A cidade de Faro volta a receber o The Modernist Weekend. A 4ª edição do evento de arquitetura decorrerá entre os dias 7 e 9 de novembro, para promover o legado modernista da capital algarvia.
Para esta 4ª edição estão preparadas novidades, como visitas pelos jardins de Faro, conduzidas por Sónia Azambuja, professora de arquitetura paisagista na Universidade do Algarve (UAlg) e especialista em História dos Jardins, e uma abordagem ao Brutalismo Undercover, na UAlg no Campus da Penha, com Pedro Calado, diretor da Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC) e professor de Arquitetura e Design, assim como Francesca Vita, arquiteta e professora de Design de Interiores, especialista em Modernismo.
Em destaque no The Modernist Weekend deste ano, o Brutalismo caracteriza-se pelo uso do betão na estrutura e nos detalhes e numa abordagem funcional do design.
Pedro Calado revela, em comunicado, que “o edifício do Campus da Penha, da UAlg, concebido pelo gabinete Plano X, de Lisboa, entre 1978 e 1985, seguiu esse movimento, embora se enquadre numa fase final, da qual resulta uma arquitetura sincrética, que mistura estilos, com uma aposta na cor e no diálogo com a paisagem que são traços mais modernistas”.
Passeios e exposições preenchem o fim de semana
O Jardim da Alameda, inspirado nos boulevards franceses e que sofreu uma intervenção durante o período do Estado Novo, conferindo-lhe traços mais modernistas, é o ponto de partida do passeio pelos jardins. Como explica Sónia Azambuja, professora de Arquitetura Paisagista da UAlg, neste jardim podem observar-se “várias espécies exóticas, oriundas de vários continentes, por conta do gosto pelo colecionismo – há Bougainvillea do Brasil, Grevillea da Austrália, Hibiscus da China, a par de laranjeiras do Algarve”. A professora acrescenta que, “ao longo do percurso, surgem jardins privados em diálogo com a estrutura urbana modernista, mais simplistas”.
No que toca a exposições, o primeiro dia do evento recebe, na galeria Gama Rama, a exposição “Através do vidro, todas as cores”, com obras de Graça Paz (Porto, 1967) e de Bruno Grilo (Albufeira, 1986). José Jesus, curador da mostra, refere-se ao trabalho destes dois artistas como um diálogo “a partir de um ponto comum – a luz”. “Em particular, a luz do sol como referência transversal e metafórica. As paletas intensas das suas obras e a sua estrutura formal dialogam com a estética modernista. Se o modernismo traduzia a vida moderna em novas linguagens, é nesse legado que Graça Paz e Bruno Grilo encontram ressonância. As suas obras não apenas ecoam a ousadia modernista, como a atualizam”, explica.
Ainda nesse primeiro dia, sexta-feira (7 de novembro de 2025), será inaugurada a exposição fotográfica “Manuel Gomes da Costa, Arquitecto Modernista”, na Galeria Arco, pela ALFA – Associação Livre de Fotógrafos do Algarve. E durante o fim-de-semana haverá também, no Jardim Manuel Bívar, a exposição “Arquitectura Modernista do Algarve – Projectos do Arquitecto Manuel Gomes da Costa”. Nestas duas exposições, o olhar dos fotógrafos reflete a obra do mestre (1921-2016), formado na Escola do Porto, alicerce da arquitetura moderna e contemporânea em Portugal, que assinou projetos como equipamentos públicos e edifícios de habitação, inspirado por Oscar Niemeyer e Le Corbusier.
A funcionalidade, o sentido prático na escolha de materiais mais económicos e sustentáveis e na sua manutenção, a ordem, o ritmo das fachadas ricas em cores e texturas, a coesão estética com linhas verticais, os cobogós, os canteiros enquadrados nos edifícios e a afirmação de um estilo, estão entre os elementos que caracterizam as suas obras.
Angélique e Christophe de Oliveira são os responsáveis pela iniciativa, que decorre em parceria com a Associação Picada Cultural e conta com o apoio do Município de Faro. Angélique e Christophe de Oliveira vivem no Algarve desde 2018 e são proprietários do The Modernist, que se situa no número 27 da Rua Dom Francisco Gomes, em Faro, obra de Joel Santana, de 1977, e foi a sua paixão pela arquitetura Modernista das décadas de 50, 60 e 70 que fez com que idealizassem este evento, tendo como objetivo sensibilizar a população e os visitantes para o valor deste património artístico.
Ainda sobre o programa do The Modernist Weekend, nota para a realização de tours temáticos “Da Bauhaus às Casas de Praia” durante o fim de semana, na Praia de Faro e pelas ruas da cidade ao encontro dos edifícios modernistas, como o Chelsea, o Nogueira, o Sol ou Milagre ou a Casa Afonso.
No sábado, dia 8, realiza-se uma visita conduzida por Gonçalo Vargas, especialista na obra de Manuel Gomes da Costa e no Modernismo, e haverá também casas abertas, dando a oportunidade de visitar o icónico Edifício Tridente e a Casa Gago e a Casa 1923, que inclui o open studio da PAr – Plataforma de Arquitectura.
Ainda nesse dia, o Club Farense receberá, pelas 17h45, especialistas e investigadores na área do Modernismo, numa conferência para debater os desafios e as oportunidades deste conjunto arquitetónico: “Modernism + the Algarve: Minority Interest or Public Priority?”. Será também apresentado, em antevisão, o livro “Faro Modernism”, de Richard Walker, com a exploração fotográfica do século XX desconhecido na arquitetura de Faro. O livro será publicado no próximo ano, pela primavera, pelas mãos da editora britânica Batsford Books. Richard Walker vive entre Faro e Londres é um apaixonado pelo modernismo, explorando essa linguagem na pintura, em instalações e na fotografia.
À noite, pelas 22 horas, haverá um concerto com os Funkynoise, formado por Daniel Neto na guitarra, Renato Chandre no baixo elétrico, Jorge Moniz na bateria e João Ferreira nos teclados.
Desde o primeiro dia do evento, 7 de novembro, até ao último dia desse mês, dia 30, ficará patente, no número 30 da Rua de Santo António, a mostra “Arquitecto Manuel Gomes da Costa”, reunindo documentos pessoais, esquissos, plantas e fotografias do espólio do modernista algarvio.
As visitas e os passeios serão realizados em inglês, à exceção da visita conduzida por Gonçalo Vargas no sábado, e estão limitados a 30 participantes, sendo necessária uma inscrição prévia. As open houses, com duração de uma hora, custam 10 euros por pessoa, enquanto os walking tours, que duram 1h30, custam 20 euros por pessoa. Todos os restantes eventos, exposições e concerto têm entrada livre.
No ano passado, The Modernist Weekend contou com a presença de mais de 500 participantes, maioritariamente estrangeiros, sobretudo, do Reino Unido e de França. No entanto, os organizadores referem que “o interesse local está a crescer e a despertar cada vez mais a consciencialização da qualidade da herança modernista”.
O programa para a edição deste ano e as respetivas inscrições para as visitas estão disponíveis no site do The Modernist Weekend.
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