
Tudo indica que o Banco Central Europeu (BCE) vai avançar com a primeira subida da taxa de juro diretora em 11 anos já no próximo mês de julho. E está em cima da mesa um aumento, em concreto, de 0,25 pontos percentuais (p.p). Mas a subida das taxas de juro poderá ser ainda maior, se a inflação aumentar nos próximos meses, avisou Klaas Knot, membro do regulador europeu. Para já a taxa de inflação na Zona Euro (7,4%) manteve-se estável em abril, mas na União Europeia subiu 0,3 p.p. fixando-se nos 8,1% nesse mês, revelam os dados do Eurostat.
Na semana passada, a presidente o BCE, Christine Lagarde, adiantou que o “o primeiro aumento da taxa ocorrerá algum tempo depois do fim das compras líquidas de ativos”, a qual deverá terminar no início do terceiro trimestre, ou seja, em julho, lê-se na nota publicada pelo regulador. E Christine Lagarde sublinhou ainda que esta subida da taxa de juro poderá acontecer “apenas algumas semanas” depois do fim da compra líquida de ativos e que o “processo de normalização será gradual".

Resta agora saber quanto é que o BCE vai subir as taxas de juro, exatamente. O chefe do banco central da Holanda, Klaas Knot, disse que seria “realista” que o primeiro aumento das taxas de juro, de 0,25 p.p., fosse decidido na reunião de política monetária que vai decorrer a 21 de julho de 20222, em Frankfurt.
Mas adiantou já que o BCE não descarta a hipótese de subir ainda mais a taxa de juro diretora se a inflação continuar a escalar: “Se este for o caso, um aumento maior também não deve ser excluído. E nesse caso, um próximo passo lógico seria de (até) 0,5 pontos percentuais”, afirmou Klaas Knot, disse citado pela Reuters e pelo Público. Note-se que a taxa de referência do BCE está nos -0,5%, pelo que um aumento de 0,5% colocá-la-ia nos 0%.
Por sua vez, o governador do Banco de Portugal (BdP), considera que a subida de juros deve ser levada com “ponderação”, defendendo que só deverá acontecer “quando for seguro fazê-lo", declarou Mário Centeno, durante a conferência de apresentação do Boletim Económico de maio.
Como está a evoluir a inflação na Zona Euro e na UE?
Esta opção é colocada em cima da mesa pelo regulador europeu, porque a inflação tem dado sinais de subida na Europa, uma evolução que se agravou com a guerra na Ucrânia. Embora a inflação tenha permanecido estável na Zona Euro fixando-se nos 7,4% em abril, a média da UE tem vindo a crescer, tendo chegado aos 8,1% o mês passado, de acordo com os dados confirmados pelo Eurostat esta quarta-feira, dia 18 de maio de 2022.
Isto acontece porque a inflação continua a subir e a atingir as economias europeias, como é o caso de Portugal que passou da cauda da europa a igualar a média da Zona Euro – ou seja, 7,4% em abril. O gabinete de estatística europeu confirmou que o caso mais grave é mesmo o da Estónia que viu a inflação subir 19,1%, seguido da Lituânia (16,6%).

E porque sobe a inflação na Zona Euro? Sobretudo devido a subida dos preços dos produtos energéticos (+3,7 p.p.), seguido dos serviços (+1,38 p.p.), alimentação, álcool e tabaco (+1,37 p.p) e bens industriais não energéticos (-1.02 p.p), lê-se no documento.
"Como a inflação provavelmente vai estar alta durante algum tempo, as ações que demonstrem o nosso compromisso com a estabilidade de preços serão fundamentais para ancorar as expectativas da inflação e conter os efeitos de segunda ordem. Isso ajudará a garantir que a inflação volte aos 2% assim que os vários choques da oferta já tiverem passado", explicou ainda Christine Lagarde a semana passada.
Fed já está a subir juros nos EUA e pode aplicar medidas mais agressivas
Nos EUA, já há medidas a serem tomadas para travar a fundo a inflação, que deu o salto para 8,5% em março (+0,6 pontos face ao mês anterior), de acordo com os dados recentemente divulgados pela OCDE. A Reserva Federal (Fed) anunciou no início de maio uma subida das taxas de juro em 50 pontos base, colocando-a entre os 0,75% e 1%. E este foi mesmo o maior aumento da taxa de juro diretora do EUA desde o ano 2000.

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