
Os sismos provocam sempre tsunamis? Esta é uma das principais dúvidas dos portugueses, especialmente após o terramoto ocorrido na madrugada do dia 26 de agosto.
Importa perceber que um tsunami é uma onda gigante que se forma nos oceanos após uma grande perturbação, como um terramoto no fundo do mar ou intensa atividade vulcânica. Em seguida abordamos os riscos reais de um tsunami em Portugal e esclarecemos as principais questões sobre o tema.
Como é que pode acontecer um tsunami?
Os tsunamis são ondas gigantes que se movem rapidamente em alto mar, mas, ao se aproximarem da costa, desaceleram e ganham altura, o que origina um impacto devastador quando atingem as áreas costeiras. A origem de um tsunami, no entanto, não é sempre a mesma:
- Terramotos submarinos: a causa mais comum de tsunamis é um terramoto no fundo do mar, onde o movimento súbito das placas tectónicas desloca grandes volumes de água, criando ondas gigantes;
- Deslizamentos de terras submarinos: grandes deslizamentos de terra no fundo do oceano ou em encostas costeiras podem deslocar rapidamente a água, o que proporciona as condições necessárias à formação de tsunamis;
- Erupções vulcânicas subaquáticas: são comuns na formação de novas ilhas e podem deslocar a água de forma abrupta, gerando tsunamis com potencial destrutivo massivo.
Mais do que saber como é que acontecem os tsunamis, é importante detetar as ondas com antecedência, porque poderão salvar vidas. Atualmente, os EUA e o Japão dispõem de sistemas de deteção de tsunamis e todos os aparelhos encontram-se no Oceano Pacífico. No Oceano Atlântico a União Europeia também tem a intenção de instalar equipamentos semelhantes, mas até ao momento o projeto ainda não saiu do papel.
Quais são os riscos de tsunami em Portugal?

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Portugal Continental está exposto a várias fontes de tsunamis, sejam aquelas que estão próximas da orla costeira, como distantes - em pleno Atlântico -, e que podem afetar o território continental, assim como os arquipélagos da Madeira e dos Açores. Devido à natureza vulcânica, os Açores estão especialmente suscetíveis a tsunamis de origem natural. Esta informação foi partilhada pelo IPMA num folheto online, de forma a esclarecer os portugueses sobre o risco.
Na realidade, nos últimos 2 mil anos, o catálogo nacional registou 11 tsunamis originados por sismos no Atlântico, além de três causados por deslizamentos de terra, que impactaram as zonas costeiras de Portugal. No século XX, três tsunamis atingiram os Açores, a Madeira e o continente, com alguns efeitos percetíveis em portos.
Outros trabalhos indicam que há uma probabilidade de Portugal Continental, Açores, Madeira serem afetados por um tsunami com ondas de pelo menos 1 metro nos próximos 500 anos, e uma probabilidade de 50% de que ondas de 5 metros atinjam a região. O risco estende-se ainda ao Mar Mediterrâneo, como foi noticiado em 2022.
Terramoto e tsunami de 1755: podem acontecer novamente?
O terramoto de 1755 gerou um tsunami que afetou Portugal, o sul de Espanha e o norte de Marrocos. É estimado que até 50 mil pessoas tenham perdido a vida durante o terramoto, sem contabilizar aqueles que faleceram pelos incêndios e pelo tsunami. Mas será que este fenómeno poderá acontecer de novo?
A intensidade devastadora do tsunami de 1755, segundo o investigador João Duarte Fonseca, pode ser atribuída à presença de um extenso corpo sedimentar resultante da subducção de placas tectónicas no fundo do oceano no Golfo de Cádiz. Este tipo de formação geológica pode causar a ocorrência de um tsunami, mesmo sem uma ruptura de grande magnitude. Apesar de sermos mais rápidos a agir, João Fonseca, professor do Instituto Superior Técnico e sismólogo João Fonseca revelou que há probabilidade do sismo acontecer novamente, mas ninguém sabe quando.
O Sistema Global de Alerta de Tsunamis, coordenado pela UNESCO, dispõe de um programa de resiliência cuja finalidade é preparar as comunidades vulneráveis para tsunamis, través da designação e mapeamento de zonas de risco de tsunami, desenvolvimento de materiais de divulgação e educação pública, criação de mapas de evacuação acessíveis e exibição de informações sobre tsunamis de forma pública.
Houve realmente risco de tsunami no terramoto de 26 de agosto?

No terramoto de 26 de agosto, a Proteção Civil garantiu que não havia risco de tsunami, apesar da magnitude do sismo de 5,3 na escala de Richter. O sismo, que ocorreu a 60 quilómetros a oeste de Sines e a uma profundidade de 10,7 quilómetros, foi sentido de norte a sul de Portugal, provocando receios na população. No entanto, as autoridades confirmaram que a intensidade do abalo não era suficiente para justificar um alerta de tsunami, tranquilizando assim os cidadãos.
No entanto, têm sido partilhadas por alguns especialistas a necessidade de pensar a construção de obras públicas em Portugal, com o objetivo de fazerem frente a estas situações. O Presidente da República pediu mesmo um debate sobre a proteção sísmica na construção de obras públicas.
Após o sismo inicial, foram registradas três réplicas, mas nenhuma alterou a avaliação do risco. De relembrar que Portugal faz parte do Centro de Vigilância para Tsunamis da Europa e Noroeste Atlântico, juntamente com a França, Itália, Grécia e a Turquia. O centro tem a capacidade de difundir um alerta às populações em risco de tsunami em apenas 10 minutos, garantindo que é mantida uma articulação permanente com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
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