Procura de créditos habitação tem vindo a cair com juros altos. Banca cria campanhas de crédito ao consumo para atrair clientes.
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Crédito habitação a cair
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Apesar de estarem a dar sinais de descida por via da Euribor, os juros nos créditos habitação em Portugal continuam elevados. E este é o principal fator que tem gerado uma diminuição da procura por empréstimo destinados à compra de casa, referiu recentemente o Banco de Portugal (BdP). É neste contexto que a banca tem vindo a adaptar as condições de crédito, reduzindo os spreads nos créditos habitação ou até em dar ofertas a taxa mista mais atrativas. Além disso, os bancos estão a apostar em força nos créditos pessoais, oferecendo, por exemplo, vouchers em troca de cartões de crédito, iniciativas que o BdP considera que não aumenta riscos de endividamento.

Os elevados juros nos empréstimos têm contribuído para diminuir a procura por créditos habitação em Portugal, tal como alertou o BdP no mais recente inquérito aos bancos. E também foi registada uma “ligeira diminuição da procura no segmento do consumo” no quarto trimestre de 2023. Os dados publicados na semana passada sobre as novas operações de crédito vieram confirmar este recuo: o montante nos novos créditos habitação caiu 12% entre 2022 e 2023 para 12,8 mil milhões de euros e o valor dos novos créditos ao consumo desceu 1% para 5,1 mil milhões de euros.

Para atrair mais famílias a contratar empréstimos, a banca tem vindo a adaptar a sua oferta. No caso dos créditos habitação, tem vindo a “diminuir ligeiramente” o spread nos créditos de médio risco e a ajustar as ofertas de taxa mista (o tipo de taxa mais contratada atualmente). Já no crédito ao consumo e outros fins, houve um “ligeiro aumento da restritividade associada ao montante do empréstimo”, refere o regulador liderado por Márcio Centeno no mesmo inquérito.

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Como é que a banca está a tornar os créditos ao consumo mais atrativos?

De forma a colmatar esta menor procura por empréstimos, a banca tem tornado os créditos ao consumo mais atrativos. Como? Hoje, as instituições bancárias têm várias campanhas em vigor, oferecendo vouchers em troca de cartões de crédito ou enviando notificações através das aplicações com soluções de crédito pessoal, escreve o Jornal Económico.

Estes são alguns bancos em Portugal que estão a fazer campanhas para promover a contratação de crédito ao consumo, segundo a mesma publicação:

  • Santander: teve uma oferta de cartão de crédito até 30 de janeiro sem comissão de disponibilização em 2024, com a possibilidade de ganhar até 100 euros em vales Fnac;
  • CGD: ao fazer cartão de crédito dá a possibilidade de devolução 1% das despesas em supermercados, farmácias, entre outros, pagas com o cartão de crédito;
  • BCP: está a reverter em cartão de crédito uma parte dos gastos que os clientes poderão ter com bens alimentares. 
  • BPI: tem enviado notificações aos clientes através da sua aplicação móvel a oferecer crédito pessoal, para comprar smartphones, por exemplo.
  • Novo Banco: promove crédito para comprar computadores.

Acontece que estas campanhas para promover a contratação de crédito pessoal, surge num momento em a procura de crédito habitação está a cair. Mas, contactado pelo mesmo meio, o BPI afastou a ideia que esta estratégia sirva para compensar esta tendência. Os outros bancos não comentaram.

O que também salta à vista é que os juros nos créditos ao consumo estão bem elevados, com a taxa máxima dos cartões de crédito a situar-se em 18,6% (um recorde de 8 anos).  Mas, ainda assim, o BdP rejeita que a ideia de que esta prática dos bancos represente um risco para o setor e para as famílias, em termos de aumento de endividamento a altos juros. Isto porque, recorda ao mesmo jornal, que “as instituições estão obrigadas a observar um conjunto de princípios e regras no âmbito da comercialização de produtos de crédito aos consumidores”, garantindo a solvabilidade e o cumprimento da taxa de esforço máxima de 50%.

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