Taxa de refinanciamento voltou a subir para 4%, a mais alta desde setembro de 2008. Esta é a 8ª subida dos juros no último ano.
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Subida de juros pelo BCE
Christine Lagarde, presidente do BCE Getty images

O caminho da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) está traçado. Uma vez mais, o regulador liderado por Christine Lagarde decidiu subir as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, elevando a taxa de financiamento para os 4%, o nível mais elevado desde 2008. O objetivo do regulador europeu é só um: baixar a inflação na Zona Euro até aos 2%, que em maio se situou nos 6,1%.

Com este foi o novo aumento já antecipado pelos especialistas de mercado, as taxas de juro diretoras registaram uma subida de 400 pontos bases entre julho de 2022 e até junho de 2023. Esta já é considerada a subida mais rápida dos juros diretores desde a sua criação em 1999.

Considerando esta nova subida os juros diretores em 25 pontos base esta quinta-feira anunciada pelo BCE, as três taxas de juro diretoras passam a ser as seguintes a partir de 21 de junho de 2023:

  • Taxa de juro das principais operações de refinanciamento passa de  3,75% para 4,00%;
  • Taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez passa de 4% para 4,25%;
  • Taxa aplicada à facilidade permanente de depósitos passa  3,25% para 3,50%.

A nova restrição da política monetária pretende fazer nova pressão sobre a inflação na Zona Euro, que se fixou em 6,1% em maio (a inflação subjacente fixou-se em 5,3%). Isto porque, tal como tem sublinhado o BCE ao longo das últimas reuniões, o seu objetivo maior passa mesmo por baixar a inflação até aos 2%, o nível em que é assegurada a estabilidade de preços.

"A inflação tem vindo a descer, mas as projeções indicam que permanecerá demasiado elevada durante demasiado tempo. O Conselho do BCE está empenhado em assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%. Por conseguinte, decidiu hoje aumentar as três taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base", lê-se no comunicado divulgado esta quinta-feira pelo regulador europeu.

Sobre o futuro, o Conselho do BCE assume que vai assegurar que "as taxas de juro diretoras do BCE sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos para lograr um retorno atempado da inflação ao objetivo de médio prazo de 2% e sejam mantidas nesses níveis enquanto for necessário".

Inflação subjacente: "Pressões sobre os preços permanecem fortes" 

Por detrás desde novo aumento das taxas de juro diretoras, esta a avaliação do Conselho do BCE às perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária. E, embora a inflação esteja a dar sinais de descida, a inflação subjacente - que exclui preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares - continua a não descer ao ritmo desejado.

Os especialistas do Eurosistema reviram em alta as suas projeções para inflação subjacente, que deverá situar‑se, em média, em 5,4% em 2023, 3,0% em 2024 e 2,2% em 2025.  "Os indicadores das pressões subjacentes sobre os preços permanecem fortes, embora alguns evidenciem sinais preliminares de abrandamento", analisa o BCE na mesma nota. 

Quanto ao crescimento económico, os especialistas do Eurosistema reduziram ligeiramente as suas projeções no presente ano e no próximo, projetando agora que a economia europeia registe um crescimento de 0,9% em 2023, 1,5% em 2024 e 1,6% em 2025.

Ao mesmo tempo, o BCE assume que "os anteriores aumentos das taxas de juro estão a repercutir‑se de forma vigorosa nas condições de financiamento e estão gradualmente a ter impacto no conjunto da economia". Em concreto, "os custos do endividamento subiram de forma acentuada e o crescimento dos empréstimos está a abrandar", sinais de que a política monetária está a arrefecer a procura, o que é  importante para que a inflação desça no sentido desejado.

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