Dívidas das famílias

No terceiro trimestre de 2024, Portugal registava um volume de 5.000 milhões de euros de crédito malparado no sistema financeiro, o equivalente a 2,4% do total de créditos concedidos, no valor de 211.100 milhões de euros, segundo dados que constam no estudo “Keep an Eye on the NPL & REO Markets”, da Prime Yield. Destaque ainda para o facto de o stock de crédito em incumprimento ter diminuído 10,7% em termos homólogos, o que representa uma redução de 600 milhões de euros.

O endividamento das famílias (dos particulares) tem estado a subir nos últimos meses, tendo crescido 2,0% em agosto face ao mesmo mês do ano passado. Em julho, por exemplo, o aumento homólogo tinha sido de 1,4%. E é preciso recuar até fevereiro de 2023 para encontrar um crescimento maior (2,1%). Em causa estão dados divulgados esta quarta-feira (23 de outubro de 2024) pelo Banco de Portugal (BdP). 

O endividamento dos particulares subiu em agosto para o valor mais alto dos últimos três anos. Em causa estão dados do BdP, que permitem concluir que a dívida total das famílias foi de 140.004 milhões de euros, superior à verificada em julho e no período homólogo. 

Em setembro foram realizados cerca de 121.500 novos contratos de crédito ao consumo, mais de 10% em relação ao ano passado. Face ao mês anterior, e segundo dados do Banco de Portugal, o crédito ao consumo aumentou mais de 23% e atingiu os 513 milhões de euros. A Deco aconselha precaução e considera que muitos portugueses estão a viver a ilusão de que a crise já passou.

As famílias que aderirem ao Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES), aprovado esta quinta-feira pelo Governo, vão pagar uma prestação mínima por mês de 102 euros. Este valor sobe para 204 euros no caso das empresas. Já as garantias que já tenham sido dadas serão levantadas, mas de forma progressiva.

As famílias portuguesas pagaram 20.238 milhões de euros de dívidas entre junho de 2011 – quando a Troika entrou no país – e junho deste ano. De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal (BdP), ainda estão por regularizar 157.616 milhões de euros, cerca de 94,6% do PIB, menos que há três anos (102,9%).

O total de famílias com créditos em incumprimento recuou para 658.881 em setembro, o que representa uma diminuição de 28.563 famílias com crédito vencido face ao final de junho.

as famílias que beneficiaram, até ao ano passado, do congelamento de rendas, estão a passar por dificuldades na sequência da nova lei, que veio permitir uma actualização dos valores do arrendamento de imóveis.

o gráfico em cima mostra qual tem sido a evolução do endividamento das famílias de vários países ao longo dos últimos anos. a dívida das famílias disparou nos anos anteriores à crise, a excepção são os agregados alemães e japoneses, que não tiveram uma bolha imobiliária no período pré-crise

a crise está a obrigar cada vez mais portugueses a ter de entregar a casa ao banco. se até há pouco tempo as pessoas mostravam-se reticentes em fazê-lo, tentando a todo o custo manter a habitação, agora a tendência parece estar a inverter-se.

as famílias portuguesas fecharam o ano de 2012 com uma dívida acumulada de 166 mil milhões de euros, equivalente a 100,5% do pib nacional.

a crise, as medidas de austeridade e o desemprego estão a deixar muitas marcas na sociedade, obrigando os portugueses a ajustar os respectivos orçamentos e a mudar bastante os hábitos de poupança.

a crise está a obrigar cada vez mais portugueses a pedir ajuda à deco – associação portuguesa para a defesa do consumidor. trata-se de pessoas que não estão a conseguir pagar as respectivas dívidas, pelo que se vêm forçadas a pedir ajuda ao gabinete de apoio ao sobreendividado (gas).

a crise e a austeridade continuam a deixar marcas nas carteiras dos portugueses.

o fisco marcou a penhora de 471.011 salários no ano passado a contribuintes com dívidas às finanças, mais do dobro do registado em 2011, em que o total de penhoras de vencimentos marcadas foi de 210.833.

a deco – associação portuguesa para a defesa do consumidor recebeu mais de 23 mil pedidos de ajuda de famílias sobreendividadas no ano passado, mais 16% face a 2011, sendo que as solicitações aumentaram 94% em dois anos.

o crédito mal parado na habitação voltou a aumentar em setembro, atingindo os 2,2 mil milhões de euros, ou seja, quase 2% do total do crédito concedido para a compra de casa.

as taxas interbancárias mantêm esta terça-feira a tendência de descida, pela 37ª sessão, nas principais maturidades, tocando valores nunca antes vistos. o indexante a seis meses caiu pela primeira vez abaixo dos 0,45%.

os diplomas relativos ao crédito à habitação foram aprovados na assembleia da república, na sexta-feira (dia 21), em votação final global.

a maioria parlamentar (psd e cds) recuou nas medidas para ajudar as famílias com dificuldades no crédito à habitação. em causa está o facto de os partidos terem decidido que a entrega da casa ao banco já não é suficiente para liquidar todas as dúvidas, sendo essa a última das opções possíveis.

as famílias têm cada vez mais dificuldades em pagar a prestação da casa, sendo que o número de incumpridores está a aumentar diariamente.