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Pedro Queiroz Pereira (PQP) fez fortuna no negócio dos cimentos e foi um dos impulsionadores do setor da pasta de papel, tendo construído uma fortuna que vale mais de mil milhões de euros. O quinto homem mais rico de Portugal, segundo a Forbes, morreu sábado (18 de agosto) à noite, aos 69 anos, no interior do seu iate de luxo, que estava atracado no porto de Ibiza, após um alegado ataque cardíaco. As autoridades espanholas estão a investigar o caso. 

A investigação deverá, de resto, atrasar a trasladação do corpo do empresário para Portugal. Segundo o Expresso, que cita fontes judiciais espanholas, a autópsia irá realizar-se esta segunda-feira (20 de agosto) no Instituto de Medicina Legal de Ibiza.

O empresário era presidente do conselho de administração das papeleiras Semapa e Navigator (ex-Portucel) e dono da cimenteira Secil, tendo ainda como ativos o Hotel Ritz. No ranking publicado em julho pela revista Forbes, PQP aparecia na quinta posição, com uma fortuna avaliada em 1.129 milhões de euros. Já segundo a revista Exame era detentor de uma fortuna avaliada em 779 milhões de euros (em conjunto com a mãe), o que fazia dele o sétimo mais rico de Portugal.

De acordo com o Público, a sucessão e a herança estão fechadas, já que o controlo da Semapa foi assegurado por PQP após a guerra com o GES, que acabou no outono de 2013. O empresário e as três filhas, Mafalda, Filipa e Lua, dominam mais de 50% da Semapa, detendo a mãe de PQP, de 96 anos, uma posição acionista relevante na parte remanescente.

De referir que uma das últimas guerras que o empresário travou foi com Ricardo Salgado: envolveu a irmã Maude Queiroz Pereira e culminou com uma separação de ativos dentro da família e o fim das participações cruzadas entre as famílias Queiroz Pereira e Espírito Santo. PQP suspeitava que o grupo GES estaria indiretamente, através de uma participada, a tentar uma tomada hostil da Sodim, a holding da família Queiroz Pereira que controlava a Semapa e a Portucel, escreve o ECO.

Uma guerra na qual saiu a perder o banqueiro, tendo PQP garantido dentro da família, o controlo dos ativos mais valiosos. O empresário conhecia por dentro o GES e reuniu um dossier com informação sobre empresas do universo Espírito Santo que entregou ao Banco de Portugal, em setembro de 2013. Terá sido o primeiro a expor, nos bastidores e publicamente, as ligações perigosas existentes no universo GES e alegadas irregularidades, ajudando a desmascarar e a derrubar um império com quase 150 anos.

Uma curiosidade: antes de ser um empresário reconhecido, PQP participou em várias corridas de automóveis, tendo inclusive tornado-se amigo do piloto brasileiro Ayrton Senna, quando rumou ao Brasil depois do 25 de Abril, à semelhança de muitos herdeiros dos grandes industriais cujas empresas foram nacionalizadas, escreve o Dinheiro Vivo.

Apesar de ter nascido numa das famílias mais ricas do período anterior à Revolução dos Cravos – o pai foi um dos dez empresários desafiados por Salazar a construírem o primeiro hotel de luxo em Lisboa (Ritz) –, não recebeu formação para gerir, refere a publicação.

Ainda no que diz respeito ao setor hoteleiro, importa recordar um artigo que remonta a setembro de 2015, no qual escrevemos que PQP tinha recebido várias propostas para aquisição dos dois hotéis que integravam a carteira de negócios do seu grupo empresarial, o Hotel Ritz, em Lisboa, e o Hotel Villa Magna, em Madrid. Em cima da mesa estaria uma proposta no valor de 190 milhões de euros. Confirmou-se, meses depois, a venda do hotel de Madrid aos turcos do Dogus Group.

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