Concessão de empréstimos habitação desacelera há 7 meses, diz BdP. Montante total caiu para menos de 100 mil milhões de euros.
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Crédito habitação a cair
Foto de Yan Krukau no Pexels

Quem pondera hoje comprar casa está mais cauteloso dado o atual contexto económico, marcado pela subida de juros e pela instabilidade financeira. E este cenário pautado pela incerteza tem-se refletido nos negócios das casas e, por conseguinte, no mercado hipotecário. Segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP), o montante total de empréstimos habitação está em queda desde o início do ano, tendo-se fixado em 99,8 mil milhões de euros em fevereiro.

“No final de fevereiro de 2023, o montante total de empréstimos para habitação era de 99,8 mil milhões de euros, menos 0,2 mil milhões de euros do que no final de janeiro”, revela o regulador português na nota publicada esta segunda-feira, dia 27 de março. Esta é a segunda queda consecutiva do montante total de crédito habitação: em janeiro de 2023 o BdP deu conta que este valor total havia descido 0,3% face ao apurado em dezembro de 2022.

O regulador liderado por Mário Centeno dá ainda conta que “a concessão destes empréstimos desacelerou pelo sétimo mês consecutivo: a taxa de variação anual passou de 4,8% em julho de 2022 para 2,5% em fevereiro de 2023”. Em janeiro, a variação anual foi de 3,1%.

A queda do montante total de créditos habitação acaba por ser um dos efeitos do atual contexto económico e financeiro, marcado pela subida a pique das taxas de juros e ainda pelo aperto dos critérios de concessão de empréstimos (ainda que ligeiro). Como se não chegasse, a falência de dois bancos nos EUA e as complicações no Credit Suisse, na Europa, vieram trazer ainda mais instabilidade para a banca, muito embora as autoridades norte-americanas e europeias tenham agido rapidamente para assegurar o funcionamento e a confiança nos mercados. Ainda assim, a incerteza continua elevada, de tal forma que o FMI sublinhou a “necessidade de uma vigilância contínua”.

Certificados de aforro são refúgio para as poupanças

Não esquecer que as subidas das taxas diretoras pelos bancos centrais – que têm agravado os custos dos empréstimos e desorientado o funcionamento dos bancos – têm o objetivo comum de travar a inflação que insiste permanecer elevada, continuando a pressionar o poder de compra.

Segundo os dados do BdP, stock de depósitos de particulares nos bancos residentes em Portugal caiu 2,1 mil milhões de euros, totalizando 177,8 mil milhões de euros no final de fevereiro. E no mesmo mês verificou-se que as subscrições líquidas de certificados de aforro aumentaram 2,6 mil milhões de euros. Isto quer dizer que as famílias estão a recorrer a instrumentos financeiros para refugiar as suas poupanças da alta inflação, como é o caso dos certificados de aforro que estão em níveis máximos de rentabilidade e possuem, na sua génese, um baixo risco.

Por outro lado, também há famílias a recorrer aos créditos para fazer face às despesas do dia a dia. “No final de fevereiro de 2023, os empréstimos ao consumo totalizavam 20,6 mil milhões de euros, o que reflete um crescimento de 4,6% relativamente a fevereiro de 2022”, destaca ainda o BdP.

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