
Hoje, os juros nos créditos habitação estão a subir a pique. E mesmo com a taxa variável a escalar à medida que sobe a Euribor para todos os prazos, os portugueses continuam a apostar nesta taxa. É o que nos dizem os dados do Banco de Portugal (BdP): em outubro, 83% do montante dos novos empréstimos para a compra de habitação própria permanente foram concedidos a taxa variável e indexada à Euribor. E, por isso, na hora de fazer contas à vida e analisar as ofertas dos bancos, importa olhar para os spreads. Por exemplo, o Banco CTT tem spreads contratados desde 0,95%. Explicamos tudo na rubrica crédito habitação do mês.
Apesar das taxas Euribor estarem a subir à medida que o Banco Central Europeu (BCE) decide subir as taxas de juro diretoras – já subiu em 200 pontos base -, a maioria dos novos créditos habitação em Portugal continua a ser de taxa variável. E para saber os juros que as famílias vão pagar há que calcular a TAN (Taxa Anual Nominal), que se dá pela soma da Euribor contratada e do spread.
Uma vez que a Euribor está a subir a alta velocidade para todos os prazos – em novembro a Euribor a 6 meses passou a fasquia dos 2% e a Euribor a 12 meses aproximou-se dos 3% -, importa olhar para as ofertas de spreads, que são as margens de lucro dos bancos. Isto porque quanto mais baixo for o spread, à partida, menores são os custos com o crédito habitação. Mas há que ter em atenção que os spreads mais baixos muitas vezes estão associados à contratualização de outros produtos bancários, pelo que há que fazer contas e ver se compensa ou não.

Spread contratado no crédito habitação: será uma boa opção?
Os spreads contratados geralmente têm taxas mais atrativas, pois pressupõem a contratação de outros produtos do banco (como cartões de crédito ou seguros). “Algumas instituições de crédito concedem uma redução do spread ou de outros encargos no crédito habitação aos clientes que adquirem, ao mesmo tempo, outros produtos ou serviços financeiros”, explica o BdP, liderado por Mário Centeno.
E uma delas é o Banco CTT, que oferece um crédito habitação de taxa variável com spread contratado desde 0,95%. Para obter a bonificação máxima do spread contratado, os titulares do empréstimo têm de domiciliar o ordenado numa conta sem custos de manutenção e contratar os seguros de vida e multirriscos. Nesta oferta, a TAEG (Taxa Anual Efetivo Global) com bonificação máxima começa nos 3,5%.
Neste crédito para a aquisição de habitação própria e permanente, o Banco CTT financia até 90% do valor de compra ou da avaliação do imóvel (o menor dos dois). O empréstimo da casa poderá ser pago durante 40 anos, ou de acordo com os prazos consoante as idades impostos pelo BdP em abril deste ano. O que é certo é que a idade limite do titular é de 75 anos de idade.

Como está a reagir o crédito habitação à subida de juros?
Em Portugal, os bancos continuam a emprestar capital às famílias para comprar casa – em outubro concederam 1.197 milhões de euros. Mas nos últimos três meses têm sentido que a procura por crédito habitação está a abrandar, uma tendência que o BdP justifica pela quebra de confiança dos consumidores, pelas perspetivas para o mercado de habitação e pela subida das taxas de juro.
Além da procura dos créditos habitação estar a abrandar, há também mudanças recentes quanto à taxa Euribor contratada. “Desde setembro de 2022 que a Euribor a 6 meses [que chegou aos 2,321% em novembro] é o principal indexante nos novos empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável, abrangendo 60% dos novos créditos habitação de taxa variável em outubro”, lê-se no boletim publicado pelo regulador português na semana passada.
Antes, era a Euribor a 12 meses que tinha maior expressão nos novos empréstimos da casa. Mas em outubro foi contratada em apenas 33% destes créditos, até porque é a taxa de referência que está a subir em maior velocidade, tendo chegado aos 2,828% em novembro.
Já os créditos habitação de taxa fixa ou mista representam apenas 1% do montante total em outubro (8% em setembro). Mas o BdP deu nota no relatório publicado em junho que “a proporção dos empréstimos com taxa fixa tem vindo gradualmente a aumentar desde 2016”. Ao fixar a taxa de juro, a prestação da casa não mexe desde o início ao fim do contrato. E se se optar pela taxa mista é possível fixar os juros só durante um determinado período. Por exemplo, no Banco CTT é possível fixar a taxa pelo período de 10, 20 ou 30 anos, sendo que, depois, passa a taxa variável.
Ainda assim, importa saber que a oferta de taxa fixas em Portugal também ficou mais cara dado o contexto atual. Em média, a taxa de juro fixa dos novos contratos subiu de 2,1% em dezembro de 2021 para 4,1% em outubro de 2022. Já no universo dos empréstimos a taxa variável, a taxa de juro média subiu de 0,6% para 2,6% entre dezembro de 2021 e outubro de 2022, revela o regulador.
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