As famílias em Portugal, especialmente as mais jovens, deverão continuar a aproveitar as condições favoráveis de crédito habitação, pelo menos, até ao final de 2025. É isso mesmo que antecipa o Banco de Portugal (BdP) e os especialistas de mercado, numa altura em que, ao que tudo indica, a Euribor continuará estável em torno de 2% e se perspetivam pequenas reduções para 2026.
A procura de crédito habitação tem seguido a bom ritmo em Portugal no verão de 2025, apesar de os preços das casas estarem a registar subidas históricas. Os dados mais recentes do BdP revelam que o stock de empréstimos para habitação totalizou 108,1 mil milhões de euros no final de setembro, tratando-se de um crescimento anual de 8,9%.
Mas o que justifica esta subida da procura de crédito habitação? O Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito de outubro 2025 revela que houve um “contributo ligeiro do nível geral das taxas de juro e do regime regulamentar e fiscal do mercado da habitação para o aumento da procura, embora sem impacto agregado”. Em destaque está a isenção de IMT e a garantia pública, medidas que têm vindo a impulsionar a contratação de novos empréstimos para a compra de casa própria e permanente pelos jovens até aos 35 anos.
Até ao final do ano, o BdP admite que haja ainda um “ligeiro aumento da procura [de crédito] para habitação”, até porque estes incentivos para os jovens vão continuar. Mas não ficamos por aqui. Os critérios de concessão de empréstimos da casa, que se tornaram menos restritivos no verão de 2025 perante a concorrência entre bancos, também deverão continuar leves, refere no documento.
“O excelente cumprimento no pagamento das carteiras de crédito habitação nos últimos anos e a forte concorrência entre os bancos, ajudam a garantir taxas de juro baixas, em torno de 2%. Isso é, sem dúvida, uma boa notícia para quem procura um empréstimo, seja para comprar casa, seja para trocar de banco”, resume Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.
Euribor a estabilizar em torno de 2% - mas com oscilações para cima
A evolução das taxas de juro no curto prazo é outro fator que pesa na decisão de quem vai comprar casa com financiamento bancário. Aqui entra a Euribor para compreender melhor as flutuações das taxas variáveis e mistas, que representam a maioria dos contratos em Portugal (novos e existentes). De notar que as taxas mistas fixam os juros no início do contrato, seguido de um período variável indexado à Euribor.
As previsões dos especialistas apontam para uma fase de estabilização da Euribor em torno de 2%, que poderá durar vários meses. Mas esta estagnação vem com oscilações. Nos últimos meses, têm-se assistido a ligeiros aumentos do indexante. E em outubro deverá haver uma nova subida, com a Euribor a 12 meses a registar uma média provisória de 2,187%, que compara com os 2,172% registados no mês anterior.
Embora este seja o nível mais elevado registado desde abril passado, a Euribor a 12 meses ainda permanece meio ponto percentual abaixo do nível registado há um ano (quando se aproximava dos 2,7%), o que significa que haverá revisões em baixa das prestações da casa nos contratos existentes. Já para os novos contratos, as prestações serão ligeiramente maiores do que as calculadas para os meses anteriores.
Isto acontece porque a Euribor absorveu rapidamente as reduções dos juros do Banco Central Europeu (BCE) e, agora, está a reagir às sucessivas pausas das taxas diretoras – a terceira foi decidida esta quinta-feira, dia 30 de outubro. “Num contexto de política monetária estável, a Euribor a 12 meses não deverá sofrer grandes oscilações no futuro próximo e deverá fechar o ano em torno de 2,1%”, antecipa Diego Barnuevo, analista de mercado da Ebury.
“A Euribor antecipou os cortes de juros do BCE durante o ciclo de flexibilização monetária e agora reflete o facto de estarmos em uma fase de estabilização. Na prática, isso significa que veremos pouca oscilação nos próximos meses: o indexante poderá apresentar flutuações, mas sem uma clara tendência de queda, desde que o BCE mantenha sua política monetária inalterada”, explica Francisco Rodríguez, diretor de Estudos Financeiros da espanhola Funcas. Na sua visão, a Euribor deverá fechar o ano numa média de 2,07%, caindo para 1,9% em 2026.
O Governo português antecipa que a Euribor a 3 meses cairá para 2,0% em 2026, depois de se fixar em 2,1% este ano, lê-se no relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2026 (OE2026). Também o Conselho de Finanças Públicas projeta que a Euribor a 3 meses deverá cair para 1,9% em 2026, antecipando ainda que termine 2025 em 2,2%.
Prestações da casa com baixo alívio em 2026
Caso se verifiquem ligeiras descidas da Euribor ao longo de 2026, assim ficam as prestações da casa para novos empréstimos habitação a taxa variável com Euribor a 6 meses de 150.000 euros (com spread de 0,7% e prazo de 30 anos), tal como revelam as simulações preparadas pelo idealista/créditohabitação:
- se a Euribor a 6 meses cair dos atuais 2,102% (média mensal de setembro) para 2,00% significa que as prestações mensais vão descer de 616 euros para 608 euros (menos oito euros);
- se a Euribor a 6 meses descer para 1,95%, as prestações da casa serão de 604 euros, uma redução de 12 euros face a quem contratou o crédito em outubro de 2025 (que usa a taxa média mensal de setembro).
No caso dos novos créditos habitação, a escolha do indexante revela-se importante neste contexto, porque quem optar pela Euribor a 3 ou a 6 meses vai ver as prestações da casa ajustadas mais rapidamente às variações do mercado, embora tudo indique que estas mexidas sejam pequenas. Já a Euribor a 12 meses garante prestações estáveis durante um ano inteiro.
Para ter ainda maior previsibilidade no orçamento, a maioria das famílias em Portugal tem optado mesmo por taxas mistas, que fixam os juros no período inicial do contrato seguido de um período variável.
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