
O setor do alojamento turístico pode ajudar a identificar oportunidades de alojamento temporário para refugiados da Ucrânia que estão a chegar a Portugal, bem como oportunidades de emprego, revelou a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques. Portugal já concedeu mais de 10.000 pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da situação de guerra, segundo uma fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Em declarações à Lusa, Rita Marques disse que “o alojamento e o setor do turismo tem sido muito generoso” com os refugiados que chegam da Ucrânia, à semelhança do que aconteceu noutras circunstâncias, como por exemplo durante a pandemia da Covid-19. “Esperemos que agora também possamos ajudar a identificar oportunidades de alojamento, para que, de uma forma temporária, naturalmente, possamos acolher todos aqueles [refugiados da Ucrânia] que vamos receber por estes dias”, referiu.
A secretária de Estado adiantou que está a ser desenvolvido um programa de formação, em colaboração com os municípios, que “estão na linha da frente” a receber os refugiados de guerra, “sejam ucranianos ou não”, para que possam ocupar vagas de emprego no setor, que enfrenta um problema de falta de mão de obra.
“Perdemos uma parte considerável do nosso capital humano durante estes dois anos de pandemia e temos agora, necessariamente, que recuperar esse capital humano”, sublinhou Rita Marques.

Acordo de mobilidade com países da CPLP
Para colmatar esta falta de profissionais, foi celebrado recentemente um acordo de mobilidade com os nove países que fazem parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que visa criar condições para acolher trabalhadores, “temporariamente, ou em períodos mais dilatados no tempo”, explicou a governante.
“Temos também desenvolvido outros esforços com outros mercados e posso dar nota, por exemplo, o mercado marroquino, ou mesmo o indiano, tentando fazer exatamente esse mesmo caminho que fizemos no CPLP, sempre não descurando as competências que esses trabalhadores devem ter para servir no setor do turismo”, referiu a secretária de Estado.
Setor do turismo em debate
Esta quinta-feira (17 de março de 2022) terá lugar uma reunião de ministros do Turismo da União Europeia (UE), em Dijon (Espanha), no âmbito da presidência francesa do Conselho da UE, na qual Rita Marques vai participar.
Segundo a governante, será discutida a nova agenda para o setor do turismo, que identifica 27 medidas que cada Estado-membro deverá analisar e transpor para o seu contexto, onde se incluem temas como um turismo mais responsável e inclusivo.
Adicionalmente, a pandemia fará também parte dos trabalhos, no que diz respeito a harmonização das regras de viagem entre os vários Estados-membros, ainda que, apontou a governante, uma série de países tenha vindo já a “aligeirar e a restringir menos a mobilidade internacional”.
Por fim, “há um terceiro tema que é inevitável, tendo em conta os tempos que correm, que tem a ver justamente com o impacto que o conflito a leste da Europa pode ter a curto, médio e longo prazo no setor”, destacou Rita Marques.
Para a secretária de Estado, este é também um tempo de reflexão, para “todos os Estados-Membros avaliarem de que forma é que podem ajudar” as empresas e os trabalhadores, “dando conta de que a Europa continua a ser o destino mais competitivo do mundo no que toca ao turismo, pese embora o conflito armado” na Ucrânia.

Guerra: Portugal concedeu mais de 10.000 pedidos de proteção temporária
De acordo com um balanço atualizado à Lusa por fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Portugal já concedeu mais de 10.000 pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da situação de guerra.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, o SEF aceitou 10.068 pedidos de proteção temporária. Até ao final do dia de segunda-feira tinham sido registados 8.250 pedidos, que a meio do dia 15 de março (terça-feira) já tinham ultrapassado os 9.200.
O Governo português concede proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da situação de guerra.
O SEF tem uma plataforma online, em três línguas diferentes, para pedidos de proteção temporária por residentes ucranianos. A plataforma SEFforUkraine.sef.pt “possibilita a todos os cidadãos ucranianos e seus familiares (agregado familiar), bem como a qualquer cidadão estrangeiro a residir na Ucrânia, fazer online um pedido de proteção temporária de um ano, prorrogável por dois períodos de seis meses”, segundo o SEF.
No decorrer do processo para proteção temporária em Portugal, os cidadãos que dela requeiram têm acesso aos números fiscal, de Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde, pelo que podem beneficiar assim destes serviços e ingressar no mercado de trabalho.
A plataforma contém ainda informação relativa aos demais aspetos de acolhimento e integração de pessoas deslocadas.
*Com Lusa
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