
A mediadora imobiliária norte-americana Century 21 tem em curso um plano de expansão na Península Ibérica, desenhado e impulsionado a partir de Portugal. Em entrevista ao idealista News Portugal, o administrador-geral da empresa para o mercado ibérico, Ricardo Sousa, revela a estratégia da companhia para crescer em Portugal e Espanha, nos próximos três anos e atrair mais investidores estrangeiros, a partir de Madrid.
Qual foi a estratégia de arranque da Century 21 em Portugal?
Iniciámos o projeto em Portugal em 2005 e, desde essa altura, houve um grande foco num planeamento territorial bem definido. Lisboa foi o ponto de partida e ao longo de cinco anos concentrámo-nos na área metropolitana da capital.
Como surge a expansão para Espanha?
Depois da evolução do projeto em Portugal, e com a evolução do mercado imobiliário, fomos convidados pela casa-mãe, nos EUA, para fazermos a entrada e o planeamento da marca a nível ibérico.
Depois da evolução do projeto em Portugal, fomos convidados pela casa-mãe, nos EUA, para fazermos a entrada e o planeamento da marca a nível ibérico.
Como está a correr o negócio no mercado vizinho?
Temos 15 lojas na cidade de Barcelona e, com perto de 200 agentes imobiliários, cobrimos quase todos os bairros da cidade. No total, temos 30 lojas em Espanha. O ponto de partida foi Barcelona, depois avançámos com um projeto nas Canárias, onde já temos sete parceiros e cerca de 90 agentes imobiliários, com maior concentração na Cidade de Las Palmas. Na zona Norte, nas Astúrias, temos uma loja piloto, e a Sul, em Marbelha, Málaga e Granada, também já temos lojas piloto para iniciarmos a expansão ibérica. O próximo passo passa por Madrid, onde vamos montar a nossa central ibérica.
Qual é o objetivo deste novo centro ibérico que vão criar?
Com a concentração de muitos dos serviços que temos, para clientes e parceiros, pretendemos criar um centro ibérico que potencie o mercado e atrair a nível internacional os clientes para a Península Ibérica. Cada vez mais, estes dois países estão no radar dos investidores internacionais e com a base em Madrid teremos aí a rede de distribuição dos serviços imobiliários da Century 21 para a Península.
Qual é o vosso plano para os próximos três anos?
Em Portugal, onde estarmos a registar um crescimento acima dos 30% na faturação, estamos focados na zona norte, na cidade de Lisboa e no Algarve. Em Espanha estamos focados no arranque na cidade de Madrid, nas Canárias e no reforço na Catalunha. O objetivo é, em três anos, termos 200 lojas em funcionamento na Pensinsula Ibérica, num processo de angariação direta de franquiados, masters regionais como já temos nas Canárias, e contratar para as Baleares. Ou seja, parceiros regionais que assumem a responsabilidade de angariação, seleção e acompanhamento dos nossos clientes franquiados.
Pretendemos criar um centro ibérico que potencie o mercado e permita atrair a nível internacional os clientes para a Península Ibérica.
Como é que vão operar em Madrid? Também através de parceiros...
Não. Em Madrid vamos estar diretamente, com uma unidade própria que vai fazer a intermediação imobiliária para garantirmos que, naquele que é o principal mercado da Peninsula Ibérica, conseguimos uma penetração rápida, mas com qualidade.
A inauguração do centro está prevista para a segunda quinzena de janeiro.
Como é que fica Portugal neste projeto ibérico?
Em Portugal, o objetivo a três anos é passar das atuais 70 lojas para as 100, para nos colocarmos em número 2 ou 3 no ranking. Portugal sai claramente a ganhar com este projeto ibérico, porque a marca Espanha é mais forte. O investidor estrangeiro, como o russo, chinês ou francês, por exemplo, procura uma solução imobiliária que Portugal também tem para oferecer, mesmo que primeiro fale de Espanha. O que se está a comprovar com estes primeiros anos de trabalho é que, com esta abordagem ibérica, se está a atrair mais investimento internacional, seja individual ou institucional, dos grandes fundos.
O cliente europeu é o verdadeiro cliente em Portugal e Espanha. Agora há um grande fluxo de asiáticos, sobretudo da China, mas o grande volume de operações e, sobretudo, a fidelização do europeu é completamente diferente.
Com que tipo de investidor estrangeiro costumam lidar?
Além de clientes diretos, estamos a trabalhar com vários family offices e fundos de investimento americanos e ingleses, que procuram investir na Peninsula Ibérica. O facto de estarmos a operar com um canal único, um interlocutor único, e propor esta solução em todas as regiões de Portugal e Espanha é fundamental.
Qual é o vosso melhor cliente internacional?
O francês, que é onde estamos a liderar no investimento estrangeiro, já representa cerca de 20% da faturação, quando há um ano representava menos de 10%. O cliente europeu é o verdadeiro cliente tanto em Portugal como em Espanha. Agora há um grande fluxo do cliente asiático, sobretudo da China, mas o grande volume de operações e sobretudo a fidelização que conseguimos ter com o cliente europeu é completamente diferente. É um tipo de cliente de continuação, que investe e fica no nosso país. Quando investe não é apenas por pura especulação ou para obter um visto.
Como é conciliar as diferentes abordagens de Portugal e Espanha?
Há diferenças culturais e de postura nos agentes de mercado, mas os desafios, as preocupações e a forma de fazer negócio são muito similares. A cultura de proprietário é igual em Portugal e em Espanha. Além disso, o projeto da Century 21 é empresarial. Não é apenas de comercialização de imóveis, mas de uma estrutura empresarial, com unidades especializadas. Se é um bairro forte de arreendamento, então queremos ter um departamento forte e exclusivo em arrendamento. Pretendemos criar vários departamentos de especialização dentro das nossas unidades. Por exemplo, para trabalhar o mercado não residencial, o segmento alto e de luxo, outro para o mercado mais transversal.
A compra está a voltar a prevalecer tanto em Portugal como em Espanha, porque banca está mais agressiva e o cliente internacional está a chegar à Peninsula Íbérica. Mas o valor de transação é bastante mais alto no mercado espanhol.
Vendem ou arrendam mais?
Tanto em Portugal como em Espanha, cerca de 40% do nosso negócio é arrendamento. A transação de compra está a voltar a começar a prevalecer, porque banca está outra vez mais agressiva e o cliente internacional está a chegar à Península Íbérica. Mas há uma diferença entre o mercado português e o espanhol no valor de transação. Em Portugal temos um valor médio de 140 mil euros por unidade transacionada enquanto em Espanha é de 200 mil euros.
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