
Paulo Santa Maria começou e terminou a entrevista ao idealista/news pondo o acento tónico na mesma narrativa: “a necessidade faz a causa”. Assim, se a construção civil tradicional neste momento não tem capacidades, a solução é a construção modular, defende.
Mas não foi só neste aspecto que incidiu o discurso. O general manager da Pureblok, empresa internacional com décadas de experiência neste setor, afirmou ainda que existe uma lacuna na construção em termos de isolamento e é neste contexto que apresenta esta empresa de construção modular como a “solução mais completa”.
Importa, no entanto, conhecer-se primeiro a Pureblok para descortinar o porquê.
Quem é a Pureblok?

Integra a família da Purever, uma multinacional especialista no setor das soluções isotérmicas, que conta com 70 anos de experiência em França e 30 anos em Portugal.
Com uma atuação vincada nas indústrias farmacêuticas, alimentar e hospital, trouxeram o know-how acumulado e a tecnologia aplicada para o fabrico de casas, fazendo nascer a Pureblok.
Quando questionado sobre a necessidade que sentiram de mercado para lançarem casas, a resposta foi rápida e concisa, “não é uma necessidade de, mas o aproveitar para”, atirou Paulo Santa Maria, prosseguindo:
“A Pureblok nasce precisamente como uma vertente alternativa àquilo que nós fazemos todos os dias. Se nós temos o melhor equipamento do mercado que é utilizado, por exemplo, nos grandes armazéns logísticos, para guardar alimentação a menos 40 graus e cumpre, porque não utilizar estes mesmos materiais para construir casas?”, questionou o general manager da Pureblok. “O que fizemos foi aproveitar aquilo que já fazíamos e adaptá-la durante algum tempo”, afirmou.
O que os distingue: Como funciona o painel da Pureblok?

Na mesma entrevista, o general manager apontou para falhas no mercado em termos de isolamento, algo que, tanto quanto defende, a tecnologia da Pureblok vem colmatar.
Paulo Santa Maria explicou que os painéis das casas contam com várias camadas, referindo a existência do painel isotérmico PIR; cortiça; lã de rocha e pladur. “É uma sandwich com várias soluções”, afirmou, reforçando também o bom comportamento anti-fumo.
A Pureblok faz saber ainda que termicamente, o painel da empresa equivale mais de 15 a 30 vezes a espessura de uma parede tradicional em bloco de cimento ou tijolo, pelo que o general manager torna a insistir: “temos o melhor de dois mundos em termos térmicos, acústicos e em termos de incêndio”.
Rapidez, isolamento e poupança energética: as vantagens

Paulo Santa Maria destacou que a camada mais jovem continua a ser a que regista maior procura pela construção modular mas também a que demostra menor preocupação em relação ao aquecimento ou arrefecimento, acabando por não pensar a longo prazo.
Isto porque, dados da empresa modular fazem saber que cerca de 40 a 50% da energia consumida num edifício é destinada ao aquecimento ou arrefecimento dos espaços.
“Quer-se uma casa porque sim, porque é preciso. Mas o custo de aquecer e arrefecer uma casa durante um ano, dá umas férias”, refere, remetendo para o facto de que a Pureblok garante conforto térmico e, consequentemente, uma redução da fatura de energia.
Casas demoram 6 meses a serem construídas
A rapidez de construção das casas modulares é também outro ponto levantado pelo general manager. Paulo Santa Maria, deu o exemplo de que se uma pessoa paga cerca de 1.000 euros de renda em Lisboa e pretende construir uma casa nos modelos tradicional, ao valor da renda ao senhorio acresce o empréstimo ao banco, durante aproximadamente dois anos até que esta esteja pronta para ser habitada.
“Portanto isto aumenta-lhe a despesa até ter um produto para poder utilizar. Fazendo com a Pureblok, a casa vai demorar no máximo seis meses a ser construída. Poupou assim, cerca de 18 meses, ou seja, 18 mil euros”, exemplificou.
Importa no entanto ressaltar, que este é o tempo estimado de construção, cuja Pureblok consegue controlar. Não estão englobados os prazos com os licenciamentos que estão dependentes das câmaras municipais, isto tendo em conta que todo o princípio que se utiliza na construção tradicional é aplicável à construção modular.
Em termos de valores, Paulo Santa Maria esclareceu que depende do grau de acabamentos à escolha do cliente, mas que as casas inserem-se num intervalo de preço entre os 1.500 euros e os 2.500 euros por metro quadrado.

O Simplex Urbanístico funcionou?
De acordo com o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, “o simplex não funcionou”, reconheceu o governante durante a conferência “Portugal 2030: Futuro Estratégico para o Setor da Construção”, em fevereiro deste ano.
Já Paulo Santa Maria, concorda e discorda em simultâneo. Na ótica do empresário, por um lado “há mais alguma rapidez e celeridade naquilo que é o processo”, mas, por outro lado, o maior entrave prende-se com a falta de pessoas necessárias nas câmaras para darem resposta.
“Um bocado à imagem do que acontece com a imigração, querem papéis. Se o departamento só tem quatro pessoas e essas quatro pessoas só conseguem atender trinta, não adianta cá fora estarem cem, porque nunca vamos ter resposta. Portanto, a mesma coisa acontece com o Simplex. Cada vez mais há entradas de processo em câmaras”, adiantou.
Resumindo? “As pessoas não chegam a tudo, mas está mais rápido”.
Recorde-se que o objetivo do simplex urbanístico era uma simplificação dos processos de licenciamento, o mesmo que será alvo de revisão e irá a Conselho de Ministros nas próximas semanas.

Soluções modulares já existem há anos
Indeciso se as pessoas estão a render-se “à evidencia ou à necessidade”, Paulo Santa Maria assume que está a haver uma mudança de paradigma nas mentalidades.
Nos últimos meses 35% das consultas foram feitas por pessoas acima dos 50 anos, “não como segunda habitação, mas como primeira”, faz saber o general manager.
“Com a reabilitação urbana que está a acontecer nos grandes centros, com os municípios a reconstruir edifícios antigos para rendas controladas e pessoas a necessitarem de casas, a capacidade de resposta é esta, é a solução modular”, reforça. “Caso contrário, vão estar dois anos à espera. Portanto, isto também faz com que as pessoas se adaptem. No passado toda a gente queria carros a diesel, agora quase toda a gente tem um carro elétrico”, conclui.
O empresário não terminou a entrevista ao idealista/news sem reforçar que em Portugal e no mundo, a construção com elementos pré-fabricados já é uma realidade há vários anos. “Em Paris, se ficarmos num hotel que tenha já 10 ou 15 anos, a construção desse hotel é modular. Está na nossa vida há anos”, atirou.
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