Milhares de famílias portuguesas recorrem ao crédito habitação para comprar casa. E, agora, deparam-se com várias mudanças à espreita. As taxas Euribor – às quais estão indexados os créditos habitação com taxa variável - podem subir já na segunda metade do ano, à boleia de um eventual aumento da taxa de juro diretora pelo Banco Central Europeu (BCE). E, por outro lado, as idades limite para pagar o empréstimo da casa também vão mudar para quem tem mais de 30 anos, tal como anunciou o Banco de Portugal (BdP). Sabe como tudo isto vai influenciar a prestação da casa a pagar ao banco e como te podes acautelar.
A inflação na Europa está em alta e, para travá-la, está em cima da mesa a subida a taxa de juro diretora pelo BCE, que está fixa nos 0% desde março de 2016 e assim tem permanecido. Se se confirmar uma subida a taxa de juro em 2022, espera-se que seja gradual e ligeira. Mas tudo isto vai influenciar o aumento das taxas Euribor, que estão hoje em terrenos negativos.
A verdade é que já é visível uma ligeira correção das taxas da Euribor nos últimos meses. A Euribor a 12 meses - o indexante mais usado nos novos contratos de crédito habitação em Portugal – atingiu os -0,431% no primeiro dia do mês de fevereiro, depois de ter registado -0,505% em dezembro de 2021. Continua negativa, é certo, mas segundo as previsões da Deco Proteste, poderá subir entre 0,5 ou 1 ponto percentual até ao final do ano.
Este cenário terá, de resto, impacto nos créditos habitação (novos e existentes) refletindo-se nas prestações a pagar todos os meses aos bancos, tal como explica o idealista/news neste artigo. E é, por isso, importante saber como te podes acautelar se a subida das taxas de juro se confirmar no curto prazo. De acordo com a Deco Proteste, podes fazer o seguinte:
- Faz simulações para o seu caso e perspetiva o impacto de uma eventual subida dos juros no teu orçamento familiar. Recorda-te que as prestações mensais dos créditos não devem superar 35% do rendimento mensal disponível. Se acontecer, podes pensar em renegociar as condições do crédito;
- Se o teu contrato de crédito habitação prevê um spread superior a 2% poderás renegociar, isto porque vais encontrar com facilidade melhores propostas. Depois, compara as propostas olhando para a TAEG e opta pela menor. Se o banco onde tens o empréstimo da casa não quiser acompanhar a melhor proposta da concorrência, então podes sempre transferir o crédito para o outro banco;
- Pondera aumentar o prazo do empréstimo ou estabelecer um período de carência. Ambas as opções permitem um alívio no encargo mensal, mas podem representar um custo adicional no final do contrato, alerta a Deco Proteste. E nota que a partir de abril de 2022, o alargamento do prazo está sujeito aos novos limites de idade para pagar créditos habitação;
- Pondera contratar uma taxa fixa para ficares “imune” às oscilações das taxas de juro. Note-se que esta opção pode implicar pagar mais do que nos empréstimos com taxa variável. Neste artigo, explicamos tudo sobre como mudar o crédito habitação de uma taxa variável para uma taxa fixa.
Novos limites de idade no crédito habitação: o que muda?
Há também novidades para quem pretende fazer um novo crédito habitação. O BdP emitiu a semana passada uma recomendação macroprudencial que vem limitar os prazos máximos de pagamento dos empréstimos consoante a idade dos titulares. E que vai entrar em vigor já no dia 1 de abril de 2022. Mas o que é que vai mudar?
Ora, quem tem 30 anos ou menos pode continuar a pedir um prazo máximo de pagamento do crédito habitação de 40 anos. A partir desta idade as mudanças começam a surgir: quem tiver entre 30 e 35 anos, já só pode pedir uma maturidade máxima de 37 anos (ou seja, menos 3 anos). E quem tiver mais de 35 anos apenas pode pagar o seu crédito habitação durante 35 anos (-5 anos), lê-se no comunicado publicado pelo BdP.
Mas, contrário da subida de juros, esta recomendação “não vai afetar os créditos habitação já contratados com os prazos anteriores, uma vez que a medida é só aplicada aos novos empréstimos”, esclarecem desde o idealista/créditohabitação.
Por outro lado, “quem tem créditos a decorrer com empréstimos mais curtos, não pode alargar o prazo além dos limites definidos na nova recomendação, que apenas terão impacto para quem tem entre 30 e 40 anos”, esclarecem. Neste artigo, explicamos como esta mudança vai influenciar a prestação da casa a pagar todos os meses ao banco com recurso a casos concretos.
Para poder comentar deves entrar na tua conta