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Um banco falido, uma família dividida, repercussões internacionais, dilemas políticos. O dia em que Salgado e Ricciardi foram ouvidos pelos deputados foi longo. Mais de 16 horas seguidas de dialeto “financês” e uma questão: por que faliu o BES e o seu grupo?

Ricardo Salgado, segundo escreve o Público, entrou no Parlamento por um acesso reservado e na sala usou a porta secundária, que costuma ser de uso restrito para os deputados. Desde as 8h, uma hora antes da audição, já a azáfama se instalara no Parlamento. Não só com os mais de 50 jornalistas, repórteres fotográficos e de imagem que lotaram as inéditas três filas de cadeiras no fundo da sala, minutos depois dessa hora madrugadora. Mas a própria segurança do Parlamento dava sinais pouco comuns de movimento. Quando o ex-presidente do BES circula nos corredores, ninguém (exceto os deputados), pode circular.

Tudo isto concorre para dar a esta audição uma aura de acontecimento histórico. O poder económico submete-se ao escrutínio do poder político, ainda que os fatos digam respeito ao passado, e o poder seja, hoje, mais simbólico que real.

Sabendo disto, o banqueiro deixou uma frase: “Para mim, ‘dono disto tudo’ é o povo português e os senhores deputados são os representantes do povo.” A expressão, que terá começado por ser uma alcunha simpática, posta por zelosos admiradores, acabou por perseguir Salgado. E por ser glosada de várias formas: “responsável disto tudo”, “vítima disto tudo”. Isto tudo, o país.

Mas foi preciso esperar oito horas para que a expressão surgisse, pela voz da deputada Mariana Mortágua, do BE. Salgado estava preparado para o embate. “Essa classificação de ‘dono disto tudo’ é irrisória.”

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