Governador do banco central alemão avisa que os juros terão de subir “de forma significativa” para travar a inflação na Zona Euro.
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Subida dos juros pelo BCE
Christine Lagarde, presidente do BCE Getty images

O Banco Central Europeu (BCE) vai voltar a subir, em março, as taxas de juro diretoras em 50 pontos base, elevando a taxa de refinanciamento para os 3,5%. E Christine Lagarde, presidente do regulador europeu, declarou esta quarta-feira que os aumentos das taxas de juro para conter a inflação devem continuar, embora não tenha adiantado as dimensões dos novos aumentos. Já Joachim Nagel, governador do banco central alemão, avisa que os juros terão de subir “de forma significativa” para controlar a inflação na Zona Euro.

Segundo as atas da reunião de 2 de fevereiro, publicadas esta quinta-feira, dia 2 de março, o Conselho do BCE considerou que era necessário comunicar em fevereiro a intenção de aumentar de novo as taxas em 50 pontos na reunião de março e avaliar depois o ritmo a que continuarão os aumentos. A ideia do regulador europeu é que as taxas de juro "entrem em território restritivo" para atenuar a atividade económica e travar a inflação.

Esta quinta-feira, Christine Lagarde declarou ainda que os aumentos das taxas de juro para conter a inflação podem continuar depois da subida prevista para a próxima reunião de política monetária agendada para dia 16 de março. "Nesta fase, é possível que continuemos no mesmo caminho", disse a presidente do BCE, em declarações ao canal de televisão espanhol Antena 3.

Qual será a dimensão das novas subidas dos juros?

A presidente do BCE não avançou, contudo, qual será a dimensão de possíveis aumentos dos juros a adotar depois da reunião de março. E considerou que "é impossível dizer" até onde as taxas devem aumentar, explicando que as decisões são tomadas "em função dos dados" disponíveis nas próximas reuniões, explicou ainda Christine Lagarde na mesma entrevista.

Já Joachim Nagel, governador do banco central alemão e membro do Conselho do BCE, não tem dúvidas que “deverão ser necessários mais aumentos significativos” dos juros diretores depois do aumento anunciado para março, disse num discurso público citado pela Reuters. E rejeita, para já, a hipótese de haver descidas dos juros nos próximos meses, uma vez que a inflação continua demasiado elevada (embora já tenha dado sinais de descida nos últimos meses).

“O aumento da taxa de juro de março, que já foi pré-anunciado, não será o último”, disse o governador do banco central alemão

Desde julho de 2022, as taxas de BCE registaram sucessivas subidas e a principal taxa diretora está atualmente em 3%, numa altura em que a inflação ultrapassa largamente a taxa de 2% a médio prazo, fixada como meta pela instituição.

A taxa de inflação na Zona Euro recuou em fevereiro para 8,5%, quando em janeiro estava em 8,6%, indicou o Eurostat esta quinta-feira. Mas a descida foi menos acentuada do que o previsto, devido aos preços elevados dos produtos alimentares.

Os mercados antecipam que o BCE aumente a sua taxa de depósitos, que serve de referência, para 4%, quando o nível atual é de 2,5%. Sobre este ponto, Christine Lagarde limitou-se a afirmar que quer que os custos do crédito alcancem "níveis que limitem a atividade económica" e que permaneçam assim até a inflação atingir o objetivo definido. Ou seja, as taxas de juro têm de subir e, depois, continuar elevadas até que a inflação desça para valores próximos do objetivo de 2% e haja perspetivas de que continue neste patamar no longo prazo.

*Com Lusa

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