País continua, no entanto, a fazer progressos na diminuição do crédito em incumprimento nos bancos, segundo estudo da Prime Yield.
Comentários: 0
Venda de crédito malparado em Portugal
Foto de Vlada Karpovich on Pexels

O mercado de venda de crédito malparado (ou NPL, sigla para a expressão inglesa Non-Performing Loans) deve atingir este ano em Portugal os 1.400 milhões de euros, um valor que representa uma diminuição de 18% face a 2022, segundo o estudo da Prime Yield ”Investing in NPL in Iberia 2023”. O país continua, de resto, a fazer progressos na diminuição do crédito que está em incumprimento no sistema financeiro nacional, apesar do ritmo de redução deste tipo de empréstimos estar mais lento. 

“No ano passado, terão sido transacionados cerca de 1.700 milhões de euros em crédito malparado, caindo para metade face ao ano anterior, quando as transações terão ficado em torno dos 3.500 milhões de euros. O nível de atividade projetado para 2023 supera apenas o do ano 2020, quando foram transacionados pouco menos de 1.000 milhões de euros, refletindo um mercado paralisado devido à pandemia”, refere em comunicado a empresa, que presta serviços de consultoria e avaliação de ativos.

Segundo a Prime Yield, a forte redução do NPL dos últimos anos, com o stock a cair 70% entre meados de 2019 e 2023, tem vindo, por um lado, a reduzir o fluxo de carteiras que mais recentemente surgem no mercado para venda

“Por outro lado, as carteiras que vão surgindo têm dimensões mais pequenas, o que tem sido visível ao longo deste ano, em que a maioria dos negócios já concluídos ou em desenvolvimento incluem portfólios a rondar os 100 a 150 milhões”, adianta a empresa lusa – integra desde 2018 o grupo espanhol Gloval –, destacando que está na calha uma operação de grande dimensão, a venda da Algebra Capital, que abrange uma carteira de malparado na ordem dos 4.200 milhões de euros. Um negócio com “uma escala inédita no mercado português” que “não deverá ser concretizado este ano” e que se reveste de “caraterísticas diferentes dos negócios habitualmente contabilizados”, envolvendo a venda da empresa de gestão e recuperação de créditos e não apenas da carteira de malparado, explica. 

“O mercado de venda de NPL em Portugal tem perdido alguma atratividade no contexto internacional. O facto de a recuperação do crédito malparado estar mais difícil devido à conjuntura económica, os financiamentos para as operações de maior dimensão serem mais limitados e de serem necessários mais recursos para extrair valor dos portfólios adquiridos estão a afastar alguns investidores"
Francisco Virgolino, Managing Director da Prime Yield

Citado na nota, Francisco Virgolino, Managing Director da Prime Yield, considera que “o mercado de venda de NPL em Portugal tem perdido alguma atratividade no contexto internacional”. “O facto de a recuperação do crédito malparado estar mais difícil devido à conjuntura económica, os financiamentos para as operações de maior dimensão serem mais limitados e de serem necessários mais recursos para extrair valor dos portfólios adquiridos estão a afastar alguns investidores”, justifica.

Bancos têm menos crédito malparado que há um ano

Paralelamente, conclui também o estudo da Prime Yield, Portugal continua a fazer progressos na diminuição do crédito que está em incumprimento no sistema financeiro nacional, apesar do ritmo de redução deste tipo de empréstimos estar mais lento. 

No segundo trimestre, os bancos nacionais contabilizavam 6.300 milhões de euros em crédito malparado nos seus balanços, menos 1.200 milhões de euros que no período homólogo. “Deste volume, apenas 17%, equivalente a cerca de 200 milhões de euros, estão concentrados em 2023”, indica a empresa. 

A verdade é que Portugal continua a conseguir reduziu o stock de NPL, ao contrário de outros países europeus, que evidenciam um aumento trimestral do crédito em incumprimento: em Portugal, os 6.300 milhões euros contabilizados no segundo trimestre apresentam uma descida de 2% face ao trimestre anterior (cerca de 140 milhões de euros). “No cômputo da Europa, o volume de NPL no segundo trimestre somou 361.000 milhões de euros, aumentando 1% face ao trimestre anterior, equivalente a mais 3.930 milhões de euros”, conclui a Prime Yield. 

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta