Investimento estrangeiro em torres de escritórios, armazéns, centros comerciais e data centers chineses ascende a cerca de 140 mil milhões de dólares.
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Pequim
Pequim, China Getty images

O setor imobiliário na China enfrenta uma pressão crescente, com investidores internacionais a tentar vender imóveis adquiridos por milhares de milhões de dólares, muitas vezes a preços significativamente inferiores aos de compra. Desde o final de 2024, a BlackRock, Carlyle Group e outros gestores de investimento têm registado perdas substanciais na alienação de edifícios comerciais, enquanto bancos credores, como o HSBC e o Standard Chartered, alertam para um aumento dos incumprimentos de empréstimos. 

Segundo dados compilados pela MSCI Real Capital Analytics, o investimento estrangeiro em torres de escritórios, armazéns, centros comerciais e data centers chineses ascende a cerca de 140 mil milhões de dólares (120 milhões de euros à taxa de câmbio atual) nos últimos 15 anos.

De acordo com a Bloomberg, “os investidores estrangeiros estão presos aos seus imóveis na China”, disse Patrick Wong, analista sénior da Bloomberg Intelligence. O excesso de oferta nos principais centros urbanos, aliado a rendas em queda e taxas de que chegam a 40%, faz com que encontrar compradores locais, nomeadamente empresas estatais com liquidez, seja a única solução viável. A publicação acrescenta que “mesmo estas estão à espera de sinais de melhoria no mercado imobiliário”, deixando muitos ativos parados com perdas acumuladas.

O segmento logístico e industrial também sofre com a saturação do mercado. A Blackstone, por exemplo, vendeu recentemente três parques logísticos no sul da China por 2,7 mil milhões de yuan (327 milhões de euros à taxa de câmbio atual), enfrentando a necessidade de reduzir rendas para cerca de 25% abaixo dos valores anteriores para manter ocupação. A Bloomberg indica que taxas de capitalização em escritórios e imóveis logísticos estão a subir, refletindo maior risco e expectativa de retornos mais baixos para os investidores estrangeiros.

Mesmo especialistas em ativos problemáticos, como a Oaktree Capital Management, sentem dificuldades. O grupo assumiu projetos da Evergrande, incluindo o resort Evergrande Venice, e enfrenta vendas lentas de apartamentos que valem menos da metade do preço original. 

Fundos como os da Carlyle também registaram perdas significativas, com edifícios de escritórios em Xangai vendidos por menos de 60% do valor de aquisição, evidenciando uma “década perdida” para o setor comercial chinês, segundo Nicholas Wilson, da Oxford Economics. A Bloomberg sublinha que este panorama deixa claros os riscos do investimento estrangeiro em mercados saturados e em desaceleração.

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