Número de intermediários registados no Banco de Portugal superou os 6.000 no arranque deste semestre.
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Casas em Lisboa
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Pedir crédito habitação diretamente no balcão dos bancos está a cair em desuso, em Portugal. Cada vez mais famílias recorrem aos intermediários de crédito, uma figura que trabalha com a banca e tem crescido exponencialmente, assumindo um papel central no financiamento da compra de casa.

De acordo com o Expresso, o número de intermediários registados no Banco de Portugal aumentou 30% desde 2019, atingindo os 6.090 no início de julho deste ano. Este crescimento não se reflete apenas no número de profissionais e empresas, o peso nos contratos disparou, também. Se em 2019 apenas 9,2% do crédito habitação passava por estes profissionais, em 2024 já era mais de metade de metade (57%).

Do total destas entidades formais a trabalhar, 5.266 são pessoas coletivas (empresas), todas autorizadas e reguladas pelo Banco de Portugal. Um sinal claro de que esta atividade deixou de ser residual e se tornou uma peça estrutural no mercado de crédito em Portugal.

Um relatório de avaliação do impacto do regime jurídico dos intermediários de crédito sublinha que a sua relevância no mercado aumentou em todas as frentes. “Os intermediários de crédito também ganharam expressão no montante total do crédito concedido”, lê-se no documento, citado pelo semanário.

Vantagens de pedir um empréstimo para comprar casa através de intermediários de crédito registados 

Este modelo não representa custos acrescidos para quem pede crédito, uma vez que são os bancos a remunerar os intermediários. “Menos de um terço são intermediários vinculados, ou seja, trabalham com um ou mais bancos (idealmente cinco) e são pagos por eles”, explicou ao Expresso a Associação Nacional de Intermediários de Crédito Autorizados (ANICA).

A associação, presidida por Tiago Vilaça, lembra ainda que esta forma de atuação permite às instituições financeiras reduzir custos fixos, substituindo parte da rede de balcões e funcionários por intermediários que só recebem se o negócio for concretizado.

Se no passado o setor era mais expressivo no crédito pessoal e automóvel, hoje o grande crescimento verifica-se no crédito habitação. Em declarações ao jornal, Tiago Vilaça defende que “faz sentido olhar para o modelo espanhol e adaptar algumas práticas ao contexto português”.

Tiago Vilaça
Gonçalo Lopes idealista/news

Utilização do modelo de financiamento espanhol como referência

Espanha é apontada como exemplo de maturidade e transparência. “Há uma separação clara entre imobiliárias e intermediários de crédito, e os clientes beneficiam de processos mais transparentes”, assinala o responsável da ANICA, recordando que em Portugal essa distinção não existe e que muitas imobiliárias acabam por entrar na intermediação “por necessidade e não por vocação”.

Outro dos aspetos destacados prende-se com a formação. Enquanto em Espanha os intermediários são obrigados a cumprir 15 horas de formação contínua por ano, em Portugal apenas é exigida a formação inicial. “É fundamental rever o regime jurídico de 2017 para que acompanhe a realidade atual”.

A ANICA identifica ainda outras prioridades, como “o combate à intermediação ilegal e às más práticas, a clarificação da atividade de angariação e a produção de dados independentes sobre a quota de mercado dos vários tipos de intermediários”.

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