Geração nascida entre 1977 e 1986 que registou a maior percentagem de jovens proprietários com um empréstimo da casa, diz BdP.
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Jovens a comprar casa em Portugal
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As condições de acesso ao crédito habitação melhoraram na segunda metade dos anos 80, dadas as baixas taxas de juro e a implementação de políticas de incentivo à compra de casa com financiamento bancário. Esta melhoria no acesso aos empréstimos da casa beneficiou sobretudo a geração de 1977 e 1986 que registou a maior percentagem de proprietários jovens com crédito habitação. Mas o mesmo não se verifica na geração seguinte: a percentagem de jovens nascidos entre 1987 e 1996 com empréstimo habitação caiu.

Há cerca de 40 anos, começaram a sentir-se no nosso país “alterações importantes que facilitaram o acesso ao crédito por parte de muitas famílias”, começa por destacar o Banco de Portugal (BdP) nesta nota publicada na semana passada:

  • houve a liberalização do sistema financeiro;
  • a descida acentuada das taxas de juro para os níveis da área do euro;
  • a implementação de políticas de incentivo à aquisição de habitação com recurso a crédito bancário, por exemplo, através de crédito bonificado.

A melhoria do acesso ao crédito habitação nos anos 80 “beneficiou, sobretudo, as gerações nascidas após 1966 (e que atingiram os 25 anos depois de 1990)”. Os dados do BdP mostram que quase 70% dos proprietários nascidos entre 1967 e 1976 contraiu um empréstimo habitação enquanto jovem (entre os 25 e 34 anos). Mas foi mesmo a geração nascida entre 1977 e 1986 que registou a maior percentagem de proprietários com um empréstimo da casa na classe etária entre os 25 e 34 anos – mais de 80%.

“De acordo com os dados dos Censos, 14% das famílias proprietárias da habitação tinham um empréstimo para a compra da casa em 1981. Esta percentagem mais do que duplicou até 2001 e atingiu um máximo de 43% em 2011”, destaca a mesma publicação.

Acontece que o boom de jovens proprietários com crédito habitação caiu na geração seguinte: cerca de 70% dos proprietários nascidos entre 1987 e 1996 contraíram empréstimos para comprar casa entre os 25 e 34 anos (terão adquirido casa desde 2012). Isto pode dever-se ao facto de “a percentagem de proprietários jovens ter-se reduzido significativamente nas gerações mais recentes”, seja pelos baixos salários, pela instabilidade laboral ou até pelos elevados preços das casas que foram agravados, sobretudo, desde 2015.

"As famílias mais jovens foram particularmente afetadas pelo aumento da taxa de desemprego no período 2000-2014, em resultado do fraco crescimento económico do início da década de 2000 e da crise de dívida soberana. Neste período subiu muito a percentagem de arrendatários nas classes mais jovens, enquanto nas idades mais avançadas se continuou a reduzir", refere o BdP.

Acesso ao crédito habitação aos jovens
Banco de Portugal

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Jovens donos de habitação própria são menos do que em gerações anteriores

O estudo “Habitação em Portugal nos últimos 40 anos", incluído no Boletim Económico de outubro, indica que a percentagem de proprietários de casa entre os 25 a 34 anos na geração que nasceu entre 1977 e 1986 situava-se em 61% e na geração de 1987 a 1996 baixou para 42%.

Refere ainda o estudo que "a percentagem de proprietários com menos de 25 anos reduziu-se para menos de 35% nas gerações nascidas após 1986, o que compara com valores entre 45% e 55% nas gerações nascidas nas três décadas anteriores".

Já geração nascida entre 1967 e 1976 "é aquela em que as famílias se tornaram proprietárias mais cedo, com cerca de 70% das famílias proprietárias entre os 25 e os 34 anos, ou seja, por volta do ano de 2001".

Os 42% de proprietários jovens da geração mais recente (1987-1996) é uma proporção idêntica à de proprietários jovens para os nascidos entre 1947 e 1956 (42%). Já os nascidos entre 1957 e 1966 tinham uma percentagem de proprietários jovens (entre os 25 e 34 anos) de 55%.

Proprietários de casas em Portugal
Banco de Portugal

Quanto a famílias com casa própria, independentemente da idade, em 1981, 57% das famílias residentes em Portugal eram proprietárias da sua residência principal. Em 1991 a taxa era de 65% e em 2001 era de 76%.

O BdP liga o aumento da taxa de proprietários, novamente, à modernização dos mercados financeiros e baixa dos juros e também à falta de um mercado de arrendamento ativo. E sustenta a sua ideia nos dados: a partir de 2001, a percentagem de proprietários reduziu-se ligeiramente (73% em 2011 e 70% em 2021), o que também relaciona com medidas públicas que considera o BdP que dinamizaram o arrendamento, sobretudo a partir de 2011.

*Com Lusa

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