
O número de pessoas que opta por fazer testamentos para dar destino aos seus bens tem vindo a aumentar em Portugal. Em 2022, foram feitos 28.336 testamentos públicos na rede de 472 cartórios do país, mais 8,6% que no ano anterior. É, de resto, o número mais elevado da última década, ou seja, desde 2012.
Segundo o Expresso, que se apoia em dados da Ordem dos Notários (ON), a maior parte dos testamentos feitos são relativos a pessoas que querem acautelar que o cônjuge fica com casa de família ou beneficiar quem lhes prestou assistência nos últimos anos de vida. Há, no entanto, testamentos que não chegam a ser executados.
Citado pela publicação, o bastonário da ON refere que a este ritmo, e se considerarmos que as pessoas fazem testamentos nos últimos 30 anos de vida, nem 10% da população tem um. O mais normal é legar o direito de usufruto da casa ao cônjuge, para que os filhos, enteados, sogros ou cunhados não o possam expulsar, adianta Jorge Batista da Silva.
Em Portugal, muito do património acumulado ao longo da vida tem a célula familiar como destino obrigatório. A chamada quota indisponível protege filhos, cônjuges, pais e sogros, apenas podendo o testador dispor livremente de um terço do seu património (genericamente), escreve a publicação. Mas há detalhes a ter em conta: “Se a herança tiver pouco mais que o imóvel como ativo e o viúvo não se der bem com o filho, ou se o falecido não tiver filhos, mas deixar os pais vivos, o cônjuge pode ver-se obrigado a vender a casa para dar tornas aos outros herdeiros. As pessoas acham que é a lei que os protege, mas na verdade é o testamento que os protege”, salienta o bastonário.
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