Juros atingiram os 4,270% em setembro e representam 59% do valor da prestação da casa, diz INE.
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Juros e prestação da casa a subir
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A evolução crescente das taxas Euribor motivadas pelas decisões do Banco Central Europeu (BCE) está a agravar – e muito – o custo dos créditos habitação em Portugal. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira divulgados revelam que a taxa de juro nos empréstimos da casa subiu para 4,270% setembro, um recorde desde março de 2009. E que a prestação da casa fixou-se em 386 euros, em média, um valor máximo desde o início da série (janeiro de 2009). Agora, só os juros estão a absorver 59% da prestação da casa.

“A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 4,270% em setembro, o valor mais elevado desde março de 2009, traduzindo uma subida de 18,1 pontos base (p.b.) face a agosto (4,089%)”, destaca o INE no boletim publicado esta sexta-feira, dia 20 de outubro.

E revela ainda que para o destino de financiamento aquisição de habitação – “o mais relevante no conjunto do crédito à habitação” -, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 4,247% (+18,0 p.b. face a agosto).

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Prestação da casa sobe 42% num ano - juros representam quase 60% do total

Também a prestação da casa muito tem subido, impulsionada pelo aumento dos juros mês após mês. Até porque a grande maioria dos créditos habitação em vigor em Portugal continua a ser de taxa variável e indexada à Euribor, sentido mais estes aumentos – muito embora, agora, o mercado assista a uma mudança nos novos créditos para a taxa mista.

Em concreto, a prestação da casa média fixou-se em 386 euros em setembro, “o valor máximo desde o início da série (janeiro de 2009)”. Face a agosto de 2022, a prestação subiu 7 euros. E comparando com o mesmo período do ano passado, a prestação da casa aumentou 41,9% (+114 euros).

Em setembro, a maioria do valor da prestação média servia para pagar juros, tal como revela o INE:

  • Juros: representam 226 euros (59% do total);
  • Capital amortizado: 160 euros (41%).

Importa recordar que este cenário contrasta com o observado há um ano (em setembro de 2022), quando a componente de juros representava apenas 21% do valor médio da prestação (272 euros).

Com os juros a pesarem mais nas prestações da casa e os preços das habitações em alta, o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu 222 euros em setembro face ao mês anterior, fixando-se em 63.962 euros.

Juros e prestações da casa estão mais elevados nos contratos mais recentes

Olhando para os contratos celebrados nos últimos três meses, verifica-se que tanto a taxa de juro, como a prestação da casa são bem superiores face ao universo total dos contratos. E o montante médio em dívida é quase o dobro.

Ora, nos contratos celebrados mais recentes (celebrados nos últimos três meses), a taxa de juro implícita para o conjunto de crédito habitação subiu de 4,331% em agosto para 4,366% em setembro, atingindo o valor mais elevado desde abril de 2012, destaca o instituto. E para aquisição de habitação, a taxa de juro subiu 3,1 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 4,351%.

Também a prestação da casa está mais elevada. “Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação subiu 5 euros face ao mês anterior, para 628 euros em setembro (aumento de 33,3% face ao mesmo mês do ano anterior)”, referiu ainda o INE.

Além disso, o montante médio em dívida foi 123.392 euros em setembro, mais 428 euros que em agosto. Isto quer dizer que o valor médio da dívida dos contratos mais recentes é quase o dobro face à totalidade dos contratos de crédito habitação.

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