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"a recuperação da economia também passa pelo imobiliário", diz luís lima

luís lima, que em novembro foi reeleito para um segundo mandato como presidente da associação dos profissionais e empresas de mediação imobiliária de portugal (apemip), está optimista quanto ao futuro do sector no país. em entrevista ao idealista news, o responsável adianta que as imobiliárias "estão a enfrentar com determinação o momento menos bom da economia", salientando que "a taxa de sobrevivência de empresas no sector é superior à taxa de sobrevivência média" das pequenas e médias empresas (pme)

para luiís lima, a reabilitação urbana "é um mercado de futuro no país", e o arrendamento "uma solução habitacional que sempre teve procura". embora tenha perdido forças nos últimos anos, o responsável acredita que hoje a procura no mercado de arrendamento urbano "voltou a subir"

 
p: considera o arrendamento uma opção do futuro, porquê?
 
r: o arrendamento urbano é uma solução habitacional que sempre teve procura. num passado não muito recente foi a opção dominante. até agora a maioria da procura visava a aquisição de casa mais esta situação alterou-se. hoje, a procura no mercado de arrendamento urbano voltou a subir, por razões conjunturais a que as dificuldades de crédito não são alheias, mas continua ainda menor do que a procura no mercado de compra e venda. será, no entanto, sempre uma opção a ter em conta
 
p: o que é preciso acontecer para aumentar a oferta de casas para arrendamento?
 
r: é preciso que as recentes propostas governamentais nesse sentido, ou seja, que a agilização dos processos de despejo por incumprimento de contrato e que as novas regras para a fiscalidade sobre os rendimentos obtidos por esta via, entrem em vigor. os proprietários, a quem cabe a responsabilidade da oferta, precisam de recuperar a confiança no mercado e esta obtém-se precisamente assim
 
p: disse que a venda de casas em portugal caiu cerca de 8% em 2010 face a 2009. confirma estes números?
 
r: esses números chegaram a ser adiantados mas, felizmente, não se confirmaram. em 2010, transaccionou-se mais e em montantes superiores ao que se transaccionou em 2009. faço votos é que, esta tendência, que vai no sentido da recuperação, continue a ser regra em 2011
 
p: o que aconselha aos portugueses: comprar ou arrendar? porquê?
 
r: comprar ou arrendar não será propriamente a questão. a questão está na capacidade e na oportunidade que cada pessoa ou família tenha na hora de encontrar uma solução para o problema habitacional. o que aconselho é uma avaliação prévia das condições existentes para assumir um compromisso – seja de empréstimo seja de renda -, avaliação que implica uma pragmática avaliação da taxa de esforço e de risco de cada um
 
p: que medidas são mais urgentes para dinamizar o mercado imobiliário?
 
r: a dinamização do mercado da reabilitação urbana nos grandes centros, com a consequente dinamização do mercado de arrendamento, são medidas necessárias para animar o sector. algumas foram já assumidas e estão, num certo limbo, à espera de definição politica. espero que possa avançar rapidamente até porque são medidas consensuais e urgentes
 
p: como podem as imobiliárias fazer frente a este novo panorama?
 
r: as empresas de mediação imobiliária estão a enfrentar com determinação o momento menos bom da economia. a taxa de sobrevivência de empresas no sector é superior à taxa de sobrevivência média das pme. só isto já diz qualquer coisa. por outro lado, o mais do que justo e reclamado alargamento de competências da mediação também abre perspectivas às empresas
 
p: mas acha que o mercado imobiliário já passou a fase mais difícil?
 
r: o mercado imobiliário português, ao contrário do que se apregoa, tem revelado grande maturidade e até tem servido de refúgio a muitos investimentos que fugiram de outras áreas menos seguras. claro que o mercado imobiliário não é uma ilha na economia e, neste sentido, a crise das dívidas públicas dos países do euro pode afectá-lo. vivemos, nesta matéria, momentos de alguma incerteza. não posso responder se ainda teremos de viver fases mais apertadas
 
p: em que medida a reabilitação urbana é importante para o imobiliário?
 
r: seguramente é um mercado de futuro e é um mercado ao qual não podemos fugir, até por imperativos éticos. não temos o direito de deixar degradar o património construído. a reabilitação urbana pode recuperar mais de cem mil postos de trabalho no sector da construção
 
p: disse que o investimento na reabilitação urbana representa entre 6 a 6,5% do pib enquanto na europa ronda os 30%. a que se deve este fosso tão grande e o que deve ser feito para minimizá-lo?
 
r: essa diferença, que realmente existe, é normal tendo em conta que o “boom” de uma certa actividade construtiva também ocorreu, entre nós, algumas décadas mais tarde do que na generalidade da europa. acresce que os proprietários de casas colocadas no mercado de arrendamento não estavam muito interessados, nem podiam, desencadear obras de manutenção e de reabilitação num cenário de rendas congeladas e sem qualquer retorno adequado a essa prática de boa gestão

 

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