OCDE considera que BCE deve continuar a subir juros. Mas avisa para riscos existentes para o sistema financeiro da Zona Euro.
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Crédito habitação de taxa variável
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O clima macroeconómico na Zona Euro mudou – e muito – com a subida da inflação e o consequente aperto da política monetária pelo Banco Central Europeu (BCE). E há fatores que têm preocupado a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), como é o caso do maior peso dos créditos habitação a taxa variável, mais expostos à subida dos juros, e o aumento das falências das empresas. Para a organização, estes fatores trazem riscos para o sistema financeiro europeu.

Para a OCDE, o BCE deve continuar a apertar a sua política monetária (o que significa que deve voltar a subir os juros diretores). “O BCE continuou a apertar a política monetária, mas são necessários novos aumentos das taxas diretoras para reduzir as pressões inflacionistas que estão a impulsionar a inflação subjacente”, indica a organização num relatório publicado esta quarta-feira, dia 6 de setembro.

“Os riscos para a estabilidade financeira também estão a aumentar. As pressões decorrentes de uma política monetária mais restritiva poderão intensificar-se, especialmente entre os intermediários financeiros não bancários. Uma política monetária muito mais restritiva poderia também aumentar o risco de uma recessão”, alerta a OCDE.

Mas quais são os fatores que estão por detrás destes riscos para a estabilidade do setor financeiro europeu? Segundo da OCDE, tem-se observado uma subida dos novos créditos habitação de taxa variável (passou de 18% em agosto e 2022 para 22% em maio de 2023), cita o Jornal de Negócios.

Entre os vários países, a Finlândia, Lituânia, Estónia, Letónia e Portugal destacam-se por terem maiores percentagens de crédito habitação a taxa variável nos novos contratos. Recorde-se que estes são os créditos indexados à Euribor, sendo, por isso, diretamente influenciados pelas decisões do BCE, estando mais expostos à subida dos juros. Perante este cenário, a OCDE apela a uma monotorização cuidadosa e, se for necessário, passar a restringir ainda o acesso ao crédito habitação, refere o mesmo meio.

Outro ponto que preocupa a OCDE diz respeito ao elevado endividamento das empresas na Zona Euro e a subida do número de falências, que está a incidir nos serviços (sobretudo no alojamento e transportes). “Os níveis elevados de dívida das empresas ameaçam levar a uma onda de falências", avisa a OCDE citada pela mesma publicação.

Também os elevados juros e o menor acesso ao crédito tem elevados os riscos para o imobiliário comercial, que tem "potencial impacto" no sistema financeiro e na economia, alerta a OCDE.

“A continuação do aperto da política monetária deverá ser complementada, conforme necessário, por medidas macroprudenciais, política e a utilização de instrumentos específicos para abordar vulnerabilidades no setor financeiro”, recomenda.

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