Montante total de empréstimos habitação começa a dar sinais de abrandamento, desacelerando de 4,8% em julho para 4% em novembro.
Comentários: 0
Crédito habitação em Portugal
Pexels

O mercado residencial português começou a dar sinais de mudança na segunda metade de 2022. Os juros dos créditos habitação estão a subir à medida que o Banco Central Europeu (BCE) decide aumentar as taxas diretoras. E perante empréstimos mais caros, há famílias que estão a adiar a compra de casa com recurso a financiamento bancário. É o que nos mostra os dados do Banco de Portugal (BdP) esta quinta-feira divulgados: a taxa de variação anual relativa ao montante total de empréstimos habitação está a desacelerar há quatro meses consecutivos.

O regulador português liderado por Mário Centeno concluiu que está instalada a tempestade perfeita para que a procura de casas para comprar comece a arrefecer. “A incerteza corrente, a potencial perda de rendimento real das famílias e aumentos adicionais das taxas de juro poderão reduzir a procura por ativos imobiliários”, explicou o BdP no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2022.

Os primeiros sinais de abrandamento – ainda que ligeiro – foram detetados na procura de créditos habitação para comprar casa em Portugal no terceiro trimestre, devido à queda na confiança dos consumidores, às perspetivas para o mercado de habitação e ao aumento das taxas de juros, explicou o supervisor português no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro. A instituições bancárias abordadas no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado admitiram ainda que o abrandamento na concessão de empréstimos habitação iria prolongar-se até ao final do ano.

É isso mesmo que confirmam os dados do BdP divulgados esta quinta-feira, dia 29 de dezembro: apesar de o montante total de empréstimos habitação registado em novembro, de 100,2 mil milhões de euros, ter subido 0,1 mil milhões de euros face a outubro, “esta evolução representa uma desaceleração pelo quarto mês consecutivo” em termos anuais. 

Ou seja, em termos de variação anual, o montante total concedido em empréstimos habitação tem vindo a engordar em sentido ascendente e positivo desde novembro de 2018. E foram concedidos tantos créditos habitação (e mais caros) neste período que o ritmo de crescimento foi acelerando ano após ano, até que atingiu o pico máximo de incremento dos últimos 10 anos entre março e julho de 2022, registando uma evolução constante de 4,8%.

Mas tudo mudou em a partir de agosto. Embora o montante total de empréstimos habitação continue a subir face ao mês anterior e tenha atingido o valor máximo desde maio de 2015, o seu crescimento anual já começa a dar sinais de abrandamento, espelhando a desaceleração da procura de crédito habitação face aos meses anteriores. Só entre julho e novembro, o crescimento deste montante desacelerou 0,8 pontos percentuais: passando de 4,8% para 4% entre estes dois momentos.

Ver comentários (0) / Comentar