da eXp Realty são sobretudo portugueses?    

A comunidade de expatriados é muito ativa em Portugal, mas é claro que os compradores nacionais também o são. Não damos prioridade nem nos concentramos nos compradores internacionais, mas é claro que, devido à nossa presença global, recebemos naturalmente um elevado número de referências internacionais. No entanto, como qualquer outro agente a operar em Portugal, os compradores nacionais constituem a maioria da nossa atividade de compradores.

Comprar e vender casa em Portugal
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Quantos agentes imobiliários trabalham atualmente na eXp? Estão a recrutar? Quantos ambicionam ter no futuro e que requisitos têm de ter os agentes? 

Estamos em vias de terminar o ano com cerca de 260 agentes eXp Portugal, contra 33 no primeiro ano no mercado português. Estamos sempre à procura de agentes de topo, mas estes devem ter um mínimo de dois anos de experiência no setor, ser uma pessoa motivada e ter um historial comprovado de vendas.

Qual é o ‘modus operandi’ da empresa? Têm escritórios ou o processo é todo digital e os agentes não se reúnem fisicamente? 

Somos 100% digitais e por isso não temos escritórios físicos em Portugal, mas isso não quer dizer que não nos encontremos fisicamente. O setor imobiliário é um negócio de pessoas para pessoas e, por isso, damos muita importância às reuniões presenciais para partilhar e colaborar com os agentes. Isto pode ser feito numa base informal, mas há uma grande quantidade de eventos para ajudar a facilitar esta colaboração. Alguns são de âmbito regional ou nacional, mas também participamos na conferência anual nos EUA, onde podemos reunir-nos com agentes de todo o mundo durante três a quatro dias, o que pode ser uma experiência valiosa.

"A instabilidade fiscal será sempre um risco fundamental quando se trata de atrair investimento imobiliário (...). No entanto, para o investidor focado na melhoria da qualidade de vida, Portugal continua a ser um destino atrativo. É um país que oferece condições únicas para o investimento (...)"

Os agentes também se podem tornar acionistas da eXp e assim beneficiar de um ‘Revenue Share’, certo? Como funciona este processo? É uma realidade que também se verifica em Portugal ou apenas nos EUA?    

Tornar-se acionista e ganhar participação nos lucros são duas coisas diferentes. A partilha de receitas destina-se aos agentes da eXp Realty que atraem novos agentes para a marca e que beneficiarão de uma percentagem das receitas geradas pelo agente que trouxeram, o que constitui um fluxo de receitas adicional – uma espécie de “agradecimento” aos agentes que trazem outros agentes para o negócio – e é algo que a empresa implementa a nível mundial, pelo que qualquer agente que faça parte da eXp Realty pode beneficiar disto. 

Além disto, existe a oferta de ações da eXp World Holdings Inc. Como empresa de capital aberto na Nasdaq, oferecemos ações e participações neste negócio quando os agentes vendem imóveis com a eXp Realty, bem como para agentes que atingem outros marcos, como quando alguém se torna um agente ICON.

Casas no Porto
Créditos: Gonçalo Lopes | idealista/news

Os preços das casas em Portugal continuam elevados. Acredita que a tendência se irá manter em 2025?

Os preços das casas em Portugal deverão manter-se robustos e a principal razão para tal é o desequilíbrio do mercado entre a oferta e a procura. Até implementarmos políticas destinadas a acelerar a construção de novas casas, a situação tenderá a manter-se e os preços das casas continuarão a ser inflacionados devido ao elevado interesse dos compradores.

Portugal continua no radar dos investidores imobiliários, apesar de muitos players do setor lamentarem a instabilidade fiscal e a burocracia existentes? 

A instabilidade fiscal será sempre um risco fundamental quando se trata de atrair investimento imobiliário, uma vez que tais fatores acabarão por dissuadir aqueles que se concentram no retorno financeiro. No entanto, para o investidor focado na melhoria da qualidade de vida, Portugal continua a ser um destino atrativo. É um país que oferece condições únicas para o investimento, incluindo segurança, um ótimo clima, gastronomia e cultura. A barreira linguística é também menos problemática em comparação com muitos outros países da UE, e todos estes fatores significam que Portugal continua a ser um destino muito desejável para o investimento imobiliário.

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