Falar da casa ideal é falar de quem somos. Entre a vontade de viver com conforto, a necessidade de adaptar cada metro quadrado (m2) e o desafio de manter tudo acessível, os portugueses continuam profundamente ligados ao espaço onde passam grande parte da sua vida. E é precisamente essa relação emocional e prática com a casa que a IKEA tem vindo a estudar de perto no seu relatório anual "Life at Home Report".
Ruben Frank, porta-voz da marca em Portugal, explica ao idealista/news que o conceito de “casa ideal” vai muito além da estética ou do tamanho. Envolve segurança, funcionalidade e autenticidade, um espaço onde cada pessoa se sente verdadeiramente em casa. Numa altura em que as preocupações económicas e a sustentabilidade marcam a agenda, Ruben Frank, Country Home Furnishing & Retail Design Manager na IKEA Portugal, desenha o retrato da casa portuguesa atual.
Quando falamos da “casa ideal” para os portugueses, de que tipo de espaço estamos realmente a falar?
Falar de uma “casa ideal”, para a IKEA não significa falar de dimensões ou metros quadrados. Uma casa ideal é um espaço onde nos sentimos seguros, confortáveis para sermos quem queremos ser, e que responde às nossas necessidades, aspirações e motivações.
Para as pessoas em Portugal, como para a maioria das pessoas, a casa deve ser um lugar que oferece conforto, segurança e que permite momentos de partilha — refeições em família, encontros com amigos, relaxamento. É um espaço fluido, onde a cozinha assume cada vez mais importância como o centro da vida quotidiana. É lá que cozinhamos, comemos, convivemos, estudamos, trabalhamos — em suma, a “casa ideal” é aquela que se adapta à vida de quem lá vive: prática, funcional, acolhedora e personalizada. E, neste contexto, é essencial reconhecer o papel que uma empresa como a IKEA tem desempenhado, e continua a desempenhar, ao permitir que cada vez mais pessoas tenham acesso, de forma simples e acessível, a produtos e serviços que transformam a sua casa no lar que realmente desejam e de que precisam.
O que distingue as preferências dos portugueses das de outros mercados europeus?
Todos os anos, a IKEA publica o seu relatório global Life at Home Report, um estudo que analisa e compara tendências e especificidades de dezenas de países em todo o mundo (incluindo Portugal) sobre a vida em casa.
Na edição mais recente, ficou especialmente claro, no caso português, que a ligação emocional à casa é particularmente forte: um elevado número de pessoas vê a sua casa como um refúgio, o seu lugar favorito para estar.
De acordo com este mesmo estudo, outro elemento determinante que afeta a vida em casa em Portugal, desde a qualidade do sono até às relações interpessoais, são as preocupações económicas. São um fator central. O aumento do custo de vida, a instabilidade económica nacional e a situação financeira pessoal são aspetos que definem a forma como as pessoas vivem, tanto dentro como fora de casa.
Em Portugal, há também uma valorização muito forte dos momentos de partilha, das relações interpessoais e do “comer em conjunto” como parte essencial de um quotidiano melhor em casa, talvez mais do que em países onde o ritmo de vida urbano e individualista exige uma estrutura diferente.
Mais uma vez, e isto explica o nosso forte foco este ano em tudo o que se relaciona com cozinhar e comer, o valor atribuído à cozinha, o seu conforto, funcionalidade, ligação emocional e o facto de ser o coração da casa, é algo que os portugueses apreciam profundamente.
Que mudanças significativas a IKEA tem observado nos últimos anos relativamente ao conceito de “casa” para os consumidores portugueses?
A casa deixou de ser apenas um espaço para dormir ou descansar e passou a ser também um escritório improvisado, uma sala de aula, uma cozinha ativa, uma área de lazer, entre outras funções. A multifuncionalidade tornou-se essencial, não só em Portugal, mas em todo o mundo.
Portugal é um país com um menor poder de compra, e as pessoas valorizam muito o controlo das despesas domésticas através de escolhas mais conscientes - produtos duradouros, versáteis e que não obrigam a abdicar do conforto ou do estilo. Por isso, nos últimos anos temos feito um grande esforço para reduzir os preços numa gama cada vez mais ampla de produtos, mostrando, neste momento particularmente sensível para as pessoas e famílias, que estamos ao seu lado e prontos para ajudar.
Existe também uma preocupação crescente com a sustentabilidade, o meio ambiente e a economia circular, os portugueses querem cada vez mais que as suas casas sejam espaços ambientalmente responsáveis.
Existe uma configuração que melhor representa o lar português atual?
Muitos portugueses vivem em espaços limitados ou em disposições tradicionais que não foram concebidas para o teletrabalho ou cozinhas grandes.
Ambientes compactos que exigem otimização: cozinhas pequenas mas bem
organizadas, arrumação inteligente, mobiliário multifuncional.
Maior valorização das áreas sociais (cozinha e sala de estar ligadas ou visualmente conectadas), mesmo que fisicamente separadas.
Quais são os principais desafios que os portugueses enfrentam hoje em dia para tornar a casa ideal numa casa possível?
O orçamento: a inflação, o custo de vida e a pressão energética dificultam o investimento em mobiliário, eletrodomésticos ou grandes remodelações.
O espaço: muitos apartamentos mais antigos ou arrendados não permitem grandes intervenções ou têm espaço limitado.
O tempo: vidas com um ritmo mais acelerado significam menos tempo ou motivação para grandes projetos em casa.
E por último, o acesso a soluções sustentáveis ou de qualidade a bons preços: Existe procura, mas nem sempre há disponibilidade ou informação suficiente para fazer escolhas informadas.
Ao comparar Portugal com países como a Suécia, Espanha ou Itália, quais são as maiores diferenças na forma como as pessoas utilizam os espaços da casa?
Em países como a Suécia, existe uma tradição mais forte de grandes cozinhas centrais, ou espaços abertos que ligam a cozinha e as áreas de estar. Em Portugal, as cozinhas tendem a ser compactas e concebidas para a funcionalidade. A utilização de espaços exteriores também difere: em Espanha ou Itália, terraços e varandas estão mais integrados na vida diária e na socialização, enquanto em Portugal, especialmente em áreas urbanas, isto é menos comum.
Relativamente aos hábitos alimentares: em Portugal, comer em casa (refeições familiares ou sociais) continua a ser predominante; noutros mercados, jantar fora ou pedir comida para levar é mais frequente, influenciando o tipo de produtos de cozinha que as pessoas procuram.
Os portugueses valorizam mais o design, a funcionalidade ou o preço? E como é que isto se compara com outros países?
O preço continua a ser muito importante - a “relação qualidade-preço” é uma das principais prioridades. A IKEA continua a reforçar este posicionamento, e o nosso sucesso ao longo de mais de 20 anos em Portugal demonstra que estamos no caminho certo. No entanto, não se trata apenas de preço: há procura por design moderno, apelo estético e variedade de estilo, as pessoas querem que as suas casas reflitam quem são. A funcionalidade torna-se frequentemente o fator decisivo: arrumação, versatilidade, durabilidade e soluções que otimizam o espaço.
Noutros mercados, o prestígio do design ou a imagem da marca podem ter um peso maior, e os consumidores podem pagar mais pela estética ou inovação. Em Portugal, existe um claro equilíbrio: preço + funcionalidade + estética (desde que o preço o permita).
Existem produtos ou gamas que têm um desempenho muito diferente em Portugal em comparação com outros mercados?
As soluções de cozinha e os sistemas de arrumação têm um desempenho muito bom. As linhas que maximizam a arrumação compacta ou a modularidade tendem a ser muito bem-sucedidas. Artigos relacionados com o bem-estar em casa: iluminação, têxteis, pequenos acessórios, também têm um desempenho forte quando combinam design, utilidade e preço acessível. Produtos sustentáveis ou “circulares” estão a ganhar terreno em Portugal. Embora o mercado ainda esteja a amadurecer, há um forte envolvimento com iniciativas de segunda vida e reutilização, por exemplo, o enorme sucesso da IKEA preowned.
O conceito de "casa multifunciona" é mais relevante em Portugal do que noutros países?
Sim, cada vez mais. As casas das pessoas servem agora múltiplas necessidades: trabalho híbrido, estudo, socialização, lazer, refeições e descanso. Espaços que antes tinham um único propósito devem agora ser versáteis. Portugal, com as suas muitas casas pequenas, experiencia isto de forma muito direta.
Como é que a IKEA está a adaptar a sua oferta à realidade habitacional portuguesa, marcada por espaços mais pequenos e orçamentos limitados?
Através de soluções de mobiliário inteligentes e acessíveis, modulares e adaptáveis, maximizando as soluções de arrumação, focando-se nas necessidades reais e na capacidade de baixar os preços em produtos chave para tornar boas soluções acessíveis.
Também ao oferecer inspiração para cozinhas compactas; com acessórios, mobiliário e utensílios adaptáveis para dimensões mais pequenas, e ao continuar a melhorar os nossos serviços omnicanal (mais pontos de recolha, opções de entrega e plataformas digitais) proporcionando flexibilidade aos clientes.
Estamos também a investir na sustentabilidade e circularidade, oferecendo opções que beneficiam tanto as pessoas como o planeta.
A digitalização e as compras online mudaram a forma como os portugueses decoram e equipam as suas casas?
Sim. Há mais pesquisa online antes da compra, comparar preços, ver imagens e procurar inspiração (Pinterest, redes sociais, TikTok) têm todos uma grande influência. O e-commerce, o "click&collect" cresceram. A IKEA aumentou exponencialmente os seus pontos de recolha. As experiências digitais também ajudam as pessoas a planear melhor (aplicações, simuladores, catálogos), o que é fundamental para decorar espaços pequenos de forma eficiente.
Que tendências globais prevê a IKEA que cheguem a Portugal nos próximos anos e que possam redefinir o conceito de casa?
Destacaria:
- Mais cozinhas e áreas de refeição como o coração da casa — espaços para cozinhar e socializar, alinhados com a campanha global da "Cooking & Eating at Home" para o Ano Fiscal de 2026.
- Crescimento da economia circular, produtos de segunda vida, reutilização e design modular e reciclável.
- Tecnologia de casa inteligente, automação para conveniência e eficiência energética.
- Mobiliário modular e adaptável que evolui com as fases da vida: família, trabalho, vida de solteiro, etc.
- Sustentabilidade integrada, não apenas produtos ecológicos, mas viver com menos desperdício, menos energia e escolhas mais saudáveis.
A IKEA acredita que a "casa ideal" para os portugueses será cada vez mais minimalista, tecnológica ou sustentável?
Será uma combinação dos três, com forte ênfase na sustentabilidade e funcionalidade. Não se trata de um "minimalismo frio", mas sim de um "minimalismo funcional", espaços mais limpos, menos excessos, mas com elementos significativos e acolhedores. Tecnológica de formas que facilitam a vida, eletrodomésticos eficientes, iluminação inteligente, gadgets úteis. E sustentável, porque os consumidores portugueses se preocupam profundamente com escolhas conscientes, custo, ambiente, durabilidade, reutilização e reciclabilidade.
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